DESPERTA QUANTO? QUANDO? ONDE?
Falando sinceramente?
Posso até “me sentir desperta”, mas... também me sinto enfiada, até a médula, na Matrix.
Estou na frente de um computador que custou uma boa grana, e até ele chegar na minha posse, quantos seres suaram e sofreram?
Uso sandálias de couro animal, de bucha vegetal, de tecido... quantos seres padeceram, até elas chegarem aos meus pés?
Alimento-me do que não produzo... vegetais, legumes, ovos, peixes, frango... o miasma do sofrimento alheio me alimenta/envenena!
Onde está o meu Direito de me colocar diante do Universo e afirmar que estou 100% desperta para o Bem?
Posso encher a pança de alimentos vegetais, mas para que isso seja 100% correto, eu devo plantar, cuidar, colher e transformá-los em alimento, para mim e para os outros.
Posso calçar sandálias de bucha vegetal, mas devo plantar, colher e trabalhar a matéria prima, até que ela esteja pronta para proteger e agasalhar meus pés.
Posso vestir túnica ou kurti para resguardar e aquecer o meu corpo físico, cobrir meu chakra coronário com um hijad... mas devo antes plantar o algodão, cultivá-lo (com tudo que isso significa) colher, descaroçar, fiar e tecer... e ainda assim, precisarei de tesoura e agulha para alcançar o produto final... e esses dois objetos custaram suor, lágrimas e sofrimento de muitos, até chegar às minhas mãos. A lista do que eu, me afirmando desperta, utilizo, é extensa... e depõe contra esse estado de acordada.
Ficaria digitando um bom tempo, tentando explicar o porquê de "apesar de me nominar desperta faço uso de coisas que o 1% determina (por convenção) a utilizar. Que os 4% e 90% plantam, cultivam e fabricam e sem outra alternativa, utilizo, sim.
Mas, isso vale?
Estou desperta?
Qual a desculpa válida?
Não existe!
Não mesmo!