Areias do Tempo

Areia sob os pés, ando sobre as águas.

Oh! Liberdade, onde estás?

Almejo as estrelas e sinto os pés cravados ao chão.

Dicotomia em teias trançadas nos tempos da inércia.

Outrora lamentos, hoje sol!

Na janela dos olhos espreito a liberdade da alma;

Coisa insana no mundo dos vivos!

Vejo ao longe sobre a fresta do tempo os sonhos consumados por realidades.

Rotinas do dia comendo meus medos.

Agora ouço: "Batidas na porta...É o tempo!".

Inquieta, moleca matreira querendo voar.

Sou menina perdida nas terras do nunca sonhando sonhar.

Por onde caminho levo tua imagem tatuada no mapa da vida para te encontrar.

Pelos caminhos recolho pedras de todas as cores e flores para te dar.

Ouço sons de tambores e trombetas! O que será?

São meus sonhos querendo me acordar.

Sinto a pele suada, o corpo nu, cansado, querendo voltar.

Ilusões e sonhos de menina na pele anciã.

Olho pela janela e vejo andorinhas a dançar frenéticas em busca do mar.

Em instante fecho os olhos e mergulho nas águas do mar.

Sinto a vida a escorrer entre os dedos como areias no meu deserto e eu tentando segurar.

Hoje tranquila reconheço os tempos sonhados à beira do caminhar.

No vão da porta da minha janela ouço o barulho do mar e o tilintar das estrelas me convidando a voar.

O perfume da maresia me atordoa e inebria os meus sentidos;

Ouço o barulho dos tridentes na luta entre Titãs pelo amor da sereia em fuga.

O sol brilha lá fora e a escaldante luz me convida a dançar leve e serena nas pontas do andar.

Sou tempestade na fresta da borda do tempo.

Sou sol, sou lua, sou luz fria aquecendo-me no calor do Teu olhar.

SOLANGE OLIVEIRA
Enviado por SOLANGE OLIVEIRA em 01/01/2021
Reeditado em 14/03/2023
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