O Problema da Política no âmbito da Civilização

Tema: Política, Sociedade e História

É fato que a humanidade desde o seu limiar civilizacional, progride a passos largos no entendimento do Cosmo e na formação do espírito científico, promovendo a melhora gradual nas condições de vida de uma forma geral. Entretanto o contraponto deste progresso sentido, temos um verdadeiro atraso, descompassado no que concerne à forma como somos governados. “A ciência segue adiante com grandes passadas; a política cambaleia como um bêbado.”

O fracasso da política no século XX é notório, visível e sentido a flor da pele. A teoria marxista parecia ser uma luz esplendora, o farol da razão em meio a uma escuridão cruel e minada de burgueses afoitos por lucros. Karl Marx, ideou sua teoria embasada num paraíso de contornos autogovernáveis, onde inexistissem classes, e sim uma economia comunitária e solidária. Seus inconsequentes sucessores, ou melhor colocando, seus autointitulados sucessores, sentiam no seu íntimo intelecto que a crueldade e a tirania, eram perfeitamente justificáveis para atingirem seus gloriosos e justos fins. Porém, não foram os primeiros a cometerem notável engano. Os santificados inquisidores católicos tinham a mesma convicção, de que estavam purificando o mundo da maldade, com suas práticas dúbias e cruéis.

No limiar da década de 1930, os sovietes russos, tendo em mãos um grande aparato estatal, e dispondo de capitais e recursos volumosos, resolveram ir além no seu projeto. Promoveram o aniquilamento das classes, nacionalidades e categorias inteiras da humanidade, tudo o que julgassem ser um obstáculo para o agraciado projeto. Se levarmos em conta o comportamento malicioso e cruel do camarada soviete Stálin, somados a sua vida luxuosa e provida de grande faustosidade. O regime socialista na qual o comandante soviete abraçou (socialismo), era uma capa cínica, de um sistema não muito diferenciado o czar megalomaníaco, Ivan “o terrível”.

Poder-se-á dizer o mesmo, dos irmãos mutantes do socialismo russo, que tornar-se-iam rivais em tempos de guerra já no final da década de 1930 e início da década de 1940. O fascismo italiano capitaneado pelo socialista enrustido Mussolini e o nazismo alemão, do atormentado Hitler, tinham uma concepção igualitária aos socialistas, no tangente a marcha inevitável da história. Entretanto não ansiavam destruir as classes, mas panfletavam aos quatro cantos e de forma sincera aos seus fiéis súditos, a superioridade racial e o direito legítimo à glória. Trava-se de uma pseudociência barata e imbuída de crendices insanas, desprovidas de fundamentação confiável.

Pode-se incutir que o marxismo foi uma versão falsa do ponto de vista científico, da história, pois revelou-se já na atualidade ser uma hipótese falha. E o nazismo, uma versão igualmente falsa da biologia, no tangente a parte evolutiva desta magna ciência, apregoando que a superioridade de uma raça em relação a outra estava apoiada em evidências trazidas à luz pela teoria evolutiva das espécies. Teoria esta que evidentemente aplica-se com sucesso às espécies, mas não raças, como a humana em que partilhamos praticamente a semelhança idêntica de genes, prefigurando-nos como “todos irmãos”.

No regime de Hitler, a superioridade ariana iria prosperar as custas de judeus, eslavos e outras formas humanas insignificantes, em suma elas deveriam ser varridas da face da terra, e ai vivenciar-se-ia um era de ouro, algo semelhante a utopia comunista. O fato é que os regimes de Hitler e Stálin, necessitavam ansiadamente de matar pessoas em larga escala para abrir caminhos e atingir o clímax da moralidade e civilidade.

Entretanto nos apoiarmos a estas infelizes e cruéis histórias políticas da humanidade nos tempos modernos, soa como perverso e fatalista. Vivenciamos sim no século XX, uma grande expansão e engendramento, canhestro diria, mas válido, da democracia. O século XX trouxe, já na sua segunda metade, a liberdade e a possibilidade de escolhas, o triunfo imparável da economia de mercado, e progressos inimagináveis da ciência e tecnologia, que levaram à produção obstinada de armamento bélico, em que as potências, não se atreveram nem de forma fortuita e entrarem em guerra entre si.

É pertinaz enfatizarmos que muito das inconsequências políticas que marcaram o século XX, foram gestadas muito antes na Europa, como o racismo, a utopia das classes, crença no destino glorioso de uma determinada raça, fraquezas por líderes fortes (os pais da pátria), não são ideias novas. Fica a questão indagatória; será que depois das experiências malfadadas marxistas e nazistas, a lição foi aprendida?

(Fonte: História do Mundo – Andrew Marr)

Daniel Marin
Enviado por Daniel Marin em 26/08/2020
Código do texto: T7047145
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