O TEMPO E O QUE SOBROU DE MIM
Não sobrou muito de mim... É, eu sei! apenas um punhado de lembranças e umas feridas que ainda insistem em sangrar. Sabe o tempo que hoje me pega pelo pescoço e rouba todo alento que outrora existiu? Jurara ser bom e paciente, mas, simplesmente, mudou e já nem o reconheço mais, levara para longe quaisquer resquícios de esperança que em mim pudesse haver; dividira comigo sua metamorfose me transformando em um ser também estranho, sem vontades, sem sonhos, sem raízes, sem rumo, sem vida, deixando-me completamente à deriva.
As cinzas das promessas que um dia me fizera espalharam-se pelo caos da existência, impossibilitando uma reconstrução.
Restou para mim conformar-me com esse triste destino enquanto passo noites a vagar pelos solitários becos e vielas envolvido pelo gélido vento que sopra no meio da escuridão, que ouve meus lamentos e acolhe-me em seu coração.