AUSCHWITZ
Era uma noite fria de outono e neblina seca. Oswiecim é uma cidadezinha no sul da Polônia, que parece aqueles vilarejos abandonados por algum deus. Era tarde, estava frio, escuro, e estava estranho. O ônibus que havia saído da Cracóvia parou em frente ao campo de concentração de Auschwitz 1. Peguei minhas malas, desci e me estranhei mais uma vez. Eu estava ali mesmo ou era só fruto das minhas projeções oníricas? Como eu chegaria ao Hostel? A cidade era pequena demais pra pensar em pedir um táxi tarde da noite. Entrei no único hotel que havia nas redondezas. Achei uma alma viva. Viva alma. Saí. Andei pelas ruas que ladeiam o campo. Aquela era a sensação mais estranha que eu poderia experimentar. Como assim eu estava tão perto de um lugar que até então eu só conhecia pelos livros de história? E que sensação atípica de vazio e de estranheza e de angústia, era aquela que me açoitava por dentro? Seguia caminhando enquanto meu olfato captava um odor incomum. Na minha cabeça a neblina se confundia com fumaça e a noite parecia estar em chamas. Não sabia discernir entre o que era real e o que não era. Aquele cheiro de brasa sufocante ainda pairava no ar ou era só fruto da minha imaginação olfativa? Aquela era uma noite fria de outono no sul da Polônia, eu estava em Auschwitz ou Auschwitz estava em mim?