Corretor politicamente correto
A linguagem neutra já parecia loucura suficiente para ilustrar dias de pandemia. Para quem não sabe ainda, linguagem neutra é aquela estupidez que pretende transformar um dialeto de “tribo” urbana em linguagem universal. Passando por cima de linguistas! É como se eu instituísse a língua do “P”.
A operadora de telecomunicações Tim resolveu, falsamente, sinalizar virtude e lançou um programa... err... bem... você verá.
“Tim lança teclado com alerta sobre palavras preconceituosas e sugestões para substituí-las” e “Tim vai lançar teclado com corretor para palavras racistas”: palavras preconceituosas e racistas. Como se já não fosse difícil domesticar as pessoas, as palavras ganharam vida e estão nos ofendendo!
“TIM cria aplicativo para teclado consciente contra preconceito”. Essa manchete do jornal Correio Brasiliense é sensacional. Quem sabe, numa sociedade ideal e futurista, os humanos serão como os teclados: apesar de periféricos, conscientes contra o preconceito!
A Tim deve estar precavendo-se de algum boicote ou cancelamento vindo do Sleeping Giants ou alguma ação mais incisiva (apedrejamento, saque ou incêndio) daquele movimento, que finge-se contra o racismo, Black Lives Matter. A operadora poderia melhorar o serviço que se propõe a entregar. Desse modo, agradaria a maioria das “minorias” mais do que lançar um teclado com atributos humanos.
Há muito tempo, eu li uma HQ (história em quadrinhos) chamada “A Revolta dos Eletrodomésticos”. Pois é, o que um dia foi uma inocente HQ, virou uma distopia em 2020. Quem diria, o meu teclado dando lição de moral, sendo editor, curador... sei lá!
A embalagem do Cigarrinho de Chocolate Pan é o troço mais politicamente incorreto da História. O condimento infantil, apesar da nostalgia, é um combo completo de ofensas a várias minorias.
O que parecia ficção, a distopia 1984 (George Orwell), virou realidade. O que está em processo é a novilíngua: existem palavras permitidas. Limitando as palavras para descrever algo, limita-se a realidade.