Marquesa de Santos: a força da mulher paulista
1. Bem mais que amante...
Engana-se quem pensa que a Marquesa de Santos foi “apenas” uma mulher promíscua e amante de Dom Pedro I. Domitila de Castro Canto e Melo foi uma pessoas poderosa e influente no início do Brazil Império. Sua atuação política estendeu-se muito além dos sete anos do romance dela com Dom Pedro I.
Domitila foi das raras aristocratas brasileiras que ousou contrariar o estereótipo da mulher do lar no Primeiro Reinado, com suas atitudes fortes e decisões marcantes que chocaram o Brazil.
A jovem aristocrata paulistana entrou para a história ao tornar-se a mais famosa e influente amante de Dom Pedro I e seria símbolo de um fenômeno regional desses tempos. “A força da mulher paulista”.
Uma breve explicação para essa “força”. A maioria dos homens de São Paulo eram bandeirantes. Saiam para o sertão caçar índio e pedras preciosas, deixando mulheres e filhos na cidade. As mulheres paulistas eram dominantes e chefes de família, diferentemente de outros lugares do Brazil. Nesse contexto, tornou-se possível reparar na força que as mulheres da família tinham dentro do círculo social em que viviam. Por isso, as mulheres de São Paulo ganharam fama de bravas.
“Titilia” nasceu em São Paulo, no dia 27 de dezembro de 1797, filha de João de Castro Canto e Melo, militar açoriano, coronel reformado e inspetor das repartições de estradas da cidade de São Paulo, e de Escolástica Bonifácia de Oliveira Toledo Ribas. Descendia da nobreza lusitana da parte do pai e das primeiras famílias paulistas “quatrocentonas” por parte da mãe.
Domitila e seus irmãos - João, José, Francisco, Maria Benedita, Ana Cândida, que chegaram a idade adulta e Fortunata, falecida na infância - tiveram uma educação tradicional, mas não se sabe muitos detalhes dessa fase de sua vida.
2. O príncipe garanhão e sem pudores
Talvez o mais emblemático personagem da história do Brazil seja Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, conhecido como Dom Pedro I. A vida do imperador sempre foi alvo de estudos, indo além do grito da independência, em especial suas atividades amorosas.
Dom Pedro protagonizou um dos episódios mais polêmicos do início do Brazil Império: O relacionamento extraconjugal com Domitila de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos,
Quando casou-se com Leopoldina, tinha 19 anos e um vasto histórico de vagabundagens amorosas, todas amplamente comentadas pela população. O assédio que fazia às mulheres era assunto corrente. Andava pelas ruas à cata de presas. Não poucas vezes, apeara do cavalo para levantar a cortina de uma cadeirinha que passava carregada no ombro de escravos. Ele não conhecia limites nem diante da família ou do marido da mulher desejada.
Os casos extraconjugais de Pedro aconteciam um após o outro, assim como os filhos bastardos. E, apesar disso, ele não dava folga a Leopoldina – que, sempre grávida (teve 9 gestações em 9 anos de casamento), vivia recolhida e em repouso.
Sobre seus modos, um funcionário que acompanhou a austríaca ao Brazil, o barão de Eschwege, anotou: “Por falar no príncipe herdeiro, posto que não seja destituído de inteligência natural, é falho de educação formal. Foi criado entre cavalos, e a princesa cedo ou tarde perceberá que ele não é capaz de coexistir em harmonia”.
No dia do nascimento de seu filho, que seria o futuro Imperador D. Pedro II, saiu, às pressas da casa da amante, Domitila, onde acompanhava a moça que sentia suas primeiras dores da contração. Cinco dias após, apresentou o nenê à Corte e voltou à casa da favorita para conhecer o outro rebento, que acabara de nascer e recebeu o nome de Pedro de Alcântara Brasileiro.
Numa viagem à Bahia para sufocar um princípio de rebelião, por exemplo, o imperador embarcou com as duas. Seu caso era tão notório, que o embarque virou piada: Levava a mulher para disfarçar a amante.
3 . Leopoldina – Casamento de interesses
Leopoldina era uma moça gorducha de 20 anos, mãos rechonchudas, nem feia nem bonita. Todavia, na qualidade de princesa de uma das maiores casas reais da Europa, era importante peça no tabuleiro de alianças entre as potências. A herdeira do império Austríaco fora criada com a educação mais formal que uma família real europeia era capaz de fornecer.
Ao final da tarde do dia 5 de novembro de 1817, a corte do Rio de Janeiro assistiu a uma festa. Foram cerca de duas horas de foguetório, com a multidões se acotovelando para receber e saudar a arquiduquesa Leopoldina Carolina Josefa de Habsburgo-Lorena ou, simplificando, “Maria Leopoldina da Áustria”, filha do soberano do Sacro-Império Romano-Germânico e imperador da Áustria Francisco I. “Ela vinha consolidar seu casamento com o príncipe herdeiro Pedro, feito por procuração em sua terra natal”. (Priori, in Carne e Sangue.
Aquele casamento fazia parte do jogo de poder da dinastia Habsburgo da Áustria. A família esperava que ela se tornasse rainha de Portugal. Por meio de casamentos, queriam ter tentáculos em todas as famílias reais europeias, e influenciar a política mundial realizava-se o sonho de dom João VI, rei de Portugal e do Brazil: unir seu filho à Casa de Habsburgo, na luta contra a França revolucionária e napoleônica.
À época da chegada da Leopoldina, sua futura esposa, andava enrabichado com uma dançarina francesa e a engravidara. A corte inquietou-se, pois o contrato de casamento já estava assinado. O casamento, portanto, não começou bem – e, com o tempo, só piorou.
Leopoldina casou-se com D. Pedro imbuída de seu papel real. A felicidade estava no cumprimento estrito de suas obrigações, fazendo tudo o que seu esposo desejasse. No fundo, era embalada pelo que chamavam de modernismo: o sentimento romântico que leva seus adeptos a acreditar que o coração sempre vence. Esse foi seu erro.
Em um relacionamento marcado por traições e humilhações, Pedro I e a Imperatriz Leopoldina tiveram um casamento, conhecido publicamente pelo descaso do marido com a fiel companheira. O imperador chegou a ostentar cinco amantes simultâneas, enquanto a esposa sofria com as dores de complicadas gestações.
A história costuma considerar Leopoldina fundamental para a Independência do Brazil. Não foi bem assim. Ela era aferrada ao Antigo Regime e apavorada diante de uma revolução sangrenta que lhe cortasse a cabeça. Não escondia esse temor nas cartas ao pai. Numa delas, Leopoldina chama a população brasileira de “maldita canalha”. Somente começou a mudar seu comportamento no fim de 1821, quando parecia inevitável a separação da colônia. Ela não quis arriscar a herança, nem a coroa dos filhos voltando para a Europa.
A situação política forçaram-na a se posicionar em favor da Independência. Embora, manifestasse ser totalmente favorável à Independência, não deixava de ter certo desprezo arrogante pelo país, dizendo que governava a “Santa Ignorância”.
Leopoldina temia uma guerra civil e reage em função disso. Em uma de suas cartas ao marido, escreve: “O Brazil será em vossas mãos um grande país, o Brazil vos quer para seu monarca” (P.Rezzutti in Pedro I).
No entanto, enquanto dom Pedro declarava o Brazil independente, Leopoldina escreveu para o pai assinando “sua filha e vassala mais fiel” e acusou o marido de aderir às novidades e lamentando o futuro duvidoso. Em outra correspondências, compara o marido a uma marionete, que ela movia na direção desejada. No caso, rumo ao rompimento com Portugal e a independência do Brazil. Mais não se sabe de cartas em que ela se mostrasse uma estrategista ou executiva do movimento independentista.
4. O fracassado casamento de Domitila
Antes de tornar-se amante de Dom Pedro I, Domitila viveu um conturbado casamento.
Titília aos 15 anos, casou-se com o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça, do Segundo Esquadrão do Corpo dos Dragões da Cidade de Vila Rica na época com 22 anos de idade. Ele vinha de proeminente família mineira, dona de lavras de ouro. Foram morar em Vila Rica, hoje Ouro Preto O casamento durou de 1813 a 1819 e gerou três filhos: Francisca, Felício e João, este falecido criança.
Ao contrário da vida calma, prometida durante o noivado, seu casamento foi um desastre completo. Felício revelou-se perverso com ela, violentando-a e espancando-a constantemente. Alcoólatra e viciado em jogos, quando perdia nos jogos de azar, descontava sua frustração batendo e maltratando-a.
A moral da época exigia que as mulheres sofressem resignadas as agruras do convívio. O homem era dono e senhor de suas mulheres. Sair da casa, mesmo quando a mulher sofria abusos do homem era considerado crime de “abandono de lar”, prática condenada moralmente pela sociedade. Levar os filhos da casa do marido com os filhos era impensável. Uma mulher abandonar o marido — mesmo que ficasse com os filhos e fosse vítima violência comprovada — podia arruinar a imagem dos familiares.
Entretanto, em 1816, após Domitila sofrer outra onda de maus tratos do marido. Ao ver a filha cansada de apanhar, a família Castro, influente na política paulista, bateu de frente com o costume da época, ficou ao lado da filha e recebeu-a com as duas crianças.
A atitude não representou o fim do inferno para Domitila. Em 1818, Felício conseguiu transferir-se para São Paulo e o casal tentou reconciliar-se, voltando a viver juntos. Continuaram as bebedeiras, jogatinas e maus tratos. Para completar, ao tentar vender as terras que o casal havia herdado com a morte de dona Escolástica, Felício falsificou a assinatura de Domitila no contrato.
Chegou a tentar assassiná-la, no dia 6 de março de 1819. Felício armou uma emboscada próximo à bica de Santa Luzia, em São Paulo e esfaqueou Domitila, atingindo-a na coxa e na barriga. Domitila ficou entre a vida e a morte durante dois meses. Felício justificou seu crime como “legítima defesa da honra”, alegando, sem apresentar provas, que a esposa lhe era infiel. Segundo os autos do processo de divórcio, o pivô da traição era o coronel Francisco de Assis Loreno. Por mais que a suspeita de adultério tenha sido levantada por aqueles que estavam contra a esposa, nada se provou e Felício foi preso e levado para o Rio de Janeiro.
Retornando novamente à casa paterna, Domitila teve que lutar pela guarda dos filhos, pois o pai de Felício queria que fossem enviados para Minas para serem educados pelos avós. A separação não foi causa fácil de ser vencida por Domitila, que teve de aguardar o desfecho do processo de seu sogro pela guarda das crianças.
A tentativa de assassinato era motivo bastante para o divórcio, que só se legitimou cinco anos depois, graças à intervenção do Imperador, que acelerou os trâmites para concluir o divórcio.
5. A amante sedutora
Domitila de Castro Canto e Melo começou a entrar na história do Brazil em agosto de 1822, por ocasião de uma viagem do Príncipe Regente D. Pedro a São Paulo. Sairia de um relacionamento abusivo para uma aventura marcada na História.
O Príncipe-Regente viera a São Paulo, para tentar apaziguar a discórdia na junta que governava a província, desde que rompera com Portugal ao anunciar que ficaria no Brazil - 09.Janeiro de 1822, dia do Fico - e tropas portuguesas revoltaram-se em algumas províncias.
Durante as negociações, encontrou tempo para envolver-se com uma mulher encantadora. Descrita como uma mulher alta para os padrões do século XIX, pele clara e expressivos olhos escuros Domitila, aos 25 anos, era sedutora, inteligente, independente como as mulheres não costumavam ser à época, recebeu as atenções do Príncipe.
Chegam a dizer que Domitila esteve presente na cena do grito da independência. Mesmo que não seja verdade, Domitila foi a mulher mais famosa do reino nos primeiros anos do Império.
Francisco de Castro Canto e Melo, irmão de Domitila, ajudante de ordens de D. Pedro, além de ter feito parte da comitiva que esteve na Independência, foi quem colaborou para o primeiro encontro acontecer. A intenção inicial era de que D. Pedro ajudasse a família nos processos do divórcio e guarda dos filhos de Domitila. O Imperador ao saber da história de Domitila, interveio no processo e a causa rapidamente teve um fim favorável a Domitila, que obteve o divórcio e a guarda dos filhos.
Mais que isso. Nascia o romance entre os dois.
D. Pedro, aventureiro e mulherengo, iniciava um romance “proibido”, cercado de polêmicas do início ao fim. Registros dos primeiros encontros foram feitos pelo marido de uma prima de Domitila, onde narra flertes de D. Pedro e suas tentativas de impressioná-la.
Pedro e Domitila viveriam uma louca paixão. O “affaire” ultrapassaria as paredes das alcovas e causaria tumultos e discórdias na vida familiar do príncipe e na política do Brazil, arruinando a imagem do Imperador D. Pedro I, dentro e fora do país.
Os frequentes encontros não apenas renderam o título de Marquesa de Santos, mas também diversas ocasiões de intimidade exposta em cartas e registros mal encobertos.
Acredita-se que a paixão desenfreada de Dom Pedro I por Domitila, a paulista que o encantou desde o primeiro encontro, tenha se originado pela personalidade da amante, dona de um espírito livre, muito diferente do temperamento conservador da Imperatriz Maria Leopoldina.
6. Domitila (e família) chega à Corte
Domitila e família mudaram-se para a corte em 1823, onde viveriam sob a proteção de D. Pedro, coroado imperador em dezembro de 1822. Seu romance com D. Pedro I rendeu-lhe títulos e riquezas.
Domitila apesar de vir de família influente e bem posicionada, para os padrões nacionais, passou longe de uma educação formal. Domitila era semianalfabeta, como quase a totalidade dos brasileiros daquele tempo.
No começo do romance, Dom Pedro tomou alguns cuidados para deixar o romance o mais sigiloso possível. Mas, depois da morte de seu pai, Dom João VI, ele reconheceu uma filha bastarda que teve com Domitila e história se espalhou. Além de ter que lidar com os comentários da Corte, Leopoldina foi obrigada pelo marido a ter que conviver com Domitila. O Imperador Francisco I da Áustria, sogro de D. Pedro, ao saber de Domitila, acusou-o: “Que homem miserável é o meu genro”.
Dom Pedro I foi elevando o padrão social de sua amante. Nomeou Domitila como Dama do Paço. O cargo era dado a damas da sociedade, que tinham acesso ao palácio e serviam a família real, mas não como uma empregada. Assim, Domitila tinha acesso ao quarto da Imperatriz e de Dom Pedro também. Nomeou-a “Dama do Paço”. Em 4 de abril de 1825, após ser afrontada pelas damas de companhia da imperatriz, ela foi nomeada Dama Camarista da imperatriz, posto acima das demais damas do paço. Para que Domitila pudesse estar mais perto, nomeou-a primeira-dama de companhia da imperatriz, algo encarado como uma grande humilhação por d. Leopoldina, Domitila recebia para dar opiniões no governo e era bastante influente.
Domitila recebia todas as atenções, presentes e honrarias do imperador e Leopoldina ia sendo ofuscada e humilhada em público. Quando Domitila foi barrada em eventos sociais -como uma missa e uma peça de teatro - Dom Pedro puniu os responsáveis e fechou o teatro.
Em muitas ocasiões oficiais, ocupou o lugar que deveria estar reservado a Maria Leopoldina. No dia 12 de outubro de 1825, aniversário do imperador, Domitila tornou-se oficialmente “Viscondessa de Santos”, pelos serviços prestados à imperatriz, e em 12 de outubro de 1826 foi elevada à “Marquesa de Santos”, ambos com honras de grandeza. Domitila nunca teve qualquer relação ou vínculo com a cidade litorânea de Santos. O motivo para ela ter recebido esse título pela cidade demonstra um lado vingativo e afrontoso de Dom Pedro. Quem nascera de Santos eram os irmãos Andrada e Dom Pedro estava brigado. E sabedor que os Andrada odiavam Domitila, fez isso para provocá-los.
O imperador cobria sua amante de presentes e mimos. Em abril de 1826 comprou para ela um sobrado localizado próximo à Quinta da Boa Vista.
Não foi só a marquesa quem recebeu títulos da nobreza. Sua família também se beneficiou de sua influência com o imperador, que distribuiu titulações para toda a família da amante. Parentes e amigos de Domitila ganharam altos cargos na corte do Rio de Janeiro e muita gente a procurava para pedir favores ou ajuda na hora de influenciar o imperador. Seu pai foi presenteado com um título nobiliárquico - Visconde de Castro. Presenteou a família com uma mansão no Rio de Janeiro, conhecida como Casa Amarela — onde hoje está instalado o Museu do Primeiro Reinado, na cidade. Dava grandes somas de dinheiro para suas filhas com a amante, além de títulos e cargos importantes para familiares da marquesa de Santos. Quando o pai de Domitila faleceu, em 1826, o imperador arcou com todas as despesas do funeral.
7. Triângulos Amorosos
Leopoldina amava Pedro, que amava Domitila, que amava ser sua favorita. Assim era o triângulo amoroso formado pelo imperador Pedro I, a imperatriz Leopoldina e a Marquesa.
Quando o caso amoroso de d. Pedro e Domitila começou, Pedro era casado há quatro anos com d. Leopoldina e tinha quatro filhos com ela. O enlace extraconjugal foi motivo de desgosto para Leopoldina pelo resto de sua vida. A imperatriz, de acordo com registros deixados, era apaixonada pelo imperador e foi colocada em segundo plano durante o envolvimento dele com Domitila.
A imperatriz acostumara-se com os casos extraconjugais de Dom Pedro e não deu a devida importância para Domitila. Considerou fosse apenas mais uma. Ao não se impor, permitiu que Domitila ganhasse espaço.
Colecionador de amantes, o romance com marquesa de Santos foi o que mais tocou o imperador. Em determinado momento ele deixou de ser clandestino e foi exposto diante de todos, inclusive de Maria Leopoldina, sua esposa.
Leopoldina sentia ciúmes. Reações destemperadas seriam normais para qualquer mulher moderna em sua situação, mas não é o que se esperava de uma rainha. A infidelidade era hábito entre nobres casados por conveniência. Entretanto, seus escritos passam a impressão que tivesse mais ciúme da influência política da Marquesa que das ofensas sentimentais.
O imperador, incontrolável garanhão, vivenciava outro segundo triângulo amoroso, num episódio que gerou grande confusão. Honrando a fama de mulherengo, o imperador casado com Leopoldina e mantendo a Marquesa de Santos como amante oficial, manteve relacionamento amoroso com Maria Benedita de Canto e Melo, a baronesa de Sorocaba e irmã de Titília.
Conheciam-se desde os tempos das primeiras visitas do imperador à casa dos “Cantos e Melos”, quando ainda era príncipe regente.
Se o relacionamento com a marquesa era rumoroso, a relação com a baronesa era secreta e tratada com descrição, pois ela era casada. Os encontros nada casuais aconteciam sempre que dom Pedro saía em retiro com destino ao Outeiro da Glória. Os momentos de descanso eram usados como desculpa para uma fugidinha rumo ao braços da baronesa de Sorocaba, que residia num casarão próximo à igreja.
A situação complicou-se quando a baronesa e a Marquesa engravidaram na mesma época.
O triângulo amoroso deixou a marquesa enfurecida. Ela chegou a tentar atacar sua irmã algumas vezes. O ápice do conturbado triângulo aconteceu em 1827, quando a baronesa foi atacada a tiros, ao passar de carruagem pela Ladeira da Glória, no Rio de Janeiro. Maria Benedita saiu ilesa, mas a notícia logo se espalhou por toda a corte e foi divulgado que a mandante do atentado seria Domitila.
8. As Cartas
Demonão! Era assim que o imperador Dom Pedro I assinava as cartas endereçadas a sua amante, Domitila de Castro, a marquesa de Santos, a quem chamava Titília.
Desde os primeiros encontros, quando ficavam distantes ou separados, D. Pedro I e sua amante trocavam cartas. Entre 1823 e 1828. Demonão assinava também “Fogo Foguinho”. Foram confirmadas a existência de 143 cartas, muitas guardadas nos arquivos do Museu Imperial, em Petrópolis.
Cartas e bilhetes repletos de palavras e desenhos picantes, apaixonados e escandalosos. Além das demonstrações de libido e ciúmes, há trechos de descontração hilariantes e reclamações mundanas que trazem uma perspectiva interessante de um dos casos amorosos mais famosos da História brasileira. As correspondências também estão recheadas de arroubos imperiais de paixão e até detalhes sobre a saúde do pênis do imperador.
Não é de hoje que as indiscrições do imperador, a força da marquesa e a triste condição da paciente imperatriz, pudica e diminuída publicamente por conta da infidelidade espalhafatosa do marido, são assuntos de nobres e plebeus. Este foi, sem dúvida, o triângulo amoroso mais conhecido da história dos afetos brasileiros. Leopoldina amava Pedro, que amava Domitila, que amava ser sua favorita.
Algumas cartas, contudo, revelam o desejo de poder da graciosa e despudorada Titília, a mulher mais influente do império enquanto durou o romance. A marquesa não media palavras em suas respostas. Possuía uma postura vigorosa e autônoma e repelia, constantemente, a volúpia do garboso Demonão.
O homem mais forte do reino, proclamador da Independência, era viciado em sexo e chorava de saudades quando não correspondido. Criava versinhos infantis e enviava bilhetes duas vezes ao dia.
A mais famosa amante de Dom Pedro I foi protagonista em episódios 'calientes' da história do Brazil Império. Há dezenas de cartas chamando-a carinhosamente de Titília e exagerando nos detalhes íntimos. Desenhos do próprio pênis ou pelos pubianos eram enviados. Isto era considerado, à época, prova de grande fidelidade e compromisso.
Pedro escrevia: “Quero ir aos cofres!”, quando intimava a marquesa aos finalmentes.
Em uma das cartas escritas, D. Pedro revela, com orgulho, que acabara de mandar fechar o teatro que havia proibido a entrada da amante. Outro escândalo foi na Semana Santa. Domitila queria assistir à cerimônia religiosa na tribuna reservada às Damas do Paço, mas foi barrada. O imperador ordenou que ela fosse levada ao recinto e as damas se retiraram.
O envolvimento íntimo de D. Pedro e a marquesa foi marcado pelos apelos sexuais presentes nos textos, sempre descritivos. Em algumas correspondências, Domitila não apenas tinha interesse em saber o estado de saúde de pênis do amado, como pedia para descrever como o mesmo estava em relação às lembranças do casal. O príncipe-regente não deixava de responder e abusava da criatividade na resposta.
Sempre usado como o principal meio do casal para agendar os encontros casuais, não apenas as datas eram registradas, mas também as técnicas utilizadas. Um dos preferidos de D. Pedro era o pompoarismo, método oriental que a marquesa desenvolvia para contrair a vagina durante o ato sexual.
Como um casal da época, não faltavam apelidos, que serviam também de pseudônimos para dificultar a identificação dos membros da corte. Dom Pedro I tinha um apelido ‘caliente’, assinando cartas como “Fogo Foguinho” e “Demonão”. A marquesa, por sua vez, tinha o fofinho apelido de “Titília”, referindo-se ao seu nome no diminutivo.
"Nada mais digo senão que sou teu, e do mesmo modo quer esteja no céu, no inferno ou não sei onde. Tu existes e existirás sempre em minha lembrança, e não passa um momento que meu coração me não doa de saudades tuas...", dizia uma das cartas escritas por Fogo Foguinho.
O falecimento da Imperatriz Leopoldina gerou suspeitas e criou revolta em torno da imagem da nada oculta marquesa. Houve boatos de envenenamento por parte de Domitila e o Imperador através de carta anunciou que casaria com Amélia. Na correspondência, a informou que a amava, mas daria prioridade a sua reputação.
Leopoldina deixou missiva no final da vida, revelando-se uma mulher depressiva, decorrente do adultério do marido. Dizia ter horror a sexo e quando se casou, nutria a esperança de que Pedro fosse gostar dela por suas qualidades morais, não pela cama e nem pela beleza física. O imperador respondia que fazia amor de matrimônio com Leopoldina e amor de devoção com Domitila.
Conteúdo erótico não era comum. Quando Pedro reconheceu sua filha Isabel com Domitila e colocou a bastarda para viver ao lado de seus rebentos na Corte, Leopoldina, humilhada, deixou a mágoa transparecer nas correspondências. Em uma delas desabafou: “Mulheres indignas fazendo de Pompadour e Maintenon!! E pior ainda, não têm nenhuma educação... e os outros têm que silenciar”. “A comédia era encenada em público. A única coisa não visível, silenciada, sufocada, era o sofrimento da imperatriz.”
Leopoldina também demonstrou seus sentimentos quando da morte do pai da rival. Pedro não saiu do lado de Domitila e pagou as despesas do funeral. Leopoldina escreveu-lhe que fizesse as malas e fosse viver com a favorita.
A correspondência de Leopoldina, Pedro e Domitila com informações e manuscritos das pessoas que cercavam a família real e assistiam ao drama todo, entrelaçou as histórias e penetrou nos mais profundos sentimentos dos envolvidos. Saem daí informações preciosas sobre a personalidade dos 3 principais personagens – e, claro, sobre a história do país durante o Primeiro Reinado.
Apesar da vasta correspondência, Domitila nunca fez menção à imperatriz, de quem era oficialmente, dama de honra.
O relacionamento durou até 1829. Sete anos sob o manto de escândalos e paixão, que podem ser acompanhados nas cartas trocadas entre eles e dispersas em arquivos públicos e particulares, nacionais e estrangeiros.
9. Nem tudo são flores: Leopoldina morre
O relacionamento de Domitila com d. Pedro I gerou cinco filhos ilegítimos, e desses um nasceu morto e dois morreram na infância. As duas filhas que chegaram à idade adulta foram Isabel Maria de Alcântara Brasileira (1824-1898), conhecida como duquesa de Goiás, e Maria Isabel II de Alcântara Bourbon (1830-1896), conhecida como condessa de Iguaçu, por casamento. Os títulos nobiliárquicos das duas foram concedidos por d. Pedro I.
Mas nem tudo foram flores no caso de Domitila com o imperador.
No período em que esteve próxima da nobreza brasileira, Titilia querendo conhecer a Corte Imperial mais de perto e expandir seus horizontes, passou a frequentar alguns lugares luxuosos e “nobres”. A Marquesa nunca foi aceita e certa vez, quando tentou entrar no Teatro da Constituição, foi barrada por ter sido confundida com uma prostituta.
Até hoje o motivo da confusão é incerto. Não se sabe se eram as roupas de Domitila, diferentes dos vestidos pelas mulheres da realeza ou a forma de se portar. O fato deixou o imperador furioso. Imediatamente mandou que as cortinas do teatro fossem descidas e se encerrasse a apresentação. Desta forma, a honra e orgulho da Marquesa foram preservados.
O sofrimento e morte prematura da imperatriz d. Leopoldina em 11 de dezembro de 1826, prejudicaram a imagem da marquesa de Santos.
Sentada em uma cadeira desconfortável, uma gorda e descuidada senhora de olhos muito azuis sofreu cerca de cinco horas com as dores do parto. Era a sétima vez que passava por situação semelhante, das quais haviam vingado somente 4 mulheres. Nascia Dom Pedro II, Imperador do Brazil, por quase meio século. Veio ao mundo saudável, com 47 cm, às duas e meia da manhã do dia dois de dezembro de 1825.
Amargurada e grávida mais uma vez, viu o marido viajar para o sul em novembro de 1826. O exército brazileiro lutava contra Buenos Aires pela posse da Província Cisplatina, atual Uruguai. Leopoldina estava com a saúde fragilizada e em poucos dias morreu. As razões de sua tristeza e de seu mal eram conhecidas. Rebelou-se momentos antes de morrer. Despejou sobre Domitila toda sua raiva e rancor. Delirando, amaldiçoava a amante do marido, atribuindo-lhe poderes de feitiçaria. Reagia com gritos imaginando vê-la. Os sentimentos da submissa imperatriz, contidos por tanto tempo, explodiam.
Imagem de mártir e quase feita santa, Leopoldina, mãe exemplar, sofria com os destemperos e infidelidades do imperador, morreu jovem. Segundo boatos da época, vítima de violência doméstica pelo exaltado marido.
A imperatriz foi transformada em heroína pela população, que formou filas em seu enterro, com um beija-mão no corpo já quase em estado de decomposição.
Após manchar sua imagem com inúmeras traições, o imperador ficou emocionalmente abalado e teve recaídas com a Marquesa de Santos
O povo se opôs aos romances extraconjugais de Dom Pedro I e a marquesa de Santos, que passou a ser tratada como inimiga número um da nação. Tal era esse sentimento que, quando Leopoldina morreu, uma turba foi à casa de Domitila com o intuito de apedrejá-la.
Domitila percebeu que o sonho de se tornar imperatriz estava cada vez mais distante. Transformada na vilã número 1 do país. Sua casa apedrejada, ela passou a ser má-vista na Corte e publicamente difamada. O próprio imperador entrou em descrédito por conta da forma como a imperatriz morreu.
Politicamente ocorria o pior: Pedro não conseguia um casamento, que reforçasse a monarquia. Colocava-se o fato na permanência de Domitila na Corte. O imperador amava Titília, mas amava ainda mais sua posição.
10. Amélia – Ou ela ou eu...
Com a morte de Leopoldina, Dom Pedro I precisava se casar novamente. Seus atos violentos com a falecida imperatriz tinham acabado com sua reputação. Ele pretendia arrumar um casamento com alguém que tivesse o sangue da nobreza para melhorar seu status.
Quase dois anos da morte de Leopoldina, o monarca, de péssima reputação nas cortes não conseguira ainda arranjar uma esposa entre as mulheres nobres da corte europeia. Sua fama não era muito boa por conta da presença de Domitila.
Entretanto, apesar da imagem política desgastada e das pressões do ex-sogro, que o chamava publicamente de canalha, consegue se casar com uma jovem de 16 anos chamada Maria Amélia de Leuchtenberg (1812-1873). Filha de Eugênio de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg, e da princesa Augusta da Baviera, concordou em casar-se com o imperador.
Apesar de nunca ter visto Amélia, D.Pedro I aceitou a condição do noivado arranjado. “A amante do imperador fosse morar bem longe da Corte” e no dia 28 de agosto de 1828, casaram-se por procuração.
A nova Imperatriz era uma linda moça. Sem sangue real e sem prestígio na Europa, não trouxe benefício político, mas quando D. Pedro I viu a beleza da jovem, foi o ponto final do relacionamento com a marquesa.
Com a chegada ao Rio de Janeiro da nova imperatriz brasileira, rompe com a amante Domitila, grávida da última filha do imperador e expulsa-a da corte, dando fim a uma história de amor que abalou o império.
Em 17 de outubro do mesmo ano, Pedro e Amélia ratificaram os votos realizados por procuração em uma missa nupcial, oficializando o segundo casamento do imperador.
Historicamente, não houve novos registros de traições por parte do imperador, mostrando o que a promessa feita ao pai da esposa era sincera. Amélia, por outro lado, foi bem recebida pela nova família, além de ser bastante amistosa com os filhos provenientes do primeiro casamento do marido. A relação durou oito anos e só foi interrompida pelo falecimento de Dom Pedro, em 1834.
11. A Volta para São Paulo
Dom Pedro terminou o romance e Titilia foi “dispensada” da Corte.
Domitila que chegara a sonhar que seria imperatriz, sentiu-se tão traída pelo imperador quanto a falecida Leopoldina, exigiu uma indenização ou não sairia do Rio. Foi um ato simbólico. A vida dera limões para Domitila e ela abriu uma fábrica de limonada. Não era apenas mulher enfrentando um homem. Era uma mulher enfrentando o imperador do Brazil. Dom Pedro pagou.
Finalmente, mudou-se novamente para sua cidade natal, a provinciana São Paulo na companhia das duas filhas que teve com Dom Pedro.
No início de 1833, envolve-se com o então presidente da Província de São Paulo, Rafael Tobias de Aguiar, brigadeiro, político e rico fazendeiro de Sorocaba e um dos liberais da província. Ele foi eleito duas vezes o governador da província de São Paulo e Domitila tornou-se primeira dama do estado em duas ocasiões. O casamento foi oficializado somente em 1842 em Sorocaba, durante a Revolução Liberal.
Domitila era muito influente na cidade e sua postura passou a ser de uma dama da sociedade. Não davam mais importância a seu romance que chocara a moralidade da época e ela passou a ser bem vista pelas pessoas.
Certa feita, foi a Sorocaba, com os filhos, encontrar-se com o marido em Sorocaba, cruzando, à noite, a movimentação de dois exércitos. Com o término da revolta, Tobias fugiu para o Rio Grande do Sul e Domitila refugiou-se com as crianças e a sogra em um convento de Sorocaba. Cavou uma vala no jardim e escondeu os bens da família e do próprio convento. A presença de Domitila impediu que as tropas governamentais que invadiram a cidade profanassem o local. Na época, com 44 anos e 14 gestações, recebeu especial deferência do futuro Duque de Caxias, que ordenou aos oficiais escoltarem-na para São Paulo, alertando: “Estimo que a marquesa se vá conservando-se fresca”.
Tobias de Aguiar foi capturado e levado preso para o Rio de Janeiro. Domitila partiu para a corte e rogou, por meio de um procurador, ao Imperador D. Pedro II que permitisse cuidar do companheiro doente. O requerimento foi deferido, e ela pôde ficar com o marido na prisão. Meses depois, o imperador anistiou os envolvidos na revolução e o casal voltou para São Paulo.
Domitila e Tobias ficaram juntos até a morte dele, em 1857. A união durou 24 anos e juntos tiveram seis filhos: Rafael, João, Antônio, Brasílico, Gertrudes e Heitor, os dois últimos falecidos na infância.
Domitila, sempre lembrada por seu caso de amor com Pedro I, é esquecida quanto ao seu envolvimento nas questões nacionais. Doou, quando cortesã, como “brasileira e paulista”, grande quantia à Guerra da Cisplatina (1825-1828). Quarenta anos depois, durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), abrigou em sua fazenda tropas que marchavam para Mato Grosso. Pouco se fala de seu amor pelo segundo marido, seu envolvimento na revolução liberal de 1842 ou sua atividade política no Partido Liberal de São Paulo, de “sua força de mulher paulista”.
12. Os Últimos dias no Solar
O relacionamento ardente entre Demonão e Titília chegara ao fim, mas a vida da Marquesa não. A amante mais famosa de Dom Pedro, recomeçou a vida em sua cidade natal.
A Domitila que retornou à provinciana São Paulo em 1829, na companhia das duas filhas que teve com Dom Pedro era bem diferente da Titilia que, aos quinze anos de idade, partira para Minas com o primeiro marido em 1813.
Após a morte de Tobias de Aguiar, Domitila permanece viúva até o fim da vida. Rompendo os padrões de comportamento que se esperava de uma mulher de seu tempo, Domitila impressionou a sociedade ao mostrar sua força e fez-se respeitada.
Durante seus últimos 10 anos de vida dedicou-se a obras de caridade, filantropia e atividades culturais.
Caridosa e muito devota, ajudou a Santa Casa de Misericórdia a ter a sua primeira sede própria. Doou dinheiro para a construção da capela do Cemitério da Consolação e de uma casa para dispensário médico.
Socorreu desamparados, alimentou famintos e ajudou estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Cuidava destes quando adoeciam e recebia-os para refeições e festas em seu palacete.
Às vistas da respeitável matrona, centenas de casamentos entre moças paulistas e futuros bacharéis foram arranjados.
A Marquesa fazia-se presente na comemoração do 7 de setembro e do 11 de agosto, dia da implantação dos cursos jurídicos no Brazil.
Diferente dos costumes da época, a Marquesa exigira que o casamento fosse feito com separação de bens. Com bens que incluíam mais de quarenta escravos, Domitila era uma das pessoas mais abastadas da cidade, e isso significava independência. Ela geriu sua fortuna, mantendo-se independente financeiramente.
Comprou um casarão na Rua do Carmo, hoje Rua Roberto Simonsen. A casa, grande e aconchegante, ficou conhecida como Solar da Marquesa. Lá, realizava eventos como saraus de literatura, música e alguns bailes de máscaras. Em seus salões, declamou o estudante e poeta Álvares de Azevedo e tocou, entre outros, o pianista Emilio Correa do Lago.
O Solar é o último exemplar da arquitetura residencial do século 18 na cidade de São Paulo. Ele é o mais antigo e o principal modelo de como eram as casas paulistanas na época. Mesmo tendo sofrido inúmeras alterações e algumas restaurações, o casarão ainda mantém características que possuía quando a Marquesa ainda morava no edifício.
Domitila faleceu em seu solar às 16h30 do dia 3 de novembro de 1867, às vésperas de completar 70 anos. O óbito aconteceu devido a uma grave infecção generalizada que desencadeou uma enterocolite, inflamação mortal do trato digestivo. Seu enterro foi seguido pela elite cultural, econômica e política paulista, com a presença do presidente da província, Saldanha Marinho.
O total dos bens inventariados da Marquesa chegou a 1.308:848$600 (um mil, trezentos e oito contos, oitocentos e quarenta e oito mil e seiscentos réis), que daria, atualmente, cerca de cento e vinte milhões de reais. Deixou em testamento dinheiro para a compra das alfaias litúrgicas da capela do cemitério municipal e esmolas para a “pobreza envergonhada”.
Sepultada no Cemitério da Consolação e transformou-se numa espécie de em santa popular, procurada pelas moças que queriam um bom parceiro. Em seu túmulo, sempre bem cuidado e florido, são colocadas placas de graças e flores. Muitas pessoas a consideram santa protetora das prostitutas.
Sem dúvida, Domitila foi bem além de amante de um Imperador,
Foi “uma brava mulher paulista.”
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13. Bibliografia
Texto compilado a partir dos artigos publicados na Internet:
Caio Tortamano - “...o casamento desastroso da Marquesa de Santos”
Claudia de Castro - “A história do triângulo amoroso de Dom Pedro I”
Dayane Borges – “Marquesa de Santos, quem foi?”
Dilva Frazão – “Marquesa de Santos - A Aristocrata brasileira”
Fábio Previdelli – “Marquesa de Santos, a Baronesa de Sorocaba e D. Pedro”
Guilherme de Athayde – “Quem foi Domitila de Castro, a Marquesa de Santos”
Isabela Barreiros - Marquesa de Santos, a Santa das Prostitutas -
Laurentino Gomes - “1822”
Mary del Priore – “Carne e o Sangue”
M.R.Terci – “Dom Pedro I: Cinquenta Tons de Demonão”
Paulo Rezzutti – “Marquesa de Santos, bem mais que amante”
Penélope Coelho -” Traição e abandono: ... Dom Pedro I e Domitila de Castro
Wallacy Ferrari - “A saga de Dom Pedro I após a trágica morte de Leopoldina”
Wallacy Ferrari – “Cartas eróticas: a agitada vida sexual da Marquesa...”
N.A. – Brazil está com “z”, porque era escrito assim até 1916.