BEIJA FLOR OU ROLA BOSTA?
Se você almeja o perfume das flores, deveria parar de chafurdar nas fezes!
*Por Antônio F. Bispo
Depois de um tempo estudando para entender melhor o comportamento humano, uma das constatações mais difíceis de admitir, é que a maioria das pessoas gostam de estar em um estado prolongado de torpor e não há nada que você possa fazer para tirá-las de lá a não ser que elas mesmas decidam sair. Se de modo violento e não consensual você tira de suas mãos um tipo de entorpecente, elas darão um jeito de conseguir outro, e mais outro e mais outro...
Entorpecidas, elas fogem da realidade que as cercam, criam bolhas particulares ou coletivas e nessas bolhas vivem, nelas se alimentam e nelas fantasiam ser o que não são. Nesse mundo fantasioso provocado por essa overdose de emoções e sentimentos confusos, elas podem ser quaisquer coisa que desejarem ser.
Entorpecidas elas resolvem de forma imaginária todos os seus problemas reais sem fazer quase nada, apenas projetando nos outros as causas de suas mazelas. De igual modo, elas criam problemas que poderiam ser evitados se fossem capazes de silenciar suas mentes por apenas um instante e sair desse transe frenético, que degenera a construção do caráter e a possibilidade de se tornarem pessoas fortes, emocionalmente equilibradas e socialmente responsáveis.
Entorpecidas elas se tornam policiais do pensamento, da ortografia e da vida alheia mesmo sem que ninguém solicite seus serviços enquanto que suas vidas definham sem que elas notem. Elas Podem resolver problemas sociais complexos de forma simples, apenas louvando os políticos que estimam e satanizando os que odeiam.
Em suas redes sociais elas podem ser conservadoras, patriotas, socialistas, defensoras de minorias ou apenas alguém que daria a vida por qualquer mito fabricado, quando na verdade, em suas vidas reais são e fazem justamente o oposto do que pregam.
De modo geral, as pessoas andam procurando algo para ficarem inflamadas. Algo que lhes façam despertar os piores sentimentos que alguém possa produzir, a exemplo da ira, inveja, ganancia, soberba, avareza, o desprezo por “inferiores”. Até mesmo o desejo de exterminar (literalmente) os que não compactuam com sua bolha podem estar ocultamente inserido nesta lista de prioridade desse tipo de embriagado.
Entorpecidas elas são capazes de cometer atos nazistas, fascistas e extremistas de todos os tipos enquanto pagam de fada sensatas, para depois, quando enquadradas por seus delitos, “desdizem” tudo o que disseram, choram, afirmam que foi um momento de fúria e que serão pessoas melhores dali em diante. São apenas pessoas más em desconstrução-elas dizem.
Isso pode não ser verdade.
Notem que alguém pode continuar sendo a mesma pessoa, continuar fazendo as mesmas coisas (besteiras) e mesmo assim ter o seu retrato pintado de uma outra forma (melhor ou pior) ao declarar filiação (ou desapego) a um novo partido, igreja ou ideologia passageira. Nestes casos a pessoa não precisa mudar nada, apenas “trocou de roupa” e todos os seus algozes e aliados também mudaram automaticamente! Só precisou mudar de afinidade sem precisar mudar o caráter.
Notem que as igrejas evangélicas que mais crescem hoje em dia são justamente as que nada de proveitoso ensinam aos seus filiados, antes sim faz com que eles acreditem que o diabo, os iluminatis, a maçonaria os ateus e as pessoas de outras religiões, são as causas dos problemas no mundo todo, e que se todos fossem como eles, pensando como elas e servindo ao “deus certo e da forma certa” como elas, o mundo seria perfeito.
Igrejas que são capazes de transformar sua estrutura social em picadeiro de circo e fazer todo mundo de palhaço são as que mais prosperam. O público que lotam essas igrejas gostam disso e pagam por isso, pois e se isso lhes faltar, elas inventam outra fórmula que as façam “viajar” de alguma forma.
Fazem os tais acreditarem que barganhando com deus (apostando) por meio de dízimos, ofertas e doações diversas, terão os seu problemas resolvidos e irão ter um padrão de vida superior aos “infiéis”. Essas igrejas ofertam justamente o que o cliente deseja consumir e quando a mercadoria não funciona, é só dizer que o cliente não teve fé o bastante para ativar esse mecanismo mágico chamado “mão de deus”. Os frequentadores desses locais precisam de algo para odiar e essas igrejas lhes dão. Precisam de algo para corromper e elas também as ofertam.
Boa parte das programações televisivas, dos canais de you tube e dos movimentos que “defendem as minorias” se comportam de igual modo. Eles são o que são e ofertam o que ofertam por causa da procura.
Nem sempre é a leia da oferta quem regula o mercado. Em muitos casos a lei da procura fala mais alto, e os que visam nisso uma oportunidade de lucro ou ascensão social se dispõem a satisfazer essa necessidade. Podem pagar de salvadores quando na verdade são os próprios vilões que tanto amaldiçoam e as pessoas fingem que não notam, pois os lhes dão um motivo de existir: o ódio!
Notaram que o feminismo moderno ganha notoriedade e adeptos por explorar justamente o ódio dos seus militantes? Odiosas e odiando elas se tornam irracionais, lutando justamente contra aquilo que dizem defender: uma sociedade mais igualitária entre homens e mulheres. O movimento não é ruim e nem desnecessário, a força motriz do movimento é que faz desvirtuar o próprio movimento.
Notaram que os que defendem o socialismo, ou seja a divisão de recursos à todos de forma igualitária não estão dispostos a dividir o seu próprio patrimônio? Antes sim, se puderem irão explorar máximo os recursos dos outros dando-lhes em troca migalhas ou apenas vãs esperanças de dias melhores.
Não seria esse o lado negro do capitalismo? Não importa!
Um entorpecido não enxerga isso, apenas compra a ideia e aceita direcionar o ódio para o objeto que os seus líderes apontam. De modo geral as pessoas sentem-se poderosas quando odeiam. A química que corre em suas veias faz com que elas se achem donas do mundo, com direito de reger e punir a quem desejar ou a quem ficar em seus caminhos.
Lembram-se da “Pessoa com P” que recentemente saiu do Big Brother Brasil? Pois é: apesar de muita gente achar que tudo aquilo era real, o roteiro que aquela moça seguia dentro da casa fora justamente criado para alimentar pessoas com esse tipo de fome. Fome de torpor e sede de justiça.
Não uma justiça social, que faria corrigir algo que beneficiaria a todos, mas uma sede de justiça segundo os próprios padrões de pensamento de um entorpecido, que coa um mosquito mas engolem um camelo.
Uma justiça que defenda uma “luta social ou de classe”, segregando enquanto jura trazer igualdade, servindo de distração para desviar a atenção daqueles que nos governam, para que os tais possam cometer verdadeiras injustiças de modo aberto sem que sejam notados, já que os “guardiões da verdade” estão reunidos em uma só causa nacional, lutando para defender a moral de atores que contracenam no teatro das alucinações desejáveis.
Tudo fazia crer que aquela moça era a causa de todos os problemas do mundo. Do mundo antigo, do mundo moderno e do mundo futurista.
Tudo fazia crer que ao colocá-la em um paredão ela seria julgada pelos seus crimes, e ao eliminá-la daquela casa algo grandioso ocorreria do lado fora, no mundo inteiro, fazendo com que a linha do tempo da evolução humana fosse corrigida e à partir de então, nossa espécie viveria com nos encartes ilustrativos que os testemunhas de Jeová distribuem.
Parecia que à partir de sua saída da casa passaríamos a viver em plena harmonia com o mundo e a natureza, correndo ao lado de cordeirinhos e dormindo ao lado de leões ferozes. Parecia até que com sua expulsão, o covid 19 também seria expulso do planeta e essa pandemia mundial seria extinguida automaticamente e entraríamos numa nova era.
Mas não! O mundo continua o mesmo! As pessoas também!
Tudo está do jeito como sempre esteve e tudo vai permanecer assim até que cada um examine-se a si mesmo e identifique a fonte de suas excitações.
Se elas provém da desgraça, do sofrimento alheio ou de um ódio orientado ou se elas são extraídas de outras fontes mais saudáveis. Fazendo assim, possa ser que o planeta inteiro não mude, mas você como indivíduo mudará.
Ainda que o exterior pareça ser o mesmo, o interior com certeza será outro. Não esse tipo de mudança que te faça arrotar santidade, autoridade e superioridade em relação a tudo e todos, mas uma mudança que te faça enxergar em um mesmo plano, uma infinidade de resultados futuros baseados em suas escolhas do presente. Um mundo sem que seja preciso terceirizar suas responsabilidades e nem tão pouco assumir culpas que não lhe dizem respeito.
De posse dessa nova ferramenta (sua sanidade), se você não conseguir ter o emprego, a casa ou carro dos seus sonhos, pelo menos você não vai se sentir inferior a quem já o fez.
Se você ainda não conseguiu o “boy” ou a “mina” turbinada que tanto deseja e não consegue por não ter grana suficiente para “comprar tais mercadorias”, você não se sentirá um fracassado e poderá ver qualidades que nunca tinha visto em pessoas que realmente te amam e te aceita do jeito que tu és!
Se você também não possui dinheiro o bastante para turbinar o seu próprio corpo com o mero intuito de ser “o tesão” de todos, você perceberá que mesmo não sendo sarado ou ostentando uma vida de luxo, você poderá ser tão ou mais feliz do que os que se apresentam como se fossem mercadorias no “grande vilarejo dos entorpecidos”.
Vai notar que a felicidade pode estar mais perto do que se imagina. Você poderá perceber que em certo casos é possível ser completo mesmo sem ter encontrado sua outra metade. Basta você mesmo se encontrar e parar de correr feito burros, com cenouras amarradas à ponta de suas cabeças.
No passado os judeus inventaram Azazel, um bode que servia como expiador dos pecado da tribo. Toda vez que alguém cometia um delito, vinha diante do sacerdote com um bode, confessam os seus crimes enquanto tocava com a mão tocando a cabeça do bode, e deste modo, ele e o sacerdote transferiam do pecador para aquele animal que seria enviado ao deserto para vagar e morrer de fome e sede, levando consigo os pecados daquela pessoa e desta feita ela ficaria isenta da culpa.
Num passado não muito distante os cristãos inventaram o “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”. Sua função é a mesma do Bode Azazel, só que tipificada pela figura de um deus humano, que por antecipação leva a culpa pelos pecado do mundo todo, que morre em função desses pecados e ao terceiro dia ressuscita, purificando a si mesmo e a toda humanidade de seus delitos.
Que bom não é? Só que não!
É apenas uma fantasia coletiva repassada de pai para filho. Um entorpecer de alma e um emburrecer de mentes, fazendo com que os que assim acreditam passem a procurar outros “azazeis” e outros “cristos” para sobre estes lançarem suas responsabilidades. Desse modo, para sempre serão crianças birrentas e irresponsáveis que se recusam a crescer.
Tipificar um mal ou um defeito próprio e transferi-lo para seres reais ou imaginários não vai mudar o mundo, nem o seu e nem o de ninguém! Apenas o deixará ainda mais frustrado e dependente de outros tipos de entorpecentes por constatar que a realidade é diferente.
Se você não quer ter cheiro de merda, não passe o dia todo rolando nela. Quem deseja sentir o cheiro de flores ou exalar o seu perfume, deve cultivá-las ou com elas perfumar-se.
Milhares de pessoas irão te ofertar diariamente “pílulas azuis”, pois é isso que elas tem e é isso que elas são, convidando você a permanecer nesse estado fantasioso, cuja criação de suas realidades dependerá sempre de terceiros.
Pouquíssimas pessoas irão te oferecer “pílulas vermelhas”, que te farão enxergar a realidade como ela é! Além de ser um caminho solitário e doloroso, esse é um caminho independente. Você terá de assumir suas “cagadas”, aprenderá que errar é humano, e fantasiar uma vida perfeita é ilusão. Aprenderá que erros e acertos fazem parte do processo cientifico, do universo real e que podem inclusive serem usados para sua construção pessoal ou de gerações futuras que estejam inseridas nesse mesmo nível de mentalidade.
A escolha sempre será sua. Os resultados dessa escolha também!
Saúde e Sanidade à Todos!
REVEJAM SEUS CONCEITOS!
Texto escrito em 7/3/21
*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.