PERDÃO SENHOR. PERDÃO. PERDÃO.

Minha história é piegas, para quem nunca se sentiu sozinho, em meio a uma multidão de desconhecidos, e por isso jamais me entenderá.

Uma infância (a partir dos 4 anos de idade), adolescência e juventude de provas e superação.

Casei aos 21 anos, com um garoto um ano e cinco meses mais novo que eu. Quando casamos, juramos nunca nos separar e quem quebrasse o juramento, seria apagado da memória do outro, como um amaldiçoado que não merecia ser lembrado, nem pelo mal que cometeu.

Passamos tantos perrengues, que hoje, relembrando, acho engraçado como o Amor nos dá forças para vencer qualquer obstáculo nessa Jornada chamada Vida.

Trabalhamos em empresa privada, comendo o-pão-que-o-diabo-amassou. Tivemos três filhas (formamos uma família). Prestei concurso e fui chamada para um órgão público federal, tomando posse no dia 29.08.1986. Continuamos a luta e conseguimos terminar nossa educação (ele como técnico em enfermagem, eu como professora), compramos um cantinho para nos abrigar sem pensar em aluguel e proprietário assediador… lutamos e vencemos, essa etapa, juntos.

Nossas filhas estudaram em escola pública e privada.

Após 36 anos, mais precisamente em junho de 2009 meu marido foi diagnosticado com câncer de pulmão, vindo a falecer em 16.04.2010, aos 55 anos.

Durante dez longos meses, acompanhei sua Via Crucis. Algumas vezes me desequilibrei e sai do sério, enfrentando alguns profissionais da área de saúde, calejados, empedrados pela profissão.

Para esses pseudos “acolhedores”, uma pessoa estar condenada é a coisa mais simples do mundo. A dor e o desespero dos familiares é frescura.

Mais de uma vez quis esganar alguém, me contive a custo.

Graças a Deus, a maioria era de humanos (apesar de atuarem na área de saúde), e realmente nos acolhiam, do mais alto escalão, ao pessoal da faxina.

Francisco faleceu e poucos meses depois, piorei de um problema de doença que me judiava desde 1994. Doença profissional – CID G 54.0.

Foram 23 meses afastada do trabalho, quase paralisada, cuidada (alimentação, higiene e tudo o mais) pelas minhas filhas mais novas.

Certo dia (25.12.2012), ouvi e vi, por acaso, esse vídeo: Stronger (What Doesn’t Kill You).

A cena se passa em um Hospital para “tratamento” do câncer.

Passei tanto tempo sozinha que até a palavra solidão, hoje, me apavora... sei que o que tiver que ser será.

Só peço a Deus que tenha piedade da Minha Alma... se não for pedir demais!

Que eu não tropece nunca mais na mesma pedra, por medo do crime hediondo que me faz vagar pelo Vale, juntando meus ossos... que eu me ajoelhe diante de Ti e seja sincera e humilde para Te pedir Perdão!

Quando eu era uma criança inocente, tantas vezes me fizeram ajoelhar para pagar por algo que não fiz... trago as marcas das feridas em meus joelhos... qualquer pessoa pode ver, mas as feridas que ficaram na Minha Alma, só eu as posso sentir.

Ajoelhei, é verdade, mas nunca baixei a cabeça, nunca abjurei da minha inocência, mesmo diante dos piores castigos.

Hoje, preciso ajoelhar diante de Ti, baixar a minha cabeça e humildemente Te pedir perdão.

Não sei o que fiz... o crime que cometi, anterior a essa Jornada, não re-lembro... mas, como és Justiça e Onisciência sabes o por que me punes.

Perdão Senhor.

Perdão.

Perdão.

Adda nari Sussuarana
Enviado por Adda nari Sussuarana em 18/01/2021
Código do texto: T7162867
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