Nada Sou, Nada Ser
Caminhando pelo nada de minha alma, encontro algo despido de tudo.
Este sou eu, no nada, em busca de algo, encontrado mais do mesmo nada do qual desejo livrar-me.
Livrar-se de nada, quando nada se é, quando nada se tem, parece querer e buscar livrar-se de si mesmo.
Algo num passado distante me lembra que algo poderá vir num futuro distante. Mas o nada desse interregno me atormenta a alma despida de tudo e preenchida de nada.
Conto passos imaginários em direção ao sonho desejado, mas sequer sonhado.
Na distância de um passado inexistente, busco um lapso de felicidade que me contente ante a espera de algo que não sei o que é, nem mesmo se virá.
Preciso de algo que não encontro, até mesmo por não saber o que é. Acho que preciso de mim mesmo. Mas preciso ser quem eu preciso ser, para que meu ser sinta-se completo em ser, não precisando mais ser o ser em busca do próprio ser.
Minha alma sangra, ferida por algo que não se vê e não se sente. Mas fere de morte a alma e o corpo, que precisa da alma intacta para sobreviver às agressões contínuas do vazio da alma.
E em meus passos imaginários eu sigo, levando o nada que me habita, para o lugar algum que me espera.