Eis o malandro na praça outra vez
Roberto Jefferson reapareceu solto, depois de fazer sua delação, de certo modo premiada. Ele delatou o esquema do Mensalão, do qual fazia parte, e foi condenado. Muita gente “rodou” e o PT perdeu a narrativa da honestidade.
Bob Jef cumpriu a pena e surgiu novamente com sua excelência na prosódia, escolha das palavras e alguns hematomas oriundos de acidentes domésticos, embora seu potencial explosivo indique alguma emboscada. Paradoxalmente, o presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ajudou a retirar alguns políticos da vida pública. Parecia o seu fim.
Como eu já disse, ele ressuscitou para, pelo que demonstrou querer, a vida pública. Além de ótimas entrevistas para as mídias tradicionais e alternativas, atirando em tudo e todos, o velho político joga gasolina de altíssima combustão no já aceso cenário brasileiro. Matreiro e corajoso, ele explica muito detalhadamente, dando nomes, várias tramas nada republicanas e democráticas. O silêncio da classe política demonstra que Jefferson sempre circulou com desenvoltura pelos salões de Brasília, de modo que sabe quem é quem e como eram feitas as “articulações”.
O cara, temido pelos congressistas mais antigos, deu as caras na versão da moda: conservadora. Roberto Jefferson está rezando toda a cartilha do que ficou conhecido como a “nova direita”. Em cada entrevista, ele faz questão de citar quase todo o glossário conservador, o que soa como música aos ouvidos direitistas: “cultura” judaico-cristã, esquerdopatas, Foro de São Paulo, globalismo, Nova Ordem Mundial, grascismo etc. Só está faltando ser aluno do professor Olavo de Carvalho.
Roberto Jefferson está querendo arrastar Jair Bolsonaro e seus seguidores para o PTB. Se isso se concretizar, o partido ganha a Presidência e um lote de congressistas. Jefferson, que começou a carreira política no MDB, tem a desconfiança de quem um dia acreditou em Joice Hasselmann, João Doria, Wilson Witzel, Alexandre Frota, MBL (Movimento Brasil Livre), Dayane Pimentel e grande elenco. Hoje, estes são considerados traidores. Ou seja, estão num limbo político, porque são odiados pela esquerda e direita.
Muitos consideram esse arquivo vivo (Bob Jef) como “meu malvado favorito”