A VENDETA E O MAL-ENTENDIDO: O CENTRO, A LENTE E O REBANHO
Originalmente publicado em 13 de janeiro de 2009
Hoje a chamada “instância central” dita o comportamento humano. Porém, não existe qualquer fonte objetiva – mediana social – quando se fala em homem. O indivíduo contemporâneo é apenas uma planta adulterada – o rascunho original está perdido. Com respeito a qualquer grandeza e dignidade na palavra “homem”, elas vêm do próprio ente, não da transferência de responsabilidades ao vazio. A proibição da vingança pessoal é o indício mais claro dessa falência moderna do homem: o Estado é o responsável por julgar, vigiar a condenação, condenação que ele próprio criou... Mas quem é o Estado? Não se trata de um homem maior e mais poderoso – trata-se da covardia dos pequenos reunida. Sentimentos agregados de vergonha jamais fariam frente a um gênio indivisível, ainda que renegado – por isso nem se pode falar em Napoleão, que já em seu tempo foi a esperança do “século”, até sucumbir à máquina burocrática.
Quando o Estado é questionado há cheiro de grandeza – ressurreição? Exceto quando esta revolta é inspirada por outro “centro neutro” ao invés das pessoas. De novo a ingerência do espaço vazio! A lente midiática atua como um segundo detrator da verdadeira assunção de responsabilidade. É um Estado sem sede ou exército – ou talvez essa assertiva seja muito ingênua. A vendeta da televisão é apenas outra cadeira elétrica. Não há aí punição com as próprias mãos. Há apenas uma sujeira anônima – no íntimo, esse anonimato é uma confissão de culpa geral, em uníssono. Uma sociedade que gostaria de ser queimada na fogueira. Quem é o carrasco?
A conversão da imprensa dos magnatas em “cada um emite a sua notícia”, paradoxalmente uma tendência em propulsão graças a um grupelho de bilionários, que começa a falir os jornais e vê a infinitude dos blogs no espectro, é uma resposta inicial de uma mãe-natureza que nunca morre, de uma história que não acaba. Digamos que daqui a duas décadas já esteja bem mais claro o “olho por olho”. Eu quero ser reconhecido por isso! Quem grita mais alto passa a ser ouvido: a atração será a magnitude do próprio eu, nada de cunhadismo – que cunhadismo? Um brasão de família que volte a arder! – ou venalidade. Já há blogueiros que não silenciam barato...