Polícia e ladrão
André Oliveira Macedo, o André do Rap, saiu só com a roupa do corpo da Penitenciária II de Presidente Venceslau, na região oeste do Estado. Acusado de chefiar o tráfico de drogas, foi solto no dia 10 de outubro de 2020, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello. O bandido deveria ir para o Guarujá. É claro que ele não faria isso. Todos sabiam disso. Numa canetada, o juiz do STF ajudou um dos chefes do PCC numa das fugas mais fáceis de todos os tempos.
Alguém suspeita que um sujeito como o André do Rap ficaria comportadinho, aguardando a terceira instância para voltar à prisão; tomará rumo na vida, arranjando um emprego decente, quem sabe no McDonald’s, ou prestará concurso para o Banco do Brasil ou para a Petrobras. Acho que não. Pois é, usando o bom senso, André achou a vida muito curta para passar trancafiado e resolveu não retornar. A consciência deve ter pesado, mas ele partiu, talvez para o Paraguai.
Agora, a Polícia terá que recapturar o chefão? Vai. Custará alguns milhares de reais? Sim. Demorará? Já está demorando. A conta é daquele que chamam de contribuinte.
A saída temporária especial (saidão) de Natal ajudou presos a ganharem as ruas. Como sempre, alguns resolverão não retornar. O que farão depois? Ora, o que sabem fazer.
Diferentemente, e mais condescendente, o indulto é concedido, por alguém imbuído do espírito natalino, por quem chega perdoando os detentos. Este ano, mantendo a tradição, presidiários foram contemplados com a benevolência estatal.
Mostrando completamente que ignora quem lhe concedeu o mandato, o senador Ângelo Coronel (PSD/BA) propõe um projeto de lei que prevê a prisão por oito anos para quem não se submeter à vacinação da covid-19. O senador, entre outras maledicências, é acusado de favorecer empresas familiares com dinheiro público. Esse cara quer te prender para o seu bem.
Enquanto isso, políticos recrudescem as restrições, que evitariam a contaminação do coronavírus. Tudo não passa de atitudes inócuas, já que na prática vimos que o lockdown é ineficaz. Em São Paulo, João Doria mandou fechar bares e restaurantes. Como quem acende uma bomba e sai correndo, o governador cancelou as festas de fim de ano e partiu para Miami. Ah, sua prole fugiu para Trancoso/BA (nome sugestivo). O paulista que se coce.
Doria acendeu a bomba e saiu. Mesmo desistindo da viagem, por causa da péssima repercussão, deixou a bomba acesa. Ela vai explodir.