O CRISTIANISMO ESTRAGOU E CONTINUA ESTRAGANDO A VIDA DE MUITAS PESSOAS
Obs.: Todo mundo nasce sem pecado e puro.
Começo com esta afirmação de Rajneesh (Osho): "O cristianismo é a má interpretação de Cristo". Essa frase serve, aqui, para dizer também que eu não sou e jamais serei contra Cristo. No sentido de ser seguidor dos ensinamentos de Cristo, eu desejo viver como cristão.
O cristianismo ensinou as pessoas a odiarem a si mesmas. Como? Antes, eu afirmo que você, leitor (a), não precisa concordar com nada do que digo, nem acreditar em nada do que digo. Peço apenas uma coisa: use a sua inteligência, a sua consciência, a razão, e analise tudo o que eu digo; veja se tem sentido ou não.
O cristianismo ensinou as pessoas a odiarem o próprio corpo. Ora, odiar o próprio corpo é odiar a si mesmo. O cristianismo ensinou e ensina as pessoas a verem como indecentes seus órgãos sexuais. Ora, foi Deus quem nos fez, e Deus não faz nada indecente. O meu corpo é perfeito. Antes de ler Osho, eu já pensava e sentia que somos perfeitos, porque Deus não faz nada com imperfeição, e Osho já dizia isso muito antes de eu nascer. Lendo-o, tendo mais de trinta livros seus, eu vejo que ele diz isso com as mesmas palavras que eu digo. É impressionante!
O sexo é humano e divino. É por meio do sexo que a vida humana surge. O corpo é humano e divino. Quem não ama o seu corpo não se ama. Há pessoas que não amam o seu nariz, a sua boca, suas pernas. Há pessoas que não amam seios peitos, seu pênis, sua vagina. É impossível se amar não amando alguma parte do seu corpo. Eu fico nu e contemplo o meu corpo.
Colocaram na minha cabeça que dois dentes superiores meus eram feios. Eu cresci com essa merda na minha cabeça. No seminário, chamavam-me de feio. Hoje, eu pergunto: o que é ser feio? Qual é o padrão de beleza? Beleza e feiura são criações mentais. Tornei-me livre, graças aos sábios antigos e a Osho; graças à Filosofia; graças a espiritualidade; graças ao meu Criador.
O cristianismo ensinou e ensina as pessoas a terem ódio por si mesmas, afirmando e argumentando que a nossa natureza é má ou pecadora. Ora, se a nossa natureza é má ou pecadora, sempre seremos maus. Acreditando que somos maus, vamos aceitar nos confessar e revelar até os nossos pensamentos. Os padres criam a culpa em nós para que dependamos deles. Osho diz isso com perfeição. Os padres e pastores oprimiram e oprimem as pessoas. Eles precisam que acreditemos que estamos no caminho errado. Ora, se estivermos no caminho certo, não vamos precisar deles. Eles precisam dos nossos pecados, do nosso desprezo por nós mesmos, para nos dizerem: "Venha à Igreja! Aqui é a casa de todos".
No seminário, cada seminarista tinha um diretor espiritual. O diretor espiritual insistia para que eu me confessasse, mas eu sempre argumentava que seria um outro dia a minha confissão. Eu nunca me confessei a um padre. Eu digo quem sou, o que penso, quero ou não quero e o que sinto publicamente. Estou quase concluindo esta fase de falar publicamente e diretamente sobre mim. Epicteto (filósofo antigo e estoico que admiro profundamente) pede que eu pare de falar sobre mim, e ele está certo.
Se a nossa natureza é má, vamos aceitar uma natureza vinda de fora, algo que não é nosso; o que nos derem, uma máscara; seremos vítimas ideais de padres e pastores. Como alguém pode ser feliz sendo contra a própria natureza? É impossível. Odiando a nós mesmos, vamos sempre precisar de padres e pastores, porque sempre haverá algo errado em nós.
O filósofo Rousseau já dizia que "o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe". Acertou! A sociedade nos estraga. Eu me lembro de quando eu não tinha nenhuma maldade. Você se lembra de quando você não tinha maldade no seu coração? Talvez eu tivesse cinco anos. Era início da noite. Uma mulher disse: "Chiquinha, eu vou mijar bem aqui atrás da tua casa". A minha mãe disse à mulher: "Tá bom". Eu, criança, espontaneamente, questionei: "E precisa dizer?". Eu, criança, fiquei supreso com o aviso "vou mijar". Mas não havia maldade na minha reação. Eram espontaneidade, naturalidade, curiosidade. Da mesma forma, quando eu argumento contra alguma coisa, não é por maldade, ira, irritação, raiva, ou por não aceitar o contrário, mas por ser espontâneo, desde a minha infância. Mas o "I Ching: o livro das mutações" me aconselha a silenciar onde o espaço é de incompreensão ou obscuridade. Está certo.
Huberto Rohden (um cristão) dizia que somos naturamente bons. Desmond Tutu (arcebispo anglicano na África do Sul, Prêmio Nobel da Paz, com uma história de luta, sofrimento e liderança contra a discriminação racial) diz que a nossa natureza é boa. O "I Ching: o livro das mutações" diz que a nossa natureza é pura. Estão certos. É a convivência humana que nos torna indelicados, preconceituosos, arrogantes, prepotentes, raivosos, intolerantes, egoístas, brutos, cruéis, tolos. Mas isso não faz parte da nossa natureza, que é feita por Deus, um Ser Bom e Perfeito, e Deus não faz nada mau. Aprendemos a odiar e a amar, já dizia Nelson Mandela. No entanto, crescemos com as pessoas dizendo: "Torne-se alguém!"; "Torne-se importante!", como se não fôssemos alguém e importante. Como diz Osho, "as pessoas não aceitam você como você é". Ora, como você pode ser feliz não sendo você mesmo?
Poucos dias antes de produzir e escrever este texto, eu li um status no Whatsapp que dizia que "somente os loucos ou solitários se dão ao luxo de serem eles mesmos, porque não têm ninguém para agradar". A sociedade tornou-se tão ridícula que ser si mesmo é visto como loucura. Erasmo de Rotterdam, no livro "Elogio da Loucura", afirma: "A vida humana é uma comédia. Cada qual aparece diferente de si mesmo; cada qual representa o seu papel sempre mascarado, pelo menos enquanto o chefe dos comediantes não o faz descer do palco". Ele diz: "Tudo neste mundo é aparência". Lamentável que seja assim.
Ninguém nasce pecador. O pecado é afastamento de Deus. O pecado é fruto da ação e omissão humanas, dos pensamentos e sentimentos. O pecado depende da consciência, e nenhum bebê tem consciência de nada. O bebê não sabe nem que ele existe, mas há pessoas que aceitam tudo sem duvidar. Da mesma forma, um louco não é preso, não deve ser preso, pois ele não é responsável pelo que faz, não tem consciência, e deve ir para atendimento psicológico ou psiquiátrico. Esse é um argumento usado por advogados na defesa de muitos assassinos, o argumento da insanidade mental.
Ninguém peca sem consciência do que faz. Ninguém nasce pecador. Todo mundo nasce sem pecado. Não foi somente a mãe de Jesus que foi concebida sem pecado. Eu e você fomos concebidos sem pecado. Mas todos nós pecamos. Maria, a mãe de Jesus, também pecou, pois ela era humana, igual a todas as mulheres. Mas ela cultivou a sua natureza pura, boa.
Cada pessoa deve e pode reconhecer a sua natureza, que é pura, boa. A minha natureza é o meu Criador em mim. Seja apenas quem você é. Ninguém precisa se tornar outra pessoa.
Este texto foi produzido e escrito em Pastos Bons/MA, no dia 27 de fevereiro de 2021, por Domingos Ivan Barbosa.