É JUSTO COBRAR POR BENZIMENTO?
A pergunta no grupo parecia ser essa, acrescida de que não se pode ensinar, em cursos ou oficinas, a Arte Sagrada do Benzimento.
“É Dom. Já se nasce Escolhido pelas Divindades.”
É verdade, esse modo de pensar?
Sinceramente, não sei. Não faço a mínima ideia se isso é um Dom nato ou um Dom que se aprende estudando. O que sei é que, aprender algo novo é muito bom.
Sou neta de índias cariri (avó materna) e xukuru (avó paterna).
Neta de preto, provavelmente descendente de haitianos (avô materno) e branco, descendente de espanhóis (avô paterno).
A avó paterna vi apenas uma vez, aos 21 anos, quando casei.
A avó materna me "aparou" (era parteira) e me criou até os 4 anos de idade.
O que ela me ensinou, sobre diversas coisas... será publicado em um livro que pretendo lançar em breve.
Venho de uma Linhagem Antiga de Benzedeiras e Benzedores.
Minha avó materna, além de benzedeira era parteira.
Minha mãe, cuidava dos doentes, dos moribundos e dos mortos e me levava com ela... aprendi a ajudar os moribundos a aceitar a morte com serenidade, lendo para eles, enquanto agonizavam, o Ato de Aceitação da Morte (Manual da Ordem Terceira Franciscana).
Hoje, aos 68 anos, passei por duas re-ligiões e duas filosofias de vida, li mais outras tantas e, por incrível que pareça, delas extrai o melhor que me foi passado, o que fez eco no meu aprendizado.
Os ensinamentos que recebi sem pagar por eles, repasso, verbalmente, para minhas filhas e netas. Se alguém quiser aprender, ensino também, informalmente, e nada cobrarei.
É como disse o Mestre "Não se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire; mas ela deve ser colocada sobre um velador, a fim de que ilumine aqueles que estão na casa. (Mateus, 5:15)".
Entretanto, no caso de ensinar formalmente, cobrarei, dependendo, um preço simbólico ou o preço real. Cobrarei, posto que não é justo entregar de graça, se vou gastar dinheiro para imprimir apostilas, e Certificados, providenciar espaço físico com direito ao conforto das acomodações, do alimento e da higiene, se for um espaço aberto. Sendo um espaço fechado, aumenta um pouco mais, por conta da iluminação e ventilação, oriundas da eletricidade.
Hoje sou Reikiana Nível 3A, aguardando a pandemia passar para receber o Certificado do Nível 3B.
Paguei por isso? Paguei sim. Mensalidade “simbólica” ou “arrancando o couro”, mas paguei. Paguei por esse aprendizado e essa classificação, e se for para repassar (ensinar), vou cobrar sim.
Sei que antigamente, havia um desconto para pagamento, de famílias com mais de um aluno na mesma escola.
Esse desconto foi revogado pela Constituição Federal Brasileira de 1988. Estamos nos referindo ao Decreto-Lei nº 3.200 de 1941, em seu art. 24, que determinava o seguinte: “as taxas de matrícula, de exame e quaisquer outras relativas ao ensino, serão cobradas com as seguintes reduções, para as famílias com mais de um filho: para o segundo filho, redução de vinte por cento; para o terceiro, de quarenta por cento; para o quarto e seguintes, de sessenta por cento”.
Então, se for o caso, podemos fazer isso, para amenizar a forma de pagamento, o que revertera em ganho para ambas as partes.
Hoje as pessoas sabem cobrar a caridade, mas esquecem que as outras pessoas, as que repassam conhecimentos, gastam tempo e material, também tem contas para pagar.
Aí a divinização de quem é “escolhido”. Não sei se fui escolhida... apenas sei que sinto a necessidade de ajudar a curar dores do corpo físico e do corpo espiritual, das pessoas... talvez para colocar as minhas dores em algum lugar e esquecê-las... ou para sentir que doem menos.
Entretanto, apesar da necessidade de ajudar, tenho necessidades básicas a serem supridas.
E, falando rasamente, o Conhecimento Empírico ou Mistico é de cada pessoa e ela não tem obrigação nenhuma de acordar outras pessoas. Ela pode sim, dar o exemplo, mas ensinar, dando aulas ou cursos, gratuitos, não.
Quem assim pensa, esquece que, mesmo Jesus, recebia doações das pessoas. Havia, inclusive uma pessoa responsável pela administração do dinheiro que era recebido. Jesus e seus companheiros se alimentavam e pernoitavam na casa de amigos. Ele não tinha uma casa sua, mas inúmeras, de portas abertas, a sua disposição.
Jesus não se preocupava com as coisas materiais, porquanto outras pessoas supriam suas necessidades, pelo Amor que lhe devotavam, e por tabela, supriam seus amigos, também.
A situação de pessoas, iguais a nós, quem suprirá? E, se por acaso o fizer, vai nos cobrar para sempre. Isto posto, não teremos dignidade alguma, seremos mendicantes.
Sinceramente?
Não é isso que desejo e quero, para mim, nem para as pessoas sob minha responsabilidade.
Lá está escrito: “Ganharás o pão de cada dia, com o suor do teu rosto.” Gênesis 3:19.
Então, se você cobrar pelo seu trabalho, não o Ensinamento, mas todo o restante envolvido, qual é a moral de quem descumpre o que está escrito em Mateus 20:1-16?