Os Graus aproximativos de Conhecimento
Tema: Filosofia, Teoria do Conhecimento
Consentâneo à profundidade e à aproximação do conhecimento, coloca-se o mesmo em três prismas distintos; o vulgar, o científico e o filosófico.
Conhecimento Vulgar
Consiste basicamente em um conhecimento adquirido de forma empírica, no cotidiano da vida, casual, superficial e não estruturado. Caracteristicamente é adquirido de forma isolada, não seguindo um padrão. É um saber consoante ao homem comum, e consiste precipuamente no conhecimento de coisas da vida cotidiana e fenômenos naturais. Não há conexões lógicas entre os saberes, muito menos preocupação maior em explicá-los sob a luz científica e até racional. É sim um conhecimento que advém da base empírica e sensorial do indivíduo.
Nesta categoria de conhecimento, podemos incluir sem desabono, o pertencimento de conhecimentos falsos (fantasia, inverdade, etc), superstições, crendices, preconceitos, e colocações tipificadas como “ouvi dizer”, “acho que é assim”, entre outras afirmações imprecisas, tanto na temporalidade como na especificação exata dos termos. É importante destacarmos que o conhecimento vulgar, nem sempre apresenta-se como errado e/ou impreciso, ele pode muito bem ser verdadeiro, entretanto não se tem a certeza da sua verdade que porventura retratará.
Destaca-se também um aspecto pertinaz e relevante para o tempo atual em que vivemos. O fato de que o progresso, a evolução tecnológica batendo a porta todos os dias, é necessário abandonar em certos pontos o conhecimento vulgar, pois pode nos levar verdadeiramente a um “beco sem saída”. E parafraseando Francis Bacon: “o homem mais perigoso é aquele que sabe pelo meio”.
É perigoso o indivíduo que leu apenas um livro e toma-o como guia geral para as suas ações, pois evidentemente julga, mesmo que inconscientemente tudo pela “obra magna” e evidentemente age com presunção.
Conhecimento Científico
É de características casual e metódico, isto é, obedece impreterivelmente a um método na descrição dos fatos e fenômenos. Há uma discricionariedade a respeito de uma problemática colocada a priori, e obedecendo a uma metodologia de pesquisa, muitas vezes pragmática, é possível descobrir uniformidade e determinar as leis que regem um fenômeno natural por exemplo. O conhecimento científico nunca e dado e definitivo, ele é construído, edificado, pouco a pouco e sempre, impreterivelmente sempre colocado à prova, testado e ajustado aos fatos comprovativos metodologicamente.
Já à palavra ciência, é advinda do latim, e tem significância de saber, conhecer, aproximar-se da verdade a respeito de uma descrição de um fato ou fenômeno. O estagirita Aristóteles, polímata por natureza já o dizia: “Saber uma coisa de modo absoluto é saber a causa que produziu e que a causa não poderia ser outra.” O conhecimento científico consiste em sabermos as causas reais e naturais de um fenômeno, livre de dogmatismos e de verdades estabelecidas despoticamente com a chancela da autoridade. Objetiva-se na ciência estudar, analisar, especular e tecer teorias gerais, concernentes às causas dos fenômenos, seja eles da tipificação natural ou social, ensejando descobrir e teorizar sob formas de leis racionais que rege-os.
Conhecimento Filosófico
O conhecimento de natureza filosófica, é consentâneo à uma profundidade complexa, universalidade e até radicalidade, com relação ao conhecimento da matriz científica, exposto acima. Novamente recorre-se ao estagirita para lançar uma luz pertinaz a ele, de uma forma direta e pragmática: “A filosofia é a ciência das primeiras causas e dos primeiros princípios.” No conhecimento de cunho filosófico temos uma unificação das leis que os regem numa completude e amplitude maior e mais coesa do que na ciência. Havendo entre a filosofia e à ciência diferenças entre generalizações, o processo cognoscitivo é praticamente o mesmo.
O conhecimento filosófico é amplo e abarca inclusive o próprio conhecimento científico, ele coloca a ciência no panorama situacional em que ela (ciência), o pináculo da razão e saber, como um objeto de estudo e questionamento, por exemplo a filosofia da ciência.
Na filosofia temos uma visão geral do mundo, podemos vê-lo como um todo, sem compartimentos estanques. Entretanto é fundamental que a filosofia esteja assentada e fundamentada em conhecimentos advindos da ciência e que são comprovados. O conhecimento filosófico objetiva no seu cerne, saber das leis fundamentais que regem todas as ciências estabelecidas, sejam elas humanas ou exatas, tendo um olhar crítico e universal.
(Fonte: O Problema da Verdade – Jacob Bazarian)