Carona

Tenho saudades de pegar a mochila e poder sair por aí sem rumo. Sem pretensões ou expectativas que limitam a alma. Lembro do tempo em que eu sorria para agradar e assim destilava contra mim mesmo cobranças duras e cheias de mentira. Lembro-me com apreço da estrada percorrida com a certeza de que havíamos encontrado um refúgio pra crueldade deste ordinário mundo longe do atalhos.

Chorei. Troquei a saudade pela sede. A sede do teu cheiro, do teu beijo, do teu corpo. E eu? Através de ti tornei-me morada de sentimentos e emoções jamais previstas no meu mapa astral. Me deixando ser e a duras penas aprendi que proveito é aquilo que mesmo distante de nós se sobrepõe pela singularidade de Ser. E assim, sendo, és um caminho jamais percorrido onde a cada quilômetro em que busco-te nutro-me da mais pura água sem me afogar.

É, talvez, o grande segredo da eterna felicidade seja não deixar secar o copo.

Felipe Paes Monteiro
Enviado por Felipe Paes Monteiro em 13/03/2021
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