MÃES NARCISISTAS - Parte V - OS DIFERENTES FILHOS DA MÃE NARCISISTA
O seio familiar é nossa primeira experiência no mundo e a figura materna é central na construção de nossa autoimagem, autoestima e principalmente de nossa personalidade. É por isso que precisamos falar sobre narcisismo materno. Neste ensaio, já tratamos na Parte I sobre a necessidade de falarmos sobre o assunto. Na Parte II, tratamos sobre a construção da personalidade e sobre o transtorno de personalidade narcisista. Nas Partes III e IV, damos início ao tema propriamente dito. Como é uma Mãe Narcisista, quais suas fantasias e quais suas táticas de manipulação.
Agora vamos conhecer como a Mãe Narcisista enxerga seus filhos e quais papeis eles recebem nessa relação. Se você ainda acha que toda mãe trata todos os filhos igualmente, você precisa muito mesmo conhecer os filhos de Mães Narcisistas, pois, ao contrário das outras pessoas que conheceram o Narcisista e foram convidados por ele a visitarem seu reino fantástico da Narcisolândia, os filhos de mães narcisistas nascem sem conhecer o lado de fora da vida real primeiro, pois são os únicos que já nasceram dentro do reino fantástico da Narcisolândia.
OS FILHOS DA MÃE NARCISISTA: “MEUS FILHOS SÃO O QUE EU DISSER QUE ELES SÃO”
Todo Narcisista transfere para o mundo Real duas coisas: seu plano de vingança pelas frustrações de quando era criança; e seu sonho de grandeza fantasiado para esconder sua baixa autoestima e compensar as frustrações de quando era criança. Quando um Narcisista forma uma família, não conseguirá ver uma família como um ambiente de harmonia e alegria de viver, pois sua própria história e sua própria personalidade não são de harmonia nem de alegria, mais sim de conflito, raiva e tristeza, e, portanto, desejará uma família que esteja sempre em conflito. Para a Mãe Narcisista, os próprios filhos deverão estar sempre em conflito, brigando, fofocando, espionando um ao outro, disputando pela atenção da mãe. Ela mesma incitará insidiosamente esses conflitos, ora favorecendo mais um filho do que o outro só para ver a depreciação do desfavorecido, e ora para ver qual deles ficará do lado dela. Também é comum que ela se utilize do marido, o pai dos filhos, para fazer o jogo dela servindo-lhe de guarda-costas pessoal, um cúmplice de suas táticas.
A Mãe Narcisista não enxerga os filhos como pessoas, como indivíduos com direitos, ela enxerga os filhos como meras peças do jogo dela, como uma propriedade dela, como súditos, como capachos, como suprimento de suas fantasias narcisistas, mas transfere essas frustrações para os filhos de maneiras diferentes, mas sempre prejudiciais. Em muitos casos, as frustrações são transferidas para a filha mulher, como se ela fosse um espelho de compensação de suas frustrações. Mas, geralmente, quando uma Mãe Narcisista tem muitos filhos, para cada um deles a Diretora-Mãe designará um papel simbólico a ser exercido em função dela mesma. Além disso, a Diretora-Mãe irá também definir qual deve ser o roteiro que cada filho deverá exercer um para com o outro.
Um dos papeis mais comuns é o do filho “bode expiatório”, ou seja, o filho mais rejeitado, a piada ambulante, contra o qual ela transferirá tudo de ruim que aconteceu com ela, como uma revanche por tudo que ela sentiu e ainda sente sofrer; outro filho poderá ser tratado como o “filho dourado”, ou seja, o filho mais útil, o mascote da mãe, para o qual ela projeta toda a esperança de ser adorada e reconhecida; outro filho poderá ser tratado como o “filho incapaz”, ou seja, o filho mais mimado, o bebezão, para o qual se espera total e permanente dependência da mãe; outro filho poderá ser tratado como o “filho invisível”, ou seja, o filho indesejado que nem deveria ter nascido e será tratado como se nem existisse. Esses são os papeis simbólicos mais comuns que a Mãe Narcisista pode impor aos filhos. Esses papeis são afixados pela mãe desde cedo, mas podem variar de um filho para o outro em alguma fase da vida conforme um filho se torna mais rebelde em algum momento ou se torna mais obediente aos caprichos da mãe em outro momento.
O BODE EXPIATÓRIO: “O QUE EU SOFRI ELE VAI SOFRER EM DOBRO”
O “bode expiatório” é, em resumo, o filho contra o qual a Mãe irá se vingar simbolicamente de tudo o que ela julga ter sofrido quando era criança. Tudo o que esse filho fizer deverá ser diminuído, desprezado, desmerecido, subestimado. O próprio filho em si é diminuído, desprezado, desmerecido, subestimado. Geralmente é o filho mais velho, pois a mãe irá descarregar sua revanche por tudo o que sofreu logo na primeira oportunidade, portanto, no primeiro filho que nasce.
A Mãe Narcisista projeta nesse filho a sina de ser sempre julgado e punido, e toda a família deverá apoiá-la punindo-o junto com ela. Portanto, este filho será o que mais sofrerá humilhações, injustiças, calúnias, difamações, traições, desprezo e castigos, tanto físicos quanto psicológicos, mesmo se não tiver feito nada de mais, apenas para que a mãe o coloque em seu devido lugar. Desfavorecido em qualquer circunstância, é comum que a mãe tire dele um brinquedo com o qual ele esteja brincando para dar a um dos irmãos sempre que eles pedirem, e é comum que os irmãos aprendam esta dinâmica e a usem para tirar do irmão “bode expiatório” o que quiserem. Frases como: “Ô, mãe! Ele não quer me dar o brinquedo!”, são respondidas inquestionavelmente com: “Dê seu brinquedo ao seu irmão!”. Também é comum que ela faça o “bode expiatório” pagar os gastos ou dar algo dele aos irmãos em casos em que algo dos irmãos foi quebrado ou danificado resultante de brincadeiras ou brigas entre eles. Não importa quem começou, não importa se os irmãos quebraram juntos, não importa nem se foi um acidente, o “bode expiatório” será sempre o responsabilizado e algo do qual ele gosta lhe será tirado e dado aos irmãos como punição.
Enquanto cresce, esse filho manifesta seu incômodo por esse tratamento e, por isso, começa por criticar a mãe e a não fazer o jogo mental dela, o que corrobora para que permaneça sendo o mais ultrajado, o mais punido; será tratado agora como o filho rebelde sem causa, a ovelha negra da família, que faz tudo unicamente para contrariar e desafiar a autoridade da Mãe-Rainha.
Além disso, como a Mãe Narcisista sozinha nem sempre será suficiente para punir o “bode expiatório”, principalmente conforme ele cresce, ela ensinará e se utilizará de seus “filhos mascotes” para apoiarem e ajudarem seu plano de vingança e retaliação, colaborando eles com a Fantasia da mãe e reafirmando suas decisões contra o filho rebelde, humilhando-o, satirizando-o junto com a mãe. Como recompensa, a mãe premiará seus “filhos mascotes” com atenção e mimos, que é o que eles, filhos de uma Mãe Narcisista, aprenderam a desejar dela. O papel imposto ao “bode expiatório” é o de ser tratado abertamente por todos da família como inferior e desconectado ao mundo da mãe, um cometa desgarrado do sistema solar dela. É o filho sobre quem a mãe irá contar para todos os amigos dela e do próprio filho as coisas terríveis ou humilhantes que ele fez desde a infância, como se ele fosse um objeto a ser ridicularizado. É comum que a mãe conte tudo que deve diminuir o filho ou ridicularizá-lo até mesmo para suas amigas, namoradas ou esposa, para que até mesmo ela fique contra o filho ou o veja com inferioridade: “Você sabia que meu filho tem aquela doença?”, “Já te contei da vez em que ele fez aquela coisa errada?”, “Já te contei da vez em que ele me fez passar vergonha? E da vez em que ele aprontou comigo e mentiu pra mim?”, são frases comuns.
E como foi tratado assim abertamente, é o filho que mais tem consciência de que foi dado a ele o papel de inferioridade, e, por isso, é comum que desenvolva sentimentos de culpa, depressão, tiques nervosos, raiva, tristeza, rejeição, baixa autoestima, procurando entender porque foi tratado desse jeito e por que sempre se sentiu deslocado. Ao mesmo tempo, como é o filho com mais consciência do papel que sofreu, é o que mais procura terapia, o que mais estuda para entender a relação familiar. Também é o filho que mais procurará enfrentar a imagem negativa que a mãe lhe atribuiu e buscará por si mesmo, no mundo Real, sua identidade, seu valor e seu papel no mundo quando for adulto, quando enfim tem idade para se libertar e seguir a própria vida. Também é comum que ele chegue à vida adulta descobrindo algum talento tardio ou alguma vocação tardia. E, ao tomar consciência de que sua mãe é uma Mãe Narcisista, ao mesmo tempo em que, mesmo adulto, seu papel dado pela família de “bode expiatório” não muda, é o que mantém distanciamento familiar e uma vida independente.
O FILHO DOURADO: “NADA MELHOR QUE UM PUXA-SACO”
O “filho dourado” é o oposto do “bode expiatório”. Em resumo, é o filho para o qual a Mãe Narcisista projeta toda a esperança de satisfazer sua necessidade transtornada de ser adorada e reconhecida incondicionalmente. Como é o filho com o papel de favorecer o narcisismo da mãe, acaba sendo tratado como o queridinho da mamãe. É o filho de quem a mãe diz a todos: “Só ele me entende”, “Ele sempre está do meu lado”, “Ele nunca me decepcionou”, “Ele não é como os outros”, “Eu gosto dele porque ele pensa como eu”, “Eu preferia estar passando meu tempo com ele agora e não com você”.
Embora pareça uma relação amorosa, de forma alguma o é, porque esse filho, perante a mãe, é apenas um filho útil, um mascote pronto a atender suas demandas fantasiosas, ele é apenas uma extensão do narcisismo da mãe. Desde cedo, este filho entende que foi criado para este propósito: agradar a Deusa-Mãe. E é isso o que ele faz, ele se torna um puxa-saco. Se pudesse, esse puxa-saco transformaria o Dia das Mães em feriado internacional, quando presentearia a mãe cantando odes para ela, assinando um pacto com a natureza de reconstituir o cordão umbilical, além de trazer-lhe ouro, incenso e mirra, e entregando à mãe um certificado que redefine o sistema solar condecorando-a como o novo sol.
Conforme cresce, o filho queridinho acaba se tornando um confidente, um parceiro, quase que um amante da mãe, um paizão da mãe, um psicólogo da mãe, um conselheiro da mãe, mas não passa de um bajulador, um dependente infantil do afeto e reconhecimento distorcido da mãe.
Assim como todos os outros filhos, o “filho dourado” também se sente inferiorizado, chantageado e diminuído pela mãe, mas julga que, já que ele consegue atender as demandas da mãe, sendo o mais carinhoso e atencioso e só assim ele recebe a aprovação materna, mesmo que distorcida, então a mãe não é tão má assim. Na verdade, o “filho dourado” por isso mesmo também serve à mãe ao ser o filho que irá defendê-la. Ele tem frases como: “Mas minha mãe fez isso porque me ama”, “Ela se sacrificou por mim, então posso me sacrificar por ela também”, “Ninguém é perfeito, ela só está tentando acertar”, “Toda mãe é assim”. E, por fim, o “filho dourado”, o filho mais imerso na Fantasia da mãe a ponto de atendê-la e de defendê-la, não é de se surpreender que ele mesmo acabe se tornando um Narcisista também, à sombra da mãe.
Quando um “filho dourado” se torna um Narcisista também, se julgará já ao final da infância superior às demais pessoas do universo, achando que todos devem reconhecê-lo e invejá-lo. Terá desprezo por todos, já que ele é o único acima de todos. Seus relacionamentos amorosos serão conflituosos, dramáticos e caóticos porque ninguém estará à altura dele, e suas relações amorosas serão imersas em jogos de ciúme, controle, manipulação, desejo ininterrupto por atenção, tudo que ele herdou do narcisismo da mãe. Não se permitirá amar nem ser amado de verdade, pois não vive no mundo Real, e sim no mundo de Fantasia que ele criou à sombra do mundinho fantástico da mãe. Como vive uma mentira, ele mesmo não se ama, apenas ama uma imagem fantasiosa e megalomaníaca de si mesmo. Ele se torna um adulto arrogante, cínico, agressivo e prepotente, que enxerga a todos como desprezíveis, que tem a certeza de que todos que o criticam o fazem porque sentem inveja de tudo o que ele é e de tudo o que ele tem. À imitação da mãe, irá causar intrigas e confusões, irá diminuir os outros para se sentir acima deles e irá desejar o fracasso dos outros para se sentir bem-sucedido. Embora tenha sido tratado como queridinho e, portanto, chega a desenvolver talentos e uma vocação, está sempre colocando sua carreira a perder devido aos conflitos inevitáveis que gera no tratamento para com as pessoas com quem convive. No trabalho, muda de emprego com frequência cada vez que suas vontades forem contrariadas, cada vez que tiver que obedecer a ordens de um chefe ou tiver que lidar com colegas de trabalho que o achem uma pessoa como qualquer outra. Mas, para a Mãe Narcisista, os fracassos do “filho dourado” não serão reconhecidos nem criticados, já que ela não deseja entrar em conflito com ele, pois precisa que ele continue com o papel de venerá-la, e, por sua vez, como o “filho dourado”, mesmo na vida adulta, continua a ter sua percepção de mundo em função da aprovação distorcida da mãe, ele permanece inconsequente, briguento e irresponsável, e nem tem consciência disso, já que nunca buscou seu valor e sua identidade por si mesmo, no mundo Real, sua única referência de ser alguém no mundo é a de ser o queridinho no mundinho fantasioso da mãe. Como consequência, diante de uma Realidade que não corresponde a suas Fantasias ao lidar com a vida adulta, o que lhe desmascara a personalidade transtornada, é comum que um filho assim faça uso contínuo de drogas, para só aí, no mundo narcótico da Fantasia, ele se realizar, mesmo que em um mundo alucinógeno.
O FILHO INCAPAZ: “ESSE NEM PRECISA FAZER NADA”
Uma vertente do “filho dourado”, o “filho incapaz” é, em resumo, o filho escolhido para ser dependente da mãe para sempre, tornando-se a bonequinha de porcelana da mãe. Embora toda Mãe Narcisista torne seus filhos despreparados para viver no mundo quando adultos, o “filho incapaz” é o mais despreparado de todos abertamente. Ele é o que os demais irmãos chamarão de mimado, pois ele será protegido de toda e qualquer atividade que o leve a se tornar mais responsável, como cuidar das tarefas domésticas ou esforçar-se para tirar boas notas. Como consequência, ele vive uma eterna infância mesmo na vida adulta, sem responsabilidades, sem estudo, sem emprego, sem carreira, sem talento, apenas com a função de estar ao lado da mãe, de nunca a abandonar e estar sempre dependendo de seus favores. Caso namore e se case, procurará um parceiro com a mesma incapacidade, para não ser cobrado de amadurecer na vida. Pelo mesmo motivo, caso esse filho trabalhe, o que não fará muito na vida, será em empregos sem qualificação profissional. A própria Mãe Narcisista irá dizer: “Você não precisa deste emprego horrível, eu cuido de você”. O filho vira um verdadeiro bebezão. Geralmente é o filho caçula, quando a Mãe Narcisista já se deu conta de que sua idade está avançando e que os filhos mais velhos um dia não precisarão mais dela, então ela precisa de alguém que nunca a deixará pois sempre estará precisando dela mesmo quando for adulta.
Como consequência, é muito comum que o “filho incapaz” também se torne uma sombra Narcisista da mãe. Por ter sido criado como incapaz, tornou-se um adulto incapacitado. Esse filho não desenvolve talentos, criatividade, perseverança, ambição nem descobre sua vocação ou sequer procura seu valor no mundo, daí a indolência. Nunca conclui os estudos que começa, está sempre desistindo de empregos, vivendo com a mentalidade de uma eterna criança, e uma criança débil. Mas, para a Mãe Narcisista, os fracassos do “filho incapaz” não serão reconhecidos nem criticados, já que ela não deseja entrar em conflito com ele pois precisa que ele continue com o papel de dependente, e, por sua vez, como o “filho incapaz”, mesmo na vida adulta, continua a ter sua percepção de mundo em função da aprovação distorcida da mãe, ele permanece inconsequente, imaturo, irresponsável, preguiçoso, débil e infantil, e nem tem consciência disso, já que nunca buscou seu valor e sua identidade por si mesmo, no mundo Real, sua única referência de ser alguém no mundo é a de ser a boneca de porcelana no mundinho fantasioso da mãe. Como consequência, diante de uma Realidade que não corresponde a suas Fantasias ao lidar com a vida adulta, o que lhe desmascara a personalidade transtornada, é comum que um filho assim também faça uso de drogas, para só aí, no mundo narcótico da Fantasia, ele se realizar, mesmo que em um mundo alucinógeno.
O FILHO INVISÍVEL: “ESSE NEM APARECE NAS FOTOS”
Uma vertente do “bode expiatório”, o “filho invisível” é, como o rótulo já diz, o filho que é deixado de lado. Mas diferente do “bode expiatório”, ao qual lhe é dada atenção para servir de ridicularização e canal simbólico de frustração da mãe, o “filho invisível” não recebe qualquer atenção. Diferente do “filho incapaz” que é adestrado para ser a bonequinha de porcelana da mãe e nada faça para amadurecer, do “filho invisível” não se espera absolutamente nada; a ele não se ensina nada, apenas que ele está sendo uma despesa, um fardo, que está sobrando. É como se ele não devesse existir nem deveria ter nascido. É possível que ele escute: “Ah, você está aí? Nem vi”, “Seu aniversário era hoje?”. É possível que ele tenha sido fruto de uma gravidez indesejada, após o nascimento de vários filhos. É possível que a mãe até tenha pensado em abortá-lo. O “filho invisível”, portanto, é o filho rejeitado, talvez desde o útero. Será o filho que pouco aparece nas fotos de família e talvez nem tenham sido tiradas fotos de quando ele era bebê. Ele foi sendo esquecido.
Assim como o “bode expiatório”, o “filho invisível” cedo descobre que fora inferiorizado e deslocado sem entender o motivo, mas não chega a rebelar-se com o faz o “bode expiatório”, pois tudo o que ele quer é apenas ser amado e desejado, portanto, não entrará em conflito direto com a mãe. Mais carente de atenção, que nunca lhe foi dada, talvez seja o filho que irá se casar cedo, talvez até mesmo antes do filho mais velho, pois não vê a hora de sair de casa e buscar seu próprio valor, e, mais ainda, buscar uma família para ser amado. É possível que na vida adulta, em conversas com a mãe, ainda buscando entender o porquê de ter se sentido pouco querido, a própria mãe lhe diga com franqueza: “Eu não queria ter tido você”, “Eu cheguei a pensar em abortar você”, “Eu não queria mais filhos, mas aí você veio, fazer o quê?”.
O “filho invisível” crescerá com sentimentos de carência, culpa, angústia, rejeição, raiva, tristeza, rancor, pouca demonstração de empatia e uma sensação de vazio. Ele precisará descobrir que, apesar de como foi a dinâmica de seu lar, ele pode amar e ser amado, ele pode ser alguém na vida.
Quando adulto, já com uma família, ele pode ter desenvolvido o desejo de tratar seus filhos com o carinho e o afeto que nunca teve. Vai querer agir diferente. Mas também é possível que, nunca tendo sentido afeto nem o desejo de ter sido querido, torne-se um adulto fechado, calado e indiferente aos sentimentos alheios, pouco carinhoso e até mesmo bruto, facilmente irritável e frio para com os filhos. Nas poucas conversas que terá com os filhos, eles lhe perguntarão sobre como ele foi na infância, ou qual a data de aniversário de seus tios e primos, como eram seus avós, e a resposta será a mesma: “Sei lá”.
A AVÓ NARCISISTA: “SEUS PAIS MANDAM EM VOCÊ, MAS EU MANDO EM SEUS PAIS E EM VOCÊ”
Filhos de Mães Narcisistas que se tornam pais, além de lidar com a Mãe Narcisista durante a vida adulta, terão de lidar também, agora que são pais, com uma Avó Narcisista. Se uma Mãe Narcisista tratou os filhos como um papel a exercer em função dela mesma, o mesmo ela fará com seus netos. O Narcisista sempre vive em função de si mesmo e deseja que todos vivam em função dele, sejam eles irmãos, filhos ou netos. E se antes a Mãe Narcisista se julgava a melhor mãe do universo, agora ela se julga a melhor avó do universo. Se antes ela manipulava os filhos para atender as carências dela, o mesmo ela fará com os netos, tentando fazer do neto um dependente emocional dela, começando e finalizando conversas com frases dramáticas e superlativas típicas de sedução narcisista: “Vovó te ama infinito”, “Vovó te ama para sempre”, “Você é tudo para mim, a coisa mais preciosa da vovó”, “Não consigo mais viver sem você”. Também o chantageará para que o neto seja responsável pela alegria ou tristeza dela: “Vovó está morrendo de saudade, venha ver mais a vovó”, “Se você vier ver a vovó eu vou te dar uma surpresa”, “Vovó fica triste se você não vier ver ela”. Ela também usará a tática de ter uma relação exclusiva e especial para com o neto, como um poder paralelo ao dos pais. Ela falará ao neto frases como: “Você pode contar todos os seus segredos para a vovó que isso ficará só entre nós”, “Vovó vai te dar uma coisa, mas esse é um segredinho que fica só entre nós, nem papai e mamãe precisam saber”. E se antes ela causava culpa nos filhos por todo o sacrifício que ela fez por eles, o mesmo ela fará com os netos: “Vovó faz tudo por você”, ou dirá para os pais do neto: “Eu passei o dia todo cuidando do seu filho e nem tive tempo para cuidar das minhas coisas”.
Se antes ela se julgava dona do filho, agora ela se julga também dona do neto. Ela usará com o neto frases como: “Seu pai pode até mandar em você, mas eu sou a mãe dele, então eu mando no seu pai e em você”. Uma Avó Narcisista fará de tudo para tirar a autoridade do filho perante o filho dele, já que a única autoridade familiar só pode ser ela mesma. Se os pais tiverem uma regra para com o filho, ela irá quebrar a regra na frente do neto. Se os pais agirem com o filho de uma maneira, ela dirá que deveriam ter agido de outra. Se agiram com gentileza e carinho, deveriam ter sido rigorosos e parar de mimar o filho. Se agiram com rigor e disciplina, deveriam ter sido mais compreensivos e gentis, afinal, o filho é só uma criança. O objetivo dela será o de contrariar os pais para desmerecê-los e colocá-los no seu devido lugar perante ela, ou seja, súditos. Se o neto for filho do “bode expiatório”, ela se utilizará dos seus “filhos mascotes” para ajudá-la a desmerecer qualquer conquista que ele tenha para com o filho. Se o neto for bom em algo, ela dirá ao filho que o neto deve ter herdado algum dom do “filho dourado”. Se o neto tiver alguma dificuldade, ela dirá ao filho que só poderia ser assim mesmo, já que o neto é filho de alguém que faz as coisas erradas. Manipuladora, ela se utilizará do próprio neto para obter relatos íntimos de sua vida com os pais, inclusive, ela permanecerá com o papel de se utilizar de seus “filhos mascotes” para ajudarem-na a obter esses relatos íntimos da vida pessoal do neto, unicamente para distorcê-los e causar intrigas entre o neto e os pais dele.
E se antes a Mãe Narcisista era a Diretora-Mãe que definia o papel de cada filho, agora ela é a Diretora-Avó e definirá o papel de cada neto. Se ela tiver netos de filhos diferentes, ela fará o mesmo que fez com os filhos, e incitará que os netos disputem pela atenção dela e tenham ciúmes entre si. Ela poderá dizer ao neto mais velho, ao nascer um novo neto na família: “Vovó sabe que você está com ciúmes e que estou dando mais atenção ao novo neto, mas saiba que a vovó ama os dois”. Se um dos netos for filho do “filho incapaz”, ela também verá este neto como oportunidade de viver eternamente dependente dela e mimará este neto para que ele seja a nova bonequinha de porcelana da vovó. Se um dos netos for filho do “bode expiatório” ela também verá o neto como o “neto expiatório” e, apesar de tentar comprá-lo para o lado dela a princípio, ela tratará o neto como o “neto expiatório” quando for preciso e o tratará com injustiças, desprezo, desmerecimento e castigos humilhantes perante seus primos, principalmente quando esse neto não atender aos caprichos narcisistas da avó, o que acontece quando o neto estiver no fim da infância e não for mais aquele bebê fácil de mimar e de manipular. Ela poderá fazer ameaças de castigos humilhantes como fizera com seus filhos: “Se você quebrar o brinquedo do seu primo, eu vou tirar um brinquedo seu e dar para o seu primo e você vai ficar sem nada e ainda vai olhar seu primo brincar com o seu brinquedo”. É claro, se o “bode expiatório” é o filho rebelde, que não se adequa a seu mundo de Fantasia, o “neto expiatório” será aquele que também não se adequará ao mundo de Fantasia da Avó Narcisista. Se o “neto expiatório” for filho do “bode expiatório”, ele também será utilizado para ser desmerecido e ridicularizado por toda a família, principalmente pelos tios, os “filhos mascotes” que permanecem como capachos úteis a serviço da Mãe Narcisista.
Nessa dinâmica tóxica e perversa, caberá ao filho da Mãe Narcisista a decisão de deixar que seus filhos sejam intoxicados também só para conviverem com a avó, ou se é preferível preservar a saúde mental e emocional dos filhos mantendo certo distanciamento ou mesmo nenhum contato.
E é sobre isso que falaremos na seção seguinte, as difíceis escolhas dos filhos que descobrem que sua mãe é uma Mãe Narcisista.
Este ensaio foi dividido em seis seções.
Na Parte I, falamos sobre a necessidade de se discutir sobre o narcisismo materno.
Na Parte II, falamos sobre a construção da personalidade, os conflitos com a realidade e o transtorno de personalidade narcisista.
Na Parte III, falamos sobre a Mãe Narcisista e suas fantasias.
Na Parte IV, falamos sobre a Mãe Narcisista e suas táticas de manipulação.
Na Parte V, falamos sobre como a Mãe Narcisista atribui a seus filhos papeis diferentes.
E na Parte VI, falaremos sobre algumas vias de convívio com a Mãe Narcisista.
Este é um assunto muito sério. O seio familiar é nossa primeira experiência no mundo. É no seio familiar que aprendemos valores, construímos nosso caráter, mas, principalmente, construímos nossa autoestima, nossa autoimagem e nossa personalidade que nos acompanhará pelo resto da vida em nossa relação com o próprio ser em si e em nossas relações sociais. Conhecermos a nós mesmos e sobre a construção de nossa personalidade, conhecer sobre a imagem que nossos pais fizeram de nós quando éramos indefesos e como isso afetou nossas vidas, reconhecer os abusos sofridos e compreendê-los, conhecer a própria força e o próprio valor para sermos pessoas melhores a cada dia, mais maduras, sábias e plenas é o verdadeiro sentido da vida.
PARA MAIORES INFORMAÇÕES
Por ser um ensaio, esta reflexão sobre narcisismo materno não tem a menor pretensão de fazer acusações levianas sobre o papel da mulher, da mãe ou apontar qual mãe é ou não narcisista, nem a menor pretensão de ser um estudo clínico ou psicanalítico. Ao contrário, a presente reflexão traz tão somente uma mera introdução informal ao tema com a finalidade de suscitar seu aprofundamento a quem tiver interesse.
Portanto, para maiores informações e maior aprofundamento ao tema, ao fim de cada seção deixamos links de sites e canais de vídeo para enriquecer seu conhecimento sobre o assunto sob o olhar profissional de especialistas e doutores. Boa pesquisa!
Portal “Manuais MSD”
[Clique AQUI]
E-book “Prisioneiras do Espelho: Um guia de liberdade pessoal para filhas de mães narcisistas”, de Michele Engelke
[Clique AQUI]
Vídeo “Carta ao Narcisista”
[Clique AQUI]
Blog “Filhas de Mães Narcisistas”
[Clique AQUI]
Blog “Verdade dita”
[Clique AQUI]
Site “Psicologias do Brasil”
[Clique AQUI]]
Canal “Como superar Mães Narcisistas”
[Clique AQUI]
Canal “Dra Cássia Rodrigues”
[Clique AQUI]
Canal “Saúde Consciente”
[Clique AQUI]
Canal “Sabedoria Emocional”
[Clique AQUI]
Canal “Papo com Anahy D'Amico”
[Clique AQUI]
Canal “Sobre a Vida”
[Clique AQUI]
Canal “Taryana Rocha”
[Clique AQUI]
O seio familiar é nossa primeira experiência no mundo e a figura materna é central na construção de nossa autoimagem, autoestima e principalmente de nossa personalidade. É por isso que precisamos falar sobre narcisismo materno. Neste ensaio, já tratamos na Parte I sobre a necessidade de falarmos sobre o assunto. Na Parte II, tratamos sobre a construção da personalidade e sobre o transtorno de personalidade narcisista. Nas Partes III e IV, damos início ao tema propriamente dito. Como é uma Mãe Narcisista, quais suas fantasias e quais suas táticas de manipulação.
Agora vamos conhecer como a Mãe Narcisista enxerga seus filhos e quais papeis eles recebem nessa relação. Se você ainda acha que toda mãe trata todos os filhos igualmente, você precisa muito mesmo conhecer os filhos de Mães Narcisistas, pois, ao contrário das outras pessoas que conheceram o Narcisista e foram convidados por ele a visitarem seu reino fantástico da Narcisolândia, os filhos de mães narcisistas nascem sem conhecer o lado de fora da vida real primeiro, pois são os únicos que já nasceram dentro do reino fantástico da Narcisolândia.
OS FILHOS DA MÃE NARCISISTA: “MEUS FILHOS SÃO O QUE EU DISSER QUE ELES SÃO”
Todo Narcisista transfere para o mundo Real duas coisas: seu plano de vingança pelas frustrações de quando era criança; e seu sonho de grandeza fantasiado para esconder sua baixa autoestima e compensar as frustrações de quando era criança. Quando um Narcisista forma uma família, não conseguirá ver uma família como um ambiente de harmonia e alegria de viver, pois sua própria história e sua própria personalidade não são de harmonia nem de alegria, mais sim de conflito, raiva e tristeza, e, portanto, desejará uma família que esteja sempre em conflito. Para a Mãe Narcisista, os próprios filhos deverão estar sempre em conflito, brigando, fofocando, espionando um ao outro, disputando pela atenção da mãe. Ela mesma incitará insidiosamente esses conflitos, ora favorecendo mais um filho do que o outro só para ver a depreciação do desfavorecido, e ora para ver qual deles ficará do lado dela. Também é comum que ela se utilize do marido, o pai dos filhos, para fazer o jogo dela servindo-lhe de guarda-costas pessoal, um cúmplice de suas táticas.
A Mãe Narcisista não enxerga os filhos como pessoas, como indivíduos com direitos, ela enxerga os filhos como meras peças do jogo dela, como uma propriedade dela, como súditos, como capachos, como suprimento de suas fantasias narcisistas, mas transfere essas frustrações para os filhos de maneiras diferentes, mas sempre prejudiciais. Em muitos casos, as frustrações são transferidas para a filha mulher, como se ela fosse um espelho de compensação de suas frustrações. Mas, geralmente, quando uma Mãe Narcisista tem muitos filhos, para cada um deles a Diretora-Mãe designará um papel simbólico a ser exercido em função dela mesma. Além disso, a Diretora-Mãe irá também definir qual deve ser o roteiro que cada filho deverá exercer um para com o outro.
Um dos papeis mais comuns é o do filho “bode expiatório”, ou seja, o filho mais rejeitado, a piada ambulante, contra o qual ela transferirá tudo de ruim que aconteceu com ela, como uma revanche por tudo que ela sentiu e ainda sente sofrer; outro filho poderá ser tratado como o “filho dourado”, ou seja, o filho mais útil, o mascote da mãe, para o qual ela projeta toda a esperança de ser adorada e reconhecida; outro filho poderá ser tratado como o “filho incapaz”, ou seja, o filho mais mimado, o bebezão, para o qual se espera total e permanente dependência da mãe; outro filho poderá ser tratado como o “filho invisível”, ou seja, o filho indesejado que nem deveria ter nascido e será tratado como se nem existisse. Esses são os papeis simbólicos mais comuns que a Mãe Narcisista pode impor aos filhos. Esses papeis são afixados pela mãe desde cedo, mas podem variar de um filho para o outro em alguma fase da vida conforme um filho se torna mais rebelde em algum momento ou se torna mais obediente aos caprichos da mãe em outro momento.
O BODE EXPIATÓRIO: “O QUE EU SOFRI ELE VAI SOFRER EM DOBRO”
O “bode expiatório” é, em resumo, o filho contra o qual a Mãe irá se vingar simbolicamente de tudo o que ela julga ter sofrido quando era criança. Tudo o que esse filho fizer deverá ser diminuído, desprezado, desmerecido, subestimado. O próprio filho em si é diminuído, desprezado, desmerecido, subestimado. Geralmente é o filho mais velho, pois a mãe irá descarregar sua revanche por tudo o que sofreu logo na primeira oportunidade, portanto, no primeiro filho que nasce.
A Mãe Narcisista projeta nesse filho a sina de ser sempre julgado e punido, e toda a família deverá apoiá-la punindo-o junto com ela. Portanto, este filho será o que mais sofrerá humilhações, injustiças, calúnias, difamações, traições, desprezo e castigos, tanto físicos quanto psicológicos, mesmo se não tiver feito nada de mais, apenas para que a mãe o coloque em seu devido lugar. Desfavorecido em qualquer circunstância, é comum que a mãe tire dele um brinquedo com o qual ele esteja brincando para dar a um dos irmãos sempre que eles pedirem, e é comum que os irmãos aprendam esta dinâmica e a usem para tirar do irmão “bode expiatório” o que quiserem. Frases como: “Ô, mãe! Ele não quer me dar o brinquedo!”, são respondidas inquestionavelmente com: “Dê seu brinquedo ao seu irmão!”. Também é comum que ela faça o “bode expiatório” pagar os gastos ou dar algo dele aos irmãos em casos em que algo dos irmãos foi quebrado ou danificado resultante de brincadeiras ou brigas entre eles. Não importa quem começou, não importa se os irmãos quebraram juntos, não importa nem se foi um acidente, o “bode expiatório” será sempre o responsabilizado e algo do qual ele gosta lhe será tirado e dado aos irmãos como punição.
Enquanto cresce, esse filho manifesta seu incômodo por esse tratamento e, por isso, começa por criticar a mãe e a não fazer o jogo mental dela, o que corrobora para que permaneça sendo o mais ultrajado, o mais punido; será tratado agora como o filho rebelde sem causa, a ovelha negra da família, que faz tudo unicamente para contrariar e desafiar a autoridade da Mãe-Rainha.
Além disso, como a Mãe Narcisista sozinha nem sempre será suficiente para punir o “bode expiatório”, principalmente conforme ele cresce, ela ensinará e se utilizará de seus “filhos mascotes” para apoiarem e ajudarem seu plano de vingança e retaliação, colaborando eles com a Fantasia da mãe e reafirmando suas decisões contra o filho rebelde, humilhando-o, satirizando-o junto com a mãe. Como recompensa, a mãe premiará seus “filhos mascotes” com atenção e mimos, que é o que eles, filhos de uma Mãe Narcisista, aprenderam a desejar dela. O papel imposto ao “bode expiatório” é o de ser tratado abertamente por todos da família como inferior e desconectado ao mundo da mãe, um cometa desgarrado do sistema solar dela. É o filho sobre quem a mãe irá contar para todos os amigos dela e do próprio filho as coisas terríveis ou humilhantes que ele fez desde a infância, como se ele fosse um objeto a ser ridicularizado. É comum que a mãe conte tudo que deve diminuir o filho ou ridicularizá-lo até mesmo para suas amigas, namoradas ou esposa, para que até mesmo ela fique contra o filho ou o veja com inferioridade: “Você sabia que meu filho tem aquela doença?”, “Já te contei da vez em que ele fez aquela coisa errada?”, “Já te contei da vez em que ele me fez passar vergonha? E da vez em que ele aprontou comigo e mentiu pra mim?”, são frases comuns.
E como foi tratado assim abertamente, é o filho que mais tem consciência de que foi dado a ele o papel de inferioridade, e, por isso, é comum que desenvolva sentimentos de culpa, depressão, tiques nervosos, raiva, tristeza, rejeição, baixa autoestima, procurando entender porque foi tratado desse jeito e por que sempre se sentiu deslocado. Ao mesmo tempo, como é o filho com mais consciência do papel que sofreu, é o que mais procura terapia, o que mais estuda para entender a relação familiar. Também é o filho que mais procurará enfrentar a imagem negativa que a mãe lhe atribuiu e buscará por si mesmo, no mundo Real, sua identidade, seu valor e seu papel no mundo quando for adulto, quando enfim tem idade para se libertar e seguir a própria vida. Também é comum que ele chegue à vida adulta descobrindo algum talento tardio ou alguma vocação tardia. E, ao tomar consciência de que sua mãe é uma Mãe Narcisista, ao mesmo tempo em que, mesmo adulto, seu papel dado pela família de “bode expiatório” não muda, é o que mantém distanciamento familiar e uma vida independente.
O FILHO DOURADO: “NADA MELHOR QUE UM PUXA-SACO”
O “filho dourado” é o oposto do “bode expiatório”. Em resumo, é o filho para o qual a Mãe Narcisista projeta toda a esperança de satisfazer sua necessidade transtornada de ser adorada e reconhecida incondicionalmente. Como é o filho com o papel de favorecer o narcisismo da mãe, acaba sendo tratado como o queridinho da mamãe. É o filho de quem a mãe diz a todos: “Só ele me entende”, “Ele sempre está do meu lado”, “Ele nunca me decepcionou”, “Ele não é como os outros”, “Eu gosto dele porque ele pensa como eu”, “Eu preferia estar passando meu tempo com ele agora e não com você”.
Embora pareça uma relação amorosa, de forma alguma o é, porque esse filho, perante a mãe, é apenas um filho útil, um mascote pronto a atender suas demandas fantasiosas, ele é apenas uma extensão do narcisismo da mãe. Desde cedo, este filho entende que foi criado para este propósito: agradar a Deusa-Mãe. E é isso o que ele faz, ele se torna um puxa-saco. Se pudesse, esse puxa-saco transformaria o Dia das Mães em feriado internacional, quando presentearia a mãe cantando odes para ela, assinando um pacto com a natureza de reconstituir o cordão umbilical, além de trazer-lhe ouro, incenso e mirra, e entregando à mãe um certificado que redefine o sistema solar condecorando-a como o novo sol.
Conforme cresce, o filho queridinho acaba se tornando um confidente, um parceiro, quase que um amante da mãe, um paizão da mãe, um psicólogo da mãe, um conselheiro da mãe, mas não passa de um bajulador, um dependente infantil do afeto e reconhecimento distorcido da mãe.
Assim como todos os outros filhos, o “filho dourado” também se sente inferiorizado, chantageado e diminuído pela mãe, mas julga que, já que ele consegue atender as demandas da mãe, sendo o mais carinhoso e atencioso e só assim ele recebe a aprovação materna, mesmo que distorcida, então a mãe não é tão má assim. Na verdade, o “filho dourado” por isso mesmo também serve à mãe ao ser o filho que irá defendê-la. Ele tem frases como: “Mas minha mãe fez isso porque me ama”, “Ela se sacrificou por mim, então posso me sacrificar por ela também”, “Ninguém é perfeito, ela só está tentando acertar”, “Toda mãe é assim”. E, por fim, o “filho dourado”, o filho mais imerso na Fantasia da mãe a ponto de atendê-la e de defendê-la, não é de se surpreender que ele mesmo acabe se tornando um Narcisista também, à sombra da mãe.
Quando um “filho dourado” se torna um Narcisista também, se julgará já ao final da infância superior às demais pessoas do universo, achando que todos devem reconhecê-lo e invejá-lo. Terá desprezo por todos, já que ele é o único acima de todos. Seus relacionamentos amorosos serão conflituosos, dramáticos e caóticos porque ninguém estará à altura dele, e suas relações amorosas serão imersas em jogos de ciúme, controle, manipulação, desejo ininterrupto por atenção, tudo que ele herdou do narcisismo da mãe. Não se permitirá amar nem ser amado de verdade, pois não vive no mundo Real, e sim no mundo de Fantasia que ele criou à sombra do mundinho fantástico da mãe. Como vive uma mentira, ele mesmo não se ama, apenas ama uma imagem fantasiosa e megalomaníaca de si mesmo. Ele se torna um adulto arrogante, cínico, agressivo e prepotente, que enxerga a todos como desprezíveis, que tem a certeza de que todos que o criticam o fazem porque sentem inveja de tudo o que ele é e de tudo o que ele tem. À imitação da mãe, irá causar intrigas e confusões, irá diminuir os outros para se sentir acima deles e irá desejar o fracasso dos outros para se sentir bem-sucedido. Embora tenha sido tratado como queridinho e, portanto, chega a desenvolver talentos e uma vocação, está sempre colocando sua carreira a perder devido aos conflitos inevitáveis que gera no tratamento para com as pessoas com quem convive. No trabalho, muda de emprego com frequência cada vez que suas vontades forem contrariadas, cada vez que tiver que obedecer a ordens de um chefe ou tiver que lidar com colegas de trabalho que o achem uma pessoa como qualquer outra. Mas, para a Mãe Narcisista, os fracassos do “filho dourado” não serão reconhecidos nem criticados, já que ela não deseja entrar em conflito com ele, pois precisa que ele continue com o papel de venerá-la, e, por sua vez, como o “filho dourado”, mesmo na vida adulta, continua a ter sua percepção de mundo em função da aprovação distorcida da mãe, ele permanece inconsequente, briguento e irresponsável, e nem tem consciência disso, já que nunca buscou seu valor e sua identidade por si mesmo, no mundo Real, sua única referência de ser alguém no mundo é a de ser o queridinho no mundinho fantasioso da mãe. Como consequência, diante de uma Realidade que não corresponde a suas Fantasias ao lidar com a vida adulta, o que lhe desmascara a personalidade transtornada, é comum que um filho assim faça uso contínuo de drogas, para só aí, no mundo narcótico da Fantasia, ele se realizar, mesmo que em um mundo alucinógeno.
O FILHO INCAPAZ: “ESSE NEM PRECISA FAZER NADA”
Uma vertente do “filho dourado”, o “filho incapaz” é, em resumo, o filho escolhido para ser dependente da mãe para sempre, tornando-se a bonequinha de porcelana da mãe. Embora toda Mãe Narcisista torne seus filhos despreparados para viver no mundo quando adultos, o “filho incapaz” é o mais despreparado de todos abertamente. Ele é o que os demais irmãos chamarão de mimado, pois ele será protegido de toda e qualquer atividade que o leve a se tornar mais responsável, como cuidar das tarefas domésticas ou esforçar-se para tirar boas notas. Como consequência, ele vive uma eterna infância mesmo na vida adulta, sem responsabilidades, sem estudo, sem emprego, sem carreira, sem talento, apenas com a função de estar ao lado da mãe, de nunca a abandonar e estar sempre dependendo de seus favores. Caso namore e se case, procurará um parceiro com a mesma incapacidade, para não ser cobrado de amadurecer na vida. Pelo mesmo motivo, caso esse filho trabalhe, o que não fará muito na vida, será em empregos sem qualificação profissional. A própria Mãe Narcisista irá dizer: “Você não precisa deste emprego horrível, eu cuido de você”. O filho vira um verdadeiro bebezão. Geralmente é o filho caçula, quando a Mãe Narcisista já se deu conta de que sua idade está avançando e que os filhos mais velhos um dia não precisarão mais dela, então ela precisa de alguém que nunca a deixará pois sempre estará precisando dela mesmo quando for adulta.
Como consequência, é muito comum que o “filho incapaz” também se torne uma sombra Narcisista da mãe. Por ter sido criado como incapaz, tornou-se um adulto incapacitado. Esse filho não desenvolve talentos, criatividade, perseverança, ambição nem descobre sua vocação ou sequer procura seu valor no mundo, daí a indolência. Nunca conclui os estudos que começa, está sempre desistindo de empregos, vivendo com a mentalidade de uma eterna criança, e uma criança débil. Mas, para a Mãe Narcisista, os fracassos do “filho incapaz” não serão reconhecidos nem criticados, já que ela não deseja entrar em conflito com ele pois precisa que ele continue com o papel de dependente, e, por sua vez, como o “filho incapaz”, mesmo na vida adulta, continua a ter sua percepção de mundo em função da aprovação distorcida da mãe, ele permanece inconsequente, imaturo, irresponsável, preguiçoso, débil e infantil, e nem tem consciência disso, já que nunca buscou seu valor e sua identidade por si mesmo, no mundo Real, sua única referência de ser alguém no mundo é a de ser a boneca de porcelana no mundinho fantasioso da mãe. Como consequência, diante de uma Realidade que não corresponde a suas Fantasias ao lidar com a vida adulta, o que lhe desmascara a personalidade transtornada, é comum que um filho assim também faça uso de drogas, para só aí, no mundo narcótico da Fantasia, ele se realizar, mesmo que em um mundo alucinógeno.
O FILHO INVISÍVEL: “ESSE NEM APARECE NAS FOTOS”
Uma vertente do “bode expiatório”, o “filho invisível” é, como o rótulo já diz, o filho que é deixado de lado. Mas diferente do “bode expiatório”, ao qual lhe é dada atenção para servir de ridicularização e canal simbólico de frustração da mãe, o “filho invisível” não recebe qualquer atenção. Diferente do “filho incapaz” que é adestrado para ser a bonequinha de porcelana da mãe e nada faça para amadurecer, do “filho invisível” não se espera absolutamente nada; a ele não se ensina nada, apenas que ele está sendo uma despesa, um fardo, que está sobrando. É como se ele não devesse existir nem deveria ter nascido. É possível que ele escute: “Ah, você está aí? Nem vi”, “Seu aniversário era hoje?”. É possível que ele tenha sido fruto de uma gravidez indesejada, após o nascimento de vários filhos. É possível que a mãe até tenha pensado em abortá-lo. O “filho invisível”, portanto, é o filho rejeitado, talvez desde o útero. Será o filho que pouco aparece nas fotos de família e talvez nem tenham sido tiradas fotos de quando ele era bebê. Ele foi sendo esquecido.
Assim como o “bode expiatório”, o “filho invisível” cedo descobre que fora inferiorizado e deslocado sem entender o motivo, mas não chega a rebelar-se com o faz o “bode expiatório”, pois tudo o que ele quer é apenas ser amado e desejado, portanto, não entrará em conflito direto com a mãe. Mais carente de atenção, que nunca lhe foi dada, talvez seja o filho que irá se casar cedo, talvez até mesmo antes do filho mais velho, pois não vê a hora de sair de casa e buscar seu próprio valor, e, mais ainda, buscar uma família para ser amado. É possível que na vida adulta, em conversas com a mãe, ainda buscando entender o porquê de ter se sentido pouco querido, a própria mãe lhe diga com franqueza: “Eu não queria ter tido você”, “Eu cheguei a pensar em abortar você”, “Eu não queria mais filhos, mas aí você veio, fazer o quê?”.
O “filho invisível” crescerá com sentimentos de carência, culpa, angústia, rejeição, raiva, tristeza, rancor, pouca demonstração de empatia e uma sensação de vazio. Ele precisará descobrir que, apesar de como foi a dinâmica de seu lar, ele pode amar e ser amado, ele pode ser alguém na vida.
Quando adulto, já com uma família, ele pode ter desenvolvido o desejo de tratar seus filhos com o carinho e o afeto que nunca teve. Vai querer agir diferente. Mas também é possível que, nunca tendo sentido afeto nem o desejo de ter sido querido, torne-se um adulto fechado, calado e indiferente aos sentimentos alheios, pouco carinhoso e até mesmo bruto, facilmente irritável e frio para com os filhos. Nas poucas conversas que terá com os filhos, eles lhe perguntarão sobre como ele foi na infância, ou qual a data de aniversário de seus tios e primos, como eram seus avós, e a resposta será a mesma: “Sei lá”.
A AVÓ NARCISISTA: “SEUS PAIS MANDAM EM VOCÊ, MAS EU MANDO EM SEUS PAIS E EM VOCÊ”
Filhos de Mães Narcisistas que se tornam pais, além de lidar com a Mãe Narcisista durante a vida adulta, terão de lidar também, agora que são pais, com uma Avó Narcisista. Se uma Mãe Narcisista tratou os filhos como um papel a exercer em função dela mesma, o mesmo ela fará com seus netos. O Narcisista sempre vive em função de si mesmo e deseja que todos vivam em função dele, sejam eles irmãos, filhos ou netos. E se antes a Mãe Narcisista se julgava a melhor mãe do universo, agora ela se julga a melhor avó do universo. Se antes ela manipulava os filhos para atender as carências dela, o mesmo ela fará com os netos, tentando fazer do neto um dependente emocional dela, começando e finalizando conversas com frases dramáticas e superlativas típicas de sedução narcisista: “Vovó te ama infinito”, “Vovó te ama para sempre”, “Você é tudo para mim, a coisa mais preciosa da vovó”, “Não consigo mais viver sem você”. Também o chantageará para que o neto seja responsável pela alegria ou tristeza dela: “Vovó está morrendo de saudade, venha ver mais a vovó”, “Se você vier ver a vovó eu vou te dar uma surpresa”, “Vovó fica triste se você não vier ver ela”. Ela também usará a tática de ter uma relação exclusiva e especial para com o neto, como um poder paralelo ao dos pais. Ela falará ao neto frases como: “Você pode contar todos os seus segredos para a vovó que isso ficará só entre nós”, “Vovó vai te dar uma coisa, mas esse é um segredinho que fica só entre nós, nem papai e mamãe precisam saber”. E se antes ela causava culpa nos filhos por todo o sacrifício que ela fez por eles, o mesmo ela fará com os netos: “Vovó faz tudo por você”, ou dirá para os pais do neto: “Eu passei o dia todo cuidando do seu filho e nem tive tempo para cuidar das minhas coisas”.
Se antes ela se julgava dona do filho, agora ela se julga também dona do neto. Ela usará com o neto frases como: “Seu pai pode até mandar em você, mas eu sou a mãe dele, então eu mando no seu pai e em você”. Uma Avó Narcisista fará de tudo para tirar a autoridade do filho perante o filho dele, já que a única autoridade familiar só pode ser ela mesma. Se os pais tiverem uma regra para com o filho, ela irá quebrar a regra na frente do neto. Se os pais agirem com o filho de uma maneira, ela dirá que deveriam ter agido de outra. Se agiram com gentileza e carinho, deveriam ter sido rigorosos e parar de mimar o filho. Se agiram com rigor e disciplina, deveriam ter sido mais compreensivos e gentis, afinal, o filho é só uma criança. O objetivo dela será o de contrariar os pais para desmerecê-los e colocá-los no seu devido lugar perante ela, ou seja, súditos. Se o neto for filho do “bode expiatório”, ela se utilizará dos seus “filhos mascotes” para ajudá-la a desmerecer qualquer conquista que ele tenha para com o filho. Se o neto for bom em algo, ela dirá ao filho que o neto deve ter herdado algum dom do “filho dourado”. Se o neto tiver alguma dificuldade, ela dirá ao filho que só poderia ser assim mesmo, já que o neto é filho de alguém que faz as coisas erradas. Manipuladora, ela se utilizará do próprio neto para obter relatos íntimos de sua vida com os pais, inclusive, ela permanecerá com o papel de se utilizar de seus “filhos mascotes” para ajudarem-na a obter esses relatos íntimos da vida pessoal do neto, unicamente para distorcê-los e causar intrigas entre o neto e os pais dele.
E se antes a Mãe Narcisista era a Diretora-Mãe que definia o papel de cada filho, agora ela é a Diretora-Avó e definirá o papel de cada neto. Se ela tiver netos de filhos diferentes, ela fará o mesmo que fez com os filhos, e incitará que os netos disputem pela atenção dela e tenham ciúmes entre si. Ela poderá dizer ao neto mais velho, ao nascer um novo neto na família: “Vovó sabe que você está com ciúmes e que estou dando mais atenção ao novo neto, mas saiba que a vovó ama os dois”. Se um dos netos for filho do “filho incapaz”, ela também verá este neto como oportunidade de viver eternamente dependente dela e mimará este neto para que ele seja a nova bonequinha de porcelana da vovó. Se um dos netos for filho do “bode expiatório” ela também verá o neto como o “neto expiatório” e, apesar de tentar comprá-lo para o lado dela a princípio, ela tratará o neto como o “neto expiatório” quando for preciso e o tratará com injustiças, desprezo, desmerecimento e castigos humilhantes perante seus primos, principalmente quando esse neto não atender aos caprichos narcisistas da avó, o que acontece quando o neto estiver no fim da infância e não for mais aquele bebê fácil de mimar e de manipular. Ela poderá fazer ameaças de castigos humilhantes como fizera com seus filhos: “Se você quebrar o brinquedo do seu primo, eu vou tirar um brinquedo seu e dar para o seu primo e você vai ficar sem nada e ainda vai olhar seu primo brincar com o seu brinquedo”. É claro, se o “bode expiatório” é o filho rebelde, que não se adequa a seu mundo de Fantasia, o “neto expiatório” será aquele que também não se adequará ao mundo de Fantasia da Avó Narcisista. Se o “neto expiatório” for filho do “bode expiatório”, ele também será utilizado para ser desmerecido e ridicularizado por toda a família, principalmente pelos tios, os “filhos mascotes” que permanecem como capachos úteis a serviço da Mãe Narcisista.
Nessa dinâmica tóxica e perversa, caberá ao filho da Mãe Narcisista a decisão de deixar que seus filhos sejam intoxicados também só para conviverem com a avó, ou se é preferível preservar a saúde mental e emocional dos filhos mantendo certo distanciamento ou mesmo nenhum contato.
E é sobre isso que falaremos na seção seguinte, as difíceis escolhas dos filhos que descobrem que sua mãe é uma Mãe Narcisista.
Este ensaio foi dividido em seis seções.
Na Parte I, falamos sobre a necessidade de se discutir sobre o narcisismo materno.
Na Parte II, falamos sobre a construção da personalidade, os conflitos com a realidade e o transtorno de personalidade narcisista.
Na Parte III, falamos sobre a Mãe Narcisista e suas fantasias.
Na Parte IV, falamos sobre a Mãe Narcisista e suas táticas de manipulação.
Na Parte V, falamos sobre como a Mãe Narcisista atribui a seus filhos papeis diferentes.
E na Parte VI, falaremos sobre algumas vias de convívio com a Mãe Narcisista.
Este é um assunto muito sério. O seio familiar é nossa primeira experiência no mundo. É no seio familiar que aprendemos valores, construímos nosso caráter, mas, principalmente, construímos nossa autoestima, nossa autoimagem e nossa personalidade que nos acompanhará pelo resto da vida em nossa relação com o próprio ser em si e em nossas relações sociais. Conhecermos a nós mesmos e sobre a construção de nossa personalidade, conhecer sobre a imagem que nossos pais fizeram de nós quando éramos indefesos e como isso afetou nossas vidas, reconhecer os abusos sofridos e compreendê-los, conhecer a própria força e o próprio valor para sermos pessoas melhores a cada dia, mais maduras, sábias e plenas é o verdadeiro sentido da vida.
PARA MAIORES INFORMAÇÕES
Por ser um ensaio, esta reflexão sobre narcisismo materno não tem a menor pretensão de fazer acusações levianas sobre o papel da mulher, da mãe ou apontar qual mãe é ou não narcisista, nem a menor pretensão de ser um estudo clínico ou psicanalítico. Ao contrário, a presente reflexão traz tão somente uma mera introdução informal ao tema com a finalidade de suscitar seu aprofundamento a quem tiver interesse.
Portanto, para maiores informações e maior aprofundamento ao tema, ao fim de cada seção deixamos links de sites e canais de vídeo para enriquecer seu conhecimento sobre o assunto sob o olhar profissional de especialistas e doutores. Boa pesquisa!
Portal “Manuais MSD”
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E-book “Prisioneiras do Espelho: Um guia de liberdade pessoal para filhas de mães narcisistas”, de Michele Engelke
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Vídeo “Carta ao Narcisista”
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Blog “Filhas de Mães Narcisistas”
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Blog “Verdade dita”
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Site “Psicologias do Brasil”
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Canal “Como superar Mães Narcisistas”
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Canal “Dra Cássia Rodrigues”
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Canal “Saúde Consciente”
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Canal “Sabedoria Emocional”
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Canal “Papo com Anahy D'Amico”
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Canal “Sobre a Vida”
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Canal “Taryana Rocha”
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