A INSEGURANÇA DA VIDA E A VIDA COM SABEDORIA
Na manhã do dia 18 de março de 2021, lendo algumas informações das que me são sugeridas todo dia pelo celular, eu li uma notícia que reforça e aprofunda a minha compreensão da vida. É sobre um excelente cantor e um ser humano amado por muitos brasileiros. Em março de 2017, ele estava bem, em casa, cantando, foi tomar um banho e teve um AVC. No momento em que escrevo esta reflexão, faz quatro anos que a família sofre e luta pela recuperação desse homem, esposo, pai, ser humano.
Osho falou sobre os mais variados assuntos da vida. Ele nos ajuda a reconhecer a insegurança da vida; não existe segurança para ninguém. Todos estamos inseguros. A vida é insegura, não importa quem seja a pessoa e o que a pessoa tenha. Osho está certo. Estamos todos na insegurança que a vida é. A qualquer momento, todos os planos acabam, evaporam, somem, desaparecem.
O filósofo estoico Sêneca escreveu: "Que bobagem fazer planos para o futuro, quando não sabemos nem do dia seguinte. Que tolice planejar grandes projetos para o futuro. 'Eu comprarei, construirei, farei empréstimos, cobranças, ocuparei cargos importantes. Depois, já idoso e cansado, me entregarei ao ócio.' Creia-me, tudo isso é incerto mesmo para os mais felizes. Ninguém deveria fazer promessas para o futuro. Mesmo o que já possuímos pode nos escapar, e, nessa hora, que pensamos estar bem, um mal pode nos arrasar. O tempo transcorre segundo leis imutáveis, é certo, mas obscuras. E que me importam as certezas da natureza se eu permaneço na incerteza?".
É claro que isso não é um convite à passividade, nem a uma vida medrosa, covarde. É claro que os governantes devem planejar as ações políticas. As escolas devem planejar. Cada professor deve planejar. As famílias devem planejar. Cada pessoa deve planejar o seu dia. Mas até que ponto vão os nossos planos? É tolice acumular bens materiais, orgulho, vaidade, ambição, poder, inveja, desejo de vingança, maldade, pois, a qualquer momento, tudo pode desmoronar.
Sêneca nos diz: "Há tolice maior do que ficar admirado de ver acontecer o que pode ocorrer a qualquer dia? Com certeza, há um limite já fixado para nós pelo destino, mas esse final nenhum de nós sabe enquanto está vivo ou quão próximo está. Preparemos nossa alma, então, como se esse fim estivesse nos atingindo. Não deixemos nada para mais tarde. Acertemos nossas contas com a vida dia após dia". É um sábio convite!
Sêneca nos diz: "O defeito maior da vida é ela não ter nada de completo e acabado, e o fato de sempre deixarmos algo para depois. Aquele que sabe levar sua vida no dia a dia não precisa do tempo. Essa necessidade aparece, bem como o medo do futuro, da fome desse futuro que corrói a alma. Nada é pior do que se indagar a propósito do que está por vir: 'Para onde isso vai me levar? Quanto tempo me resta e como será minha vida?'. É isso que agita uma mente atemorizada".
Esse filósofo antigo nos fala: "Em verdade, só se concentram no futuro aqueles que estão insatisfeitos com o presente". Sêneca faz este convite: "Portanto, trata de viver cada dia como se fosse uma vida inteira. O homem que está assim preparado, aquele que viveu cada dia de sua vida plenamente, está tranquilo. Contudo, quem vive na esperança do amanhã deixa escapar o presente".
Sem fazer mal a ninguém nem a mim mesmo, eu já fiz coisas que a música "Epitáfio", dos Titãs, sabiamente, me convida a fazer. Eu não morrerei arrependindo por não ter tido coragem de ser eu mesmo, de fazer tentativas. Eu não morrerei arrependido por não ter vivido. Eu não morrerei com o arrependimento que Nadine Stair expressou (expressa) no seu brilhante texto "Instantes", quando estava com 85 anos de idade, sem poder voltar atrás, sem poder mais ter a vida que poderia ter vivido. Ela começa o seu brilhante texto assim: "Se eu pudesse viver a minha vida novamente". Com esse texto, ela nos faz o mesmo convite que a brilhante e bela música "Epitáfio", dos Titãs, nos faz. Eu coloco (ou tento colocar) a mensagem das belas e importantes músicas em prática. Eu coloco (ou tento colocar) o bom que leio em prática. Eu não serei um frustrado, um ranzinza, um mal-humorado, um homem infeliz, se o meu Criador preservar a minha saúde. Já sei o que não mais farei, porque já o fiz para aprender por experiência própria, sem fazer mal a ninguém nem a mim mesmo.
Os sábios nos ensinam a viver com sabedoria. Epicuro afirma: "Não deves corromper o bem presente com o desejo daquilo que não tens; antes, deves considerar também que aquilo que agora possuis se encontrava no número dos teus desejos". Eu conquistei o que eu nunca imaginei conquistar. Mas muitas pessoas nunca se saciam. Nunca estão satisfeitas. Não sabem o que é a vida. Epicuro diz: "Nada é suficiente para quem julgar o suficiente demasiadamente pouco". Ele afirma: "Quem menos necessita do dia vindouro recebe-o com maior alegria".
Eu poderia citar outros sábios e escrever mais, mas vou parando por aqui. A vida é bela para mim! Eu sou um homem privilegiado! Eu sou um ser humano privilegiado!