MÃES NARCISISTAS - Parte II - O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE NARCISISTA


   O seio familiar é nossa primeira experiência no mundo e a figura materna é central na construção de nossa autoimagem, autoestima e principalmente de nossa personalidade. É por isso que precisamos falar sobre narcisismo materno. Neste ensaio, já tratamos na Parte I sobre a necessidade de falarmos sobre o assunto. Agora trataremos sobre a construção da personalidade e sobre o transtorno de personalidade narcisista.
   Para entendermos a personalidade da Mãe Narcisista, precisamos entender primeiramente: o que é personalidade; quando e como ela é formada; quais estímulos geram harmonia com a Realidade e quais estímulos geram conflito com a Realidade; o que acontece quando a criança tem conflitos com a Realidade; o que são transtornos de personalidade; e como é uma pessoa com transtorno de personalidade narcisista.
 
 
O QUE É PERSONALIDADE
 
   Personalidade é o conjunto de características psicológicas duradouras que definem uma pessoa em seu modo de pensar, sentir, agir, comportar-se, identificar-se perante si e perante o mundo e relacionar-se com os outros.
 
 
QUANDO É FORMADA A PERSONALIDADE
 
   Apesar de toda pessoa ter algumas características psicológicas que lhe são inatas, ninguém nasce com personalidade. Entretanto, a personalidade é formada bem cedo, logo durante a infância. Portanto, a infância é uma fase decisiva na vida de qualquer pessoa porque é neste período em que as experiências psicológicas que a criança vivenciou (medos, traumas, carinho, carências, estímulos, violências, lembranças boas e ruins) farão parte dos ingredientes que irão compor sua personalidade. Uma vez construída a personalidade durante a infância, ela não muda e dura para o resto da vida.
 
 
COMO É FORMADA A PERSONALIDADE
 
   Ela é formada por meio da interação da criança com o ambiente em que vive. O ambiente mais próximo, poderoso e decisivo é a família. De acordo com a interpretação que a criança faz desses estímulos, dessa visão que os pais têm dela, de como a criança é tratada, e se a criança aceita ou luta contra esses estímulos, é que vai se formando a personalidade.
 
 
ESTÍMULOS POSITIVOS GERAM HARMONIA
 
   Em um ambiente com estímulos positivos, encorajadores, carinhosos, saudáveis, em que o filho é querido e visto com amor, a criança entra em harmonia com a Realidade e vai formando sentimentos de segurança, alegria, encorajamento, autoestima elevada, equilíbrio emocional, autonomia e iniciativa.
 
 
ESTÍMULOS NEGATIVOS GERAM CONFLITO
 
   Ao contrário, em um ambiente com estímulos negativos, ameaçadores, sem demonstração de carinho, traumáticos, em que o filho não é querido nem visto com amor, a criança entra em conflito com a Realidade e vai formando sentimentos de insegurança, raiva, medo, baixa autoestima, ansiedade, desequilíbrio emocional, passividade. Em casos severos: depressão, neuroses, manias e transtornos mentais. No ambiente negativo, é como se a criança fosse um rio e os pais estão lá na nascente despejando venenos tóxicos que poluem o rio todo, da fonte até ele chegar ao mar. Alguns venenos psicológicos podem ser limpos, mas outros venenos contaminam o rio para sempre.
 
 
DEFININDO A PERSONALIDADE NA REALIDADE OU NA FANTASIA
 
   Quando uma criança cresce em um ambiente positivo e harmonioso, sua personalidade será definida em harmonia com a Realidade. Ao contrário, a criança criada em um ambiente negativo e conflituoso encontra-se enfraquecida, confusa e fragilizada, pois a imagem que ela tem de si mesma é a imagem negativa e distorcida que os pais lhe deram, pais esses que deveriam lhe dar amor e autoconfiança. Nesse conflito psicológico e traumático, ao contrário de estar em harmonia com a Realidade, a criança está em conflito com a Realidade e entra em um dilema que irá definir sua personalidade para sempre dependendo do caminho que ela seguir: ou ela busca desvencilhar-se da imagem negativa em função dos pais para buscar sua própria imagem no mundo Real, e sua emancipação se dará a grandes custos; ou, ao não conseguir se desvencilhar da imagem negativa e distorcida em função dos pais, ela não conseguirá buscar sua própria imagem no mundo Real, e o que lhe sobra é construir uma identidade em um mundo imaginário, de Fantasia, e, sendo assim, sua personalidade, agora transtornada pela troca da busca pelo Real pela construção de uma Fantasia, acompanhará a criança ao final de sua infância, durante toda a sua adolescência e por toda sua vida adulta. Ela trocou a difícil busca pelo Real pela certeza de sua própria Fantasia.
   Não devemos confundir a diferença entre ter um Sonho na vida e viver no mundo da Fantasia. Ter um Sonho, como ser feliz, ter dinheiro, ter uma família amorosa, ganhar na loteria, ser famoso, é uma possibilidade a ser atingida no mundo Real. Ao contrário, viver no mundo da Fantasia é acreditar que você é no mundo Real uma imagem que só existe na sua mente, como acreditar que é mais especial, mais belo, mais inteligente, mais santo, mais importante que os outros, e que o mundo Real deve se adequar ao seu mundo de Fantasia, como acreditar que as pessoas devem adorá-lo, invejá-lo, obedecê-lo, servi-lo. Isso não é normal. É um transtorno de personalidade.
 
 
O QUE SÃO TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
 
   Como visto, quando alguém cresce em um ambiente negativo, os sentimentos de rejeição, medo, raiva, tristeza, fragilidade, dúvida, insegurança, dor, podem causar uma reação durante a infância de se fugir dessa realidade ameaçadora por meio da Fantasia, já que a criança não consegue entender nem vivenciar a Realidade do mundo, uma vez que a única realidade que conhece é a realidade distorcida e dolorosa do ambiente negativo em que vive. Ao fugir da Realidade por meio da construção mental de um mundo de Fantasia, desenvolve-se uma personalidade distorcida, transtornada, ou seja, que não corresponde ao mundo Real. E essa identidade construída no mundo da Fantasia vai acompanhar a pessoa pelo resto da vida. Como dito, a pessoa com transtorno de personalidade trocou a difícil busca pelo Real pela certeza equivocada de sua própria Fantasia. Trocou o que é Real pelo que não é Real.
   O transtorno de personalidade traz sentimentos de confusão na própria pessoa, mas causam mais dano ainda nas pessoas com quem ela convive, pois, a pessoa transtornada não só se identifica com a própria Fantasia como acredita que a Realidade deve se adequar a essa Fantasia, e isso as torna pessoas confusas, intolerantes, impulsivas, com reações infantilizadas, tudo reflexo de sua baixa autoestima. É importante dizer que transtorno de personalidade não é loucura. Portanto, pessoas com transtorno de personalidade são inteiramente responsáveis pelos seus atos, apenas sua personalidade se encontra em um nível desajustado com a Realidade. São vários os transtornos de personalidade classificados pela psiquiatria, e mesmo quem apresenta um tipo mais evidente, também pode apresentar os outros tipos, só que em menor intensidade. Um dos transtornos de personalidade mais comuns é o transtorno de personalidade narcisista.
 
 
O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE NARCISISTA: “ESPELHO, ESPELHO MEU...”
 
   Quando falamos de narcisismo, pensamos logo em pessoas vaidosas, arrogantes e convencidas, que gostam de se olhar no espelho, de se exibir, de chamar a atenção para si mesmas, que se acham mais belas do que as outras pessoas ou que acham que as pessoas a invejam. Esses comportamentos são apenas traços de narcisismo e não definem por si só um transtorno de personalidade. Como vimos, transtornos de personalidade são características permanentes e duradouras de uma identidade e de comportamentos em desajuste com a Realidade e que causam desconforto para a própria pessoa e dificuldade em suas relações interpessoais.
   O termo narcisismo remete à lenda grega de Narciso, um jovem orgulhoso e arrogante que nunca conseguia se apaixonar por alguém Real, desprezando seus pretendentes por julgar não serem dignos de sua grandeza. Amaldiçoado pelos deuses, um dia ele viu o próprio reflexo em um lago e, não sabendo distinguir o Real da Fantasia, Narciso achou que finalmente havia encontrado o amante ideal e apaixonou-se perdidamente pelo próprio reflexo, até que mergulha no lago em busca do amor não correspondido e acaba morrendo afogado, sem entender que tudo era apenas uma ilusão. Ao morrer, Narciso é transformado na planta tóxica que leva seu nome e, assim, todos que entram em contato com a planta acabam iludidos e intoxicados também, e é daí que as drogas são chamadas de Narcóticos, devido ao efeito alucinógeno de se perder a noção da Realidade.
   Assim como na lenda, a pessoa com transtorno de personalidade narcisista enxerga a si mesma não pelos seus olhos Reais, mas pelos olhos entorpecidos da sua Fantasia. Portanto, nenhum Narcisista consegue amar a si mesmo, apenas é perdidamente apaixonado por uma imagem idealizada que ele construiu de si mesmo, mas que não é Real. Assim como na lenda, ele não está livre para viver a Realidade, pois se identifica com a própria Fantasia, tornando-se, ao contrário de livre, amaldiçoadamente prisioneiro do próprio reflexo, da própria Fantasia na qual acredita que seja o mundo Real.
   Além de enxergar a si mesmo de forma distorcida, o Narcisista também enxerga o mundo pela imagem refletida de seu lago idealizado, ou seja, o narcisista só enxerga o mundo através de um espelho. Para toda pessoa que ele vê no mundo, ele não enxerga a pessoa Real, ele enxerga um reflexo distorcido de si mesmo. Nessa visão, todas as pessoas devem servir a seus interesses e reconhecer sua pretensa grandeza, reconhecer sua pretensa superioridade e amá-lo nas condições que ele impõe.
   Mas como o mundo Real não está a serviço do Narcisista, como essa exigência só existe na mente transtornada dele, as pessoas com quem ele convive só têm duas opções. Ou elas atendem a esta Fantasia e daí convivem de certa forma submissos ao Narcisista ou elas não atendem a essa Fantasia e não conseguem conviver com o Narcisista nem ele consegue conviver com pessoas que não o adorem. Essas pessoas viram inimigos, porque, segundo a visão distorcida do Narcisista, “Como essas pessoas inferiores a mim ousam não me adorar? Como ousam não reconhecer minha grandeza e minha autoridade sobre eles? Como ousam não ser agradecidos e agraciados com a minha presença e com a minha existência? Eu, que estou sempre certo e eles, que estão sempre errados”. Quando isso acontece, o Narcisista decide que esses rebeldes devem ser punidos, que ele precisa ser vingado. Assim, o Narcisista vive uma vida conflituosa, onde está constantemente com a necessidade de encontrar no mundo Real os adoradores que ele acha que merece em seu mundo de Fantasia. Mas como no mundo Real as pessoas veem o Narcisista não como um ser superior, mas apenas como uma pessoa metida e carente, e como o Narcisista sabe lá no fundo que ele não é grandioso como imagina, o Narcisista, além de vaidosamente se engrandecer constantemente para compensar sua imagem Real negativa, ele precisa diminuir os outros para se sentir grande, ele precisa desmerecer os outros para se sentir merecido, ele precisa subestimar os outros para se sentir estimado, ele precisa rebaixar os outros para se sentir acima deles, ele precisa desejar que os outros fracassem para que ele se sinta tendo sucesso, ele deseja que os outros sejam infelizes para que ele seja assim o mais feliz, e se alguém o critica ou o rejeita, ele precisa se vingar e punir quem ousou praticar tal pecado.
   Para o Narcisista, servir aos outros sem ganhar em troca é fraqueza. Se ele faz algo pelos outros é unicamente para receber elogios, ser reconhecido e agradecido. E amar alguém somente se essa pessoa o amar em troca, e exageradamente em troca, porque, para ele, os outros têm a obrigação de amá-lo mais, mas ele não vê obrigação de amar ninguém, pois já que se considera um ser superior, não deve prestar contas para ninguém enquanto todos devem prestar contas a ele.
   Narcisistas sofrem nos relacionamentos amorosos, pois considerando-se superiores e os demais mortais inferiores, assim como na lenda, ninguém está à altura dele para amá-lo o tanto que ele julga merecer. Narcisistas também sofrem no ambiente de trabalho, com colegas de trabalho que o tratam como outro qualquer, e muito menos um Narcisista se submeterá a um chefe por muito tempo, já que ele deve estar acima de todos. Assim, pessoas Narcisistas acumulam decepções amoras, estão sempre brigando, fazendo fofocas e intrigas, e saindo de vários empregos.
   Um Narcisista não aceita críticas nem assume seus erros, portanto não sente pelo mal que fez, não pede desculpas, não se arrepende em desprezar as pessoas e não muda. Um Narcisista nem sequer aceita ser diagnosticado como Narcisista, mudando de terapeutas frequentemente. Por fim, diante de uma Realidade em que sua Fantasia não é correspondida, é comum que o Narcisista faça uso de drogas para que, com os sentidos entorpecidos, assim como na lenda, ela fuja da Realidade mergulhando no mundo da Fantasia narcótica, sejam drogas recreativas ou sejam drogas receitadas como remédios psiquiátricos dos quais se tornarão dependentes pelo resto da vida.
   Mas como alguém desenvolve o transtorno de personalidade narcisista? Como visto, a criança que cresce no ambiente negativo, com sentimentos de rejeição e insegurança, tem duas opções: buscar sua identidade por si mesma, desvencilhando-se da imagem negativa em função dos pais ou criar sua identidade vinculada à imagem negativa em função dos pais. Ao não conseguir se desvencilhar da imagem negativa em função dos pais, a criança acaba por não buscar sua imagem no mundo Real, mas sim a constrói por si mesma em um mundo de Fantasia. No caso do Narcisista, cria-se a Fantasia de que, como os pais não o reconheceram como especial nem o amaram, ele mesmo se imagina especial e merecedor de todo o amor e atenção que ele imagina que os pais deveriam ter-lhe dado, e projeta no mundo e em todas as pessoas essa obrigação doentia em adorá-lo e, ao mesmo tempo, transfere aos outros a rejeição soberana que sentiu dos pais ao negar ele mesmo atenção e amor às pessoas, a menos que elas o idolatrem. Ou seja, a fantasia do Narcisista é um reino encantado onde ele é o soberano que controla tudo e não presta contas a ninguém, reinando duplamente vingativo contra o que sofreu dos pais ao fantasiar ser merecedor de toda a adoração do mundo para compensar a rejeição dos pais, ao mesmo tempo em que ele mesmo rejeita e despreza quem bem entender, fazendo, em sua fantasia, com que os outros sofram o mesmo que ele sofreu. Ou seja, a Fantasia do Narcisista é uma Fantasia de vingança. E uma vingança contra o mundo Real. Por isso o Narcisista tem uma raiva que nunca termina. Agora imagine-se ter um chefe Narcisista, ou namorar um Narcisista, casar com um Narcisista, ou pior, ser filho de um Narcisista.
   Mas o que pensa e como age uma Mãe Narcisista? É o que vermos na seção a seguir.
 
   Este ensaio foi dividido em seis seções.
   Na Parte I, falamos sobre a necessidade de se discutir sobre o narcisismo materno.
   Na Parte II, falamos sobre a construção da personalidade, os conflitos com a realidade e o transtorno de personalidade narcisista.
   Na Parte III, falaremos sobre a Mãe Narcisista e suas fantasias.
   Na Parte IV, falaremos sobre a Mãe Narcisista e suas táticas de manipulação.
   Na Parte V, falaremos sobre como a Mãe Narcisista atribui a seus filhos papeis diferentes.
   E na Parte VI, falaremos sobre algumas vias de convívio com a Mãe Narcisista.
   Este é um assunto muito sério. O seio familiar é nossa primeira experiência no mundo. É no seio familiar que aprendemos valores, construímos nosso caráter, mas, principalmente, construímos nossa autoestima, nossa autoimagem e nossa personalidade que nos acompanhará pelo resto da vida em nossa relação com o próprio ser em si e em nossas relações sociais. Conhecermos a nós mesmos e sobre a construção de nossa personalidade, conhecer sobre a imagem que nossos pais fizeram de nós quando éramos indefesos e como isso afetou nossas vidas, reconhecer os abusos sofridos e compreendê-los, conhecer a própria força e o próprio valor para sermos pessoas melhores a cada dia, mais maduras, sábias e plenas é o verdadeiro sentido da vida.
 
 
PARA MAIORES INFORMAÇÕES
 
   Por ser um ensaio, esta reflexão sobre narcisismo materno não tem a menor pretensão de fazer acusações levianas sobre o papel da mulher, da mãe ou apontar qual mãe é ou não narcisista, nem a menor pretensão de ser um estudo clínico ou psicanalítico. Ao contrário, a presente reflexão traz tão somente uma mera introdução informal ao tema com a finalidade de suscitar seu aprofundamento a quem tiver interesse.
   Portanto, para maiores informações e maior aprofundamento ao tema, ao fim de cada seção deixamos links de sites e canais de vídeo para enriquecer seu conhecimento sobre o assunto sob o olhar profissional de especialistas e doutores. Boa pesquisa!
 
Portal “Manuais MSD”
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E-book “Prisioneiras do Espelho: Um guia de liberdade pessoal para filhas de mães narcisistas”, de Michele Engelke
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Vídeo “Carta ao Narcisista”
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Blog “Filhas de Mães Narcisistas”
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Blog “Verdade dita”
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Site “Psicologias do Brasil”
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Canal “Como superar Mães Narcisistas”
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Canal “Dra Cássia Rodrigues”
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Canal “Saúde Consciente”
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Canal “Sabedoria Emocional”
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Canal “Papo com Anahy D'Amico”
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Canal “Sobre a Vida”
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Canal “Taryana Rocha”
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