Sociedades e seus movimentos.

Pensando as Mudanças no SÉC XXI

Certa vez perguntei a um homem crente, se as coisas aconteciam porque se acreditava ou se coisas acontecem simplesmente. A resposta veio mediante as crenças por ele professada. Essa pergunta é uma espécie de termómetro porque as respostas virão mediante o mundo em que estou inserido. O mundo em que estou inserido trará as respostas nele inseridas. Cada olhar ver de um ângulo onde as imagens são projetadas. Se estamos do lado de cima, olhamos o mundo de cima e haverá uma visão do lado de cima. Quando se está embaixo a visão muda. Então essa mudança reflete em todas as imagens observadas. Um mesmo objeto pode ser notado de várias maneiras. Quanto mais nos aproximamos desse objeto, mais percebemos esse objeto. Cores, tamanho, textura e detalhes que não são possíveis ser visto a distâncias maiores.

Olhando por esta forma de aproximação do objeto para detalhá-lo, a tecnologia assume essa postura pensando no avanço das máquinas do séc. xxi, é impossível não se assustar. O susto não se dá porque estamos vendo a máquina avançar, mas porque esse avanço requer do homem essa inserção nessa nova plataforma de conhecimento de uma forma muito rápida e desprovida de sentimento.

Uma máquina não tem sentimentos. Uma máquina não reage a estímulos. Não se arrepende, não sabe identificar quem a opera. Uma máquina é só uma máquina com o software preparado para executar operações repetitivas eternamente. O susto que foi referido no começo deste texto, é que, é esse instrumento que está adentrando nossas mentes e lares para substituir-nos, é a principal ferramenta de uso diário onde as vias sociais se conectam com esse objeto e ele está se tornando o instrumento para qualquer área da vida.

Pensando nas ações do homem em seu passado recente, notamos que as relações pessoa a pessoa, se desgastaram assombrosamente. As relações interpessoais praticamente sumiram. Ninguém tem conseguido relevar muita coisa e isso pode ser o fruto do uso constante e inevitável da máquina.

Temos visto em cada dia, uma maior quantidade do uso de aparelhos de celular. Esses equipamentos fazem quase tudo para nós. Por ele pagamos nossas contas, estudamos, trabalhamos, consultamos clima, nos comunicamos com nossas famílias no tempo. Essas tecnologias também tiraram nossa inocência e novidade. Como era bom esperarmos nossas férias para passar junto de nossos avós. Como era gostoso ouvir deles suas anedotas. Aprender para a vida com suas experiências. Mas no mundo da tecnologia há uma outra realidade. Essa nova realidade, não se faz semelhante às de nossos avós por viver em outro momento. O grande mistério emanado das máquinas, é a insensibilidade e não estamos sabendo lidar com isso.

O avanço das tecnologias em nossas vidas, também está tirando nossa sensibilidade de aprender com o outro. O outro não é mais o outro. Ele agora não existe apenas por estar oculto. Ele não faz mais parte da sociedade. A máquina nos traz na ponta do dedo tudo o que estamos querendo saber. O saber da máquina é resumido. Ela apenas nos mostra o rápido saber. A práxis.

Temos agora que lidar com a máquina de forma diferente. Se no passado tínhamos que ligar com um tipo de tecnologia pois ainda estava em seus primeiros passos, e isso nos permitiu adaptação, hoje não é mais assim. A rapidez com que a tecnologia avança está nos impulsionando a pensar diferente. Como iremos lidar com elas? Visto que os processos por elas executados, estão sobrepondo aos homens? O vasto volume de informações com que elas nos proporcionam, está causando em nós uma alucinação. Se por um lado tentamos não está envolvido com esse volume de informação, por outro temos que está dentro processo pois aquilo que queremos pode estar ali. Daí não temos muitas opções de se eximir do uso da máquina.

Novas parcerias são firmadas entre escolas, empresas de negócios financeiros, transportes, saúde, laboratórios e etc. O pensar fora da tecnologia não é mais possível. Até mesmo os institutos de pesquisas demográficas já estão inserindo novas formas de consumo em suas pesquisas.

A tecnologia se insere em vias as mais complexas e diversas. O manuseio do trabalho está cada vez mais dependente da tecnologia. Parece que a intenção é inserir em todos os passos da humanidade, um meio de reproduzir mecanismos de substituição da ação humana. Na agricultura o homem não mais planta na terra, pois um laboratório reproduz o seu alimento, a partir de outras fontes. Se não há mais plantio na terra, então não haverá mais a necessidade de produzir os instrumentos para essa tarefa. Aquela empresa que produzia aquele instrumento, deverá agora migrar para novas plataformas de fabricação de novos tipos de instrumentos que atendam uma nova necessidade, pensando em uma nova forma de consumo.

A ferocidade com que isso se alastra, permite-nos fazer reflexões sobre a vida, o homem, a sociedade. Quem seremos no futuro?

As conexões com o passado se dão mediante as informações que temos como objeto físico como um livro por exemplo. Mas a tecnologia ocultará tudo isso em “0 e 1”. Essa é a linguagem do software. Como o volume de informações são mesmo gigantescos, nós somos conduzidos a buscar sempre o novo ou apenas o necessário não nos apegando ao antigo, e por sua vez, não conseguimos referenciar o passado no presente. Qual a utilidade de “conservar o passado”?

O fenômeno da tecnologia na sociedade, cada vez mais se torna o marco definidor. Toda a sociedade sofre a influência. O homem em comunidade tem que se adaptar ao consumo de produtos oferecidos por essa nova modalidade tecnológica, porque se assim não agir, não será possível sobreviver, pois as ofertas de consumo, advém das novas tecnologias. Elas ditam o tipo de consumo, como consumir e onde encontrar. Se no passado o homem tinha que sair de casa para procurar alimentos, hoje com um clique terá seus alimentos em poucos instantes. A promoção dessa nova modalidade social, infere as ações do homem.

A promoção dessa nova forma de olhar o mundo, adentrou em nossa forma de pensar e agir. Os produtos que agora consumimos, não são simplesmente um produto. Ele traz consigo uma informação que aponta para construção oblíqua de uma nova realidade social. Um sanduíche não tem apenas a função de saciar a fome. Ele é produto de um mundo que informa como o comportamento humano deve se manter. Coma esse sanduíche e estará inserido em um mundo do bem. Consuma esses produtos e serás vencedor. Esse é o tipo de comportamento que nos envolve no séc. XXI.

fedro
Enviado por fedro em 28/01/2021
Reeditado em 20/03/2023
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