VAMOS SALVAR A PELE

VAMOS SALVAR A PELE

Carlos Roberto Martins de Souza

A prisão do deputado falastrão

Que fez por merecer a reprimenda

Foi uma grande e tosca armação

Aquilo foi coisa feita por encomenda

Reis não réus querem os parlamentares

São excelências deste nosso Brasil

Leis deveres coisas elementares

Querem fazer do mandato o bombril

Mil e uma utilidades a eles não faltam

Puxar saco vender a honra e votos

Em nome do próprio a lei maltratam

Da impunidade são os santos devotos

A revolta dos políticos foi hilária

Todos por um era nobre o grande lema

Daquela vergonhosa turma de pária

Era só acabar com aquele duro dilema

Ninguém quer colocar em risco o cargo

Perder privilégios regalias não fascina

Seria sentir na pele o gosto amargo

Para a turma folgada seria uma chacina

Todos Excelências com rabo preso

O terror desta gente suja é a justiça

Com uma folha corrida de dar medo

A impunidade vai do sonho a cobiça

Querem liberdade para tudo fazer

São canalhas criminosos candidatos

Sem vergonha na cara vão querer

Se esconderem nos tais mandatos

Sessão concorrida de circo de terror

Um espetáculo ridículo de omissão

Uma reunião dantesca foi um horror

Foi triste assistir aquela procissão

Palhaços de terno e gravata brigavam

Foi grande confusão um espetáculo

Parecia velório onde todos gritavam

O problema era o tamanho do obstáculo

O maldito corporativismo aflorou

Eram inflamados os discursos a favor

Do infeliz que lamentando chorou

Confiando no voto diminuir sua dor

Por maioria absoluta foi mantida a prisão

A decisão da corte foi referendada

Mesmo contra a vontade do saradão

Sua sentença de morte foi assinada

Fingiram que aceitaram a decisão

Votaram por maioria pela prisão do galã

Do fervoroso Alexandre Carecão

Aquele que o tal Daniel chamou de Satã

Imunidade impunidade são parentes

De mãos dadas desfilam nos gabinetes

Na política são vocábulos eficientes

Defendidos no tapa e nos porretes

Fechada a urna do presunto imbecil

Começou logo a vergonhosa ladainha

Uma maratona uma guerra suja e sutil

Todos brigando para manter a boquinha

Ir preso nem passa pela cabeça deles

Todos de olho nos próprios fingimentos

Ninguém põe mão no fogo por eles

Pois são na verdade uns eternos jumentos

Vamos salvar o mandato nessa boquinha

Temos que fazer valer nossa força moral

Ninguém aqui quer perder essa vidinha

Seria o triste fim do nosso eterno bacanal

Estão armando uma estratégia mortal

Vão enganar a nação será um golpe sutil

Vão colocar no papel a mordida fatal

Mandar os eleitores a puta que os pariu

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 27/02/2021
Reeditado em 27/02/2021
Código do texto: T7194416
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