2020, um sonho...

José acordou muito assustado. Tinha tido um sonho muito esquisito. O mundo tinha se tornado algo impossível de conceber. Como em filmes apocalípticos ou livros de ficção científica que mostravam um futuro muito deprimente. Sociedades governadas por tiranos e máquinas. 1984, Fahrenheit 541, Blade Runner, Admirável mundo novo, etc. Tudo tinha começado com um vírus mortal que fez com que os seres humanos não pudessem mais sair de casa. Se era um vírus natural ou criado artificialmente em laboratório, ninguém sabia. No começo algumas pessoas achavam que era o fim da vida humana no planeta terra. Mas a nova realidade se mostrou muito mais estranha, pois a população aumentava ao invés de diminuir. As pessoas começaram a se cuidar mais e ficar mais em casa, reduzindo outras formas de óbito. A população só aumentava, como se o efeito de tal vírus não produzisse o efeito esperado, de reduzir o número de habitantes. As medidas de segurança extremas e o aumento no uso de máquinas para gerenciar tudo que fosse possível criou um mundo novo. A famigerada "Inteligência artificial". As pessoas ficavam em casa e foram se acostumando a trabalhar pela internet. Tudo ficou muito facilitado, desde as compras no supermercado até as consultas médicas. Tudo podia ser feito em casa, menos o contato físico. Como o vírus não tinha conseguido diminuir a população mundial, o "Lockdown" imposto por todos os governos de todos os países conseguiu. As pessoas foram proibidas de ter contato físico com outras pessoas e o sexo se tornou algo totalmente virtual. Como um sapo em uma panela, elas foram se acostumando com o chamado "novo normal". Elas conseguiam através de óculos especiais ter sensações muito reais. Quem precisava viajar? Era só se conectar a uma máquina, visitar o interior de uma pirâmide no Egito enquanto tomava um refrigerante. Tudo era muito real. E como as pessoas não podiam mais fazer sexo real, a natalidade era controlada pelos governos. Os governos decidiam, através de testes, quem era compatível de acordo com os padrões que a ciência considerava "ideais". Os novos seres humanos eram quase perfeitos. Máquinas perfeitas. E toda uma geração de "gamers" tinha os melhores salários. Estavam no topo da cadeia. Eram eles que através de armas reais matavam remotamente quem desobedecesse as regras dos novos governos, que acabaram se centralizando como uma "Nova ordem mundial". Um só presidente, eleito pelos presidentes dos países, que eram eleitos pelos cidadãos através de urnas eletrônicas. Com o passar do tempo as pessoas foram se esquecendo de como era tomar banho em uma cachoeira, ou andar no mato, ou até mesmo a sensação de um beijo. Elas não precisavam mais disto. Tudo era artificial e conseguia satisfazer os desejos mais secretos. A pornografia deixava a todos muito satisfeitos e prontos para trabalhar virtualmente. A comida e a bebida, assim como as drogas sintéticas eram largamente ofertadas pelo novo governo mundial. Até as religiões se fundiram. "Deus" era um só, então pra que brigar? O planeta inteiro estava mapeado e todos tinham acesso livre à internet. Um pequeno grupo de rebeldes sobrevivia nas florestas, plantando e vivendo da natureza. Não eram afetados pelo vírus e não usavam nem computadores nem celulares. Como eram "Invisíveis" ao novo sistema, não apareciam para as máquinas. Eu morava em uma comunidade de rebeldes que conseguia se comunicar com outras comunidades através da telepatia. A força do pensamento era outra

Luciano Mantikir Cordoni
Enviado por Luciano Mantikir Cordoni em 21/09/2020
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