O DESESTÍMULO DO APREÇO PELA ALTA CULTURA

Em nosso país, há muito pouco incentivo para uma verdadeira apreciação de obras de grande valor literário, poético, artístico e até mesmo científico. Embora nas escolas haja alguma menção de certas literaturas, os jovens dificilmente se aventuram no mundo das obras literárias, das artes e da alta cultura como forma de agregar profundos conhecimentos e irradiar altas doses de pensamento crítico.

E aqueles que decidem sair dessa caverna de ilusões, certamente serão rechazados e hostilizados por pessoas de baixa autoestima e amor-próprio. Pois é próprio de nosso meio des-potencializar aqueles que apresentam excelente potencial de genialidade com todas as negatividades possíveis, como estereótipos, enquadramentos e até mesmo preconceitos velados.

Ora, quem são nos dias de hoje os formandos que propagam por aí o seu interesse por obras como ''A divina comédia'' de Dante Alighieri; ''Dom Quixote de La Mancha'' de Cervantes; ''Os miseráveis'' de Vitor Hugo; ''Crime e Castigo'' de Fiódor Dostoieviski; bem como as belíssimas poesias de Cecília Meireles e as poesias dos inúmeros textos bíblicos canônicos e apócrifos, e sem que haja o desserviço de enquadrá-los como obras de pouco valor literário, espiritual e mítico?

Evidentemente, se houvesse pessoas que amassem a riqueza das obras literárias, aprenderiam com toda vivacidade no mais profundo de suas almas o segredo do amor ao próximo com os grandes feitos de nosso salvador Jesus Cristo. E por falar em ciência, para quem quisesse conhecer os meandros de nosso psiquismo, muitos poderiam se alegrar, se desejassem desbravar a si mesmos, com as excelentes intuições de Freud e Jung, cujos conhecimentos da psique humana, nos ensina a desbravar o nosso próprio desconhecido.

E quantos não poderiam aprender com os gestos sublimes de compaixão e heroísmo de Jean Valjean por sua querida Cossette!? Quantos não conheceriam o nosso sistema mais a fundo com obras de rico valor artístico e de crítica social com os personagens de 1984 e Fahrenheit 451!? Quantos não passariam a compreender o valor profundo do arrependimento com Raskonikov na sua oportunidade de redenção!? Quantos não aprenderiam a ter a coragem e a autenticidade de Dom Quixote de La Mancha com seu fiel escudeiro, Sancho Pança!? Quantos não aprenderiam a questionar a sua existência tal como o angustiado Hamlet!? E por falar num livro mais leve e inocente; e, ao mesmo tempo de bela riqueza poética, quantos não aprenderiam a sonhar nesse mundo tal como o nosso pequeno príncipe!? E quantos, por fim (só para ilustrar alguns) não aprenderiam a amar como Dante a sua preciosa Beatriz em meio as belas regiões do paraíso!?

Mas voltando a nossa realidade sombria, muitos ainda falam em democracia como se ela fosse uma realidade em nosso país, mas infelizmente a situação é outra: pois muitos são condicionados desde que nascem a terem um desprezo por aqueles conhecimentos que poderiam libertá-las de suas mazelas intelectuais e cognitivas. Muito se fala em inclusão, mas quão escassos são aqueles que conseguem trazer na sua experiência de vida os altos voos do conhecimento filosófico e científico, das belas prosas poéticas e poesias e dos testamentos de alto valor espiritual e edificante! Muito se fala num mundo melhor, mas ninguém é encorajado a desenvolver a sua sensibilidade através de peças dramáticas, obras musicais de grande carga afetiva e catártica e estudos que visam o aprofundamento científico e filosófico nas grandes questões existenciais da humanidade!

Por conta da competição predatória estimulada pelo sistema e da luta cotidiana pela sobrevivência, o ouro da alta cultura fica, infelizmente, reservado para bem poucos, até porque não existe nada mais perigoso do que aqueles seres que aprendem a questionar as ilusões de nosso tempo com toda riqueza poética, espiritual e intelectual oriundo do seu ser! Estes são, certamente, aqueles que nunca ficarão presos nas grades invisíveis dessa Matrix ou dessa caverna de embrutecimento cognitivo e espiritual. No entanto, quem estará em condições de como um Prometeu moderno se sacrificar, ou até mesmo romper com os grilhões do conformismo barulhento das massas, em nome da verdade e da luz do conhecimento?

Para quem é autêntico e vive da verdade, nunca será, certamente, impedido de agregar novas ideias para se libertar das mentiras de todos os dias e, portanto, sempre será corajoso para ir em frente e avante nas suas grandes e silenciosas empreitadas, sem se importar com o que a grande maioria poderia pensar a seu respeito.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 23/01/2021
Reeditado em 27/05/2021
Código do texto: T7166432
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