A SINA DE UM PEITO SOFRIDO

Dói, dói todo dia, arde, sangra, dilacera e tortura. É isso que faz o teimoso sentimento que hoje habita esse peito, um peito já suturado de outros precedentes e que agora parece vazio, sem cor sofrendo sem pudor, levado ao dissabor da cruel realidade.

Os pensamentos viajam para desviar o foco do medo e do desamor que tanto a tempo perduram, mas não conseguem deixar de sentir quando escorre a seiva da vida ensopando a alma sofrida.

No longo caminho trilhado, há vestígios de sangue pelas folhas à beira da estrada, rastros de um ser moribundo e errante que clamava por um segundo de paz e segue sofrido sob o sol do caminho que a vida lhe traz.

Pobre peito, não é mais o senhor nem das suas próprias vontades, é refém do destino que sempre atropela sem dó, sempre o reduzindo a minúsculos grãozinhos de pó e continua a doer, e a arder, e a sangrar cumprindo uma sina que parece nunca findar.