A NOITE DO FIM

Um pobre menino esquecido à beira do caminho, com pés descalços, unhas cheias de terra, envolto pelo frio que circula pela densa noite, uma noite interminável e latente que zomba da solidão do pobrezinho.

Ali, largado, sem sonhos e sem destino, descamisado e desconsolado, ergue os olhos, busca um restinho de forças que lhe sobeja e tenta seguir por um caminho qualquer; passos lentos e miúdos sem saber aonde ir, mergulha no breu diante de si e afunda cada vez mais na vaguidão da escuridão, a única intenção é encontrar um lugar em que seu coração faça de lar, com brisa suave e água a correr.

O frio desprovido de compaixão não tardava em ficar cada vez mais forte trucidando o serzinho desgarrado fazendo o tremer, os passos já quase parando e o alento findando, e ele na certeza de caminhar para o fim.

Adentrou pela madrugada até não conseguir levantar o pé do chão, ali quietinho, deitado no gélido chão, chorou, orou a Deus, não para pedir forças e Ele o atendeu fazendo parar de bater seu coração.