Piscar de olhos: longa duração versus momento em perspectiva

O mundo atual é uma miscelânea de caminhos direcionados ao curto prazo. O tempo em sua instância mais valiosa jamais foi tão supervalorizado a ponto de, por um lado, ser profundamente preservado, e de outro, amplamente explorado para se produzir mais em quantidade e diversidade. A Era tecnológica é o resultado mais promissor nesse sentido. Cliques, conteúdos prontos, notícias atualizadas e constantes prioridades em relação ao destaque do momento, são espelhos do alto desenvolvimento tecnológico. Assim, estruturas e sólidas representações hegemônicas tendem a ser cada vez mais postas à prova, diante da constância e intensidade de transformações. O mundo não pode permanecer o mesmo, ou será destruído pelas necessidades cumulativas de cada geração, ou, em outras palavras, tradições serão sobrepostas por estruturas passageiras que respondem as necessidades de seu próprio tempo.

Alternâncias historiográficas, sobretudo desde os Annales, em 1929, propõem uma série de transformações que prezam uma perspectiva correspondente às necessidades contemporâneas. Fatores como: história-problema; longa duração; interdisciplinaridade entre outros, abrem espaço para historiografia mais humana, mais voltada à características alimentadas pelo indivíduo em favor da sociedade, ao estudo do longo processo que desencadeou as transformações factuais, ao diálogo do saber das várias ciências, da relevância da característica cultural e do símbolismo na construção da identidade pessoal e social de cada tempo.

Portanto, faz-se necessária a relação entre a necessidade de uma historiografia da "brevidade " sob a perspectiva do processo como um todo, a fim de que se consiga compreender os elementos que desencadearam determinado processo histórico .

Marcel Franco Lopes

Historiador (ANPUH-PR)

Flashes & Memórias