Apreciando a existência
Não existe coisa sem valor. Existem apenas pessoas incapacitadas de ver valor nas coisas.
As pessoas capacitadas veem os problemas pelo o que eles são: provas e oportunidade de crescimento. Por isso são capazes de apreciar tudo em alguma medida.
A incapacidade de apreciar, incapacita-nos também de sentir prazer e nos põe fora do contentamento.
Essa é a ingratidão total, fruto da incapacidade de reconhecer a benesse.
Há também ingratidão parcial que surge quando vemos valor, mas somos incapazes de reconhecer generosidade naquele que nos dá. Como consequência, não sentimos prazer nem necessidade de retribuir.
A ingratidão gera descontentamento e é fruto de uma incapacidade.
A gratidão gera contentamento e é fruto de uma capacidade que pode ser adquirida. A capacidade de apreciar a obra e apreciar o autor, enchendo-se assim de um impulso generoso de retribuição.
Etimologicamente, agradecer é verbalizar um sincero reconhecimento de que aquilo lhe agrada. Neste caso, agradecer é acolher com apreço o gesto oferecido. Então dizemos: agradecido.
Etimologicamente, a expressão “obrigado” expressa que nos sentimos obrigados por todos os lados a retribuir aquele ato que reconhecemos como generoso e benefico.
Assim, quando aprecio algo que recebo, digo: agradecido.
Quando sinto-me também preenchido por uma vontade de retribuir, digo: obrigado.
Sentimos gratidão quando somos capazes de apreciar ao mesmo tempo que somos preenchido por um sentimento generoso de querer retribuir.
Com apreço, acolho em meu coração o generoso ato DIVINO de me permitir a existência e a possibilidade de me construir como um ser humano melhor. Por tudo isso, sinto-me convocado por todos os lados a retribuir prazeirosamente.