BOM DIA MENIN@S
Hoje acordei com a imagem de Minha Avó, solfejando e trabalhando em seu tear... lembrei quando ela me pedia para ajudar com a fiação do algodão, no seu fuso de madeira polida, presente do Meu Tio Paulo!
Descaroçar o floco de algodão, amalgamar suas fibras sobre o joelho, formando um pequeno disco, e lhe entregar... executava o ritual com um prazer, com uma alegria sem limites!
Alguém foi net@ de uma Avó, que além de Avó era Mãe, Contadora de histórias, Parteira, Rendeira, Fiandeira e Tecelã?
EU SOU!
Hoje, sou Mãe, Avó e Bisavó.
Vou caminhando descalça e reverente, trilhando os caminhos que a Vida me apresenta.
Sobre a cabeça, ostento a tiara de prata, que surge do meu crânio... um Maravilhoso Presente de Saturno... que lapida e deixa tão claro como um dia de sol, a lembrança dessa Avó... assim, como quando eu era uma criança!
Avó, creio, ninguém esquece!
Ou será que esquece?
Em sua honra, um dia escrevi...
TECELÃS
Tecemos nossas teias de sonhos e névoas para não ferir a retina ou os neurônios de quem ainda não nos conhece.
Tecemos a concretização dos sonhos daqueles que ainda não sabem como torná-los reais.
Tecemos o afago, o carinho e oferecemos aqueles cuja vida está começando...
A misericórdia e o perdão para aqueles cuja vida está se esvaindo...
Tecemos o gesto nobre para quem se ajoelha, incentivando-o a erguer-se...
Tecemos também, se necessário, o golpe descomunal contra o orgulhoso que tenta dominar o que nasceu livre e livre morrerá...
Tecemos o acolchoado do ventre para acolher a semente e aguardamos sua germinação, com a euforia daqueles que esperam um presente de valor incalculável...
entregamos nossa vida àquele que é o motivo das nossas dores...
e esperamos, ansiosas, para o embalar nos braços....
alimentá-lo com a seiva do nosso corpo...
posto que ele é, a partir de então, o dono do nosso sono...
do nosso sorriso...
da nossa lágrima...
do nosso encantamento!!!
Passa-se o tempo...
e o ensinamos a falar...
caminhar...
ler...
escrever...
contamos-lhe sobre a verdade da vida, do amor...
e quando Saturno se avizinha...
talhando nossa face com o escopo da experiência...
do Tempo...
tecendo em nossa cabeça uma tiara de prata...
quase sempre somos tão somente aquela que se habilita a manter acesa a chama da lareira...
do lampião...
da vareta de incenso de mirra e aloés...
aquela cujo prazer é preparar a tigelinha de sopa aromática...
as cobertas da cama...
a almofada...
por que nunca esquecemos a forma de tecer nossas teias de sonhos...
e névoas...
de sóis e luares...
de céus estrelados...
somos mulheres...
somos lobas...
somos flores...
somos fadas...
somos feras...
somos a VIDA que ainda vem...
que é...
e sempre será!!!
(Adda-nari)
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