A legitimidade do Estado
Tema: Estado, Política, Gestão Pública
O Estado é geralmente investido de uma legitimidade divina, uma auréola da justiça social paira sobre o seu digníssimo altar. O por que de considerar o Estado como justo e correto e nunca como criminoso e ignóbil?
Parece que uma cortina espessa de fumaça cinge a mente da população em geral, que absorta permanece refém de supraestrutura estatal. Deixa-se guiar por governantes luxuriosos e sedentos por poder e fortuna financeira. O disfarce estéril da cambaleante democracia, entretém o povo, que tem a noção errônea e incompleta; de que exercendo o seu direito supremo do “voto” nas eleições, participa do processo democrático plenamente.
A legitimação de todo e qualquer Estado, e aqui neste sumário ponto, independe do sistema de governo praticado, tem a intervenção providencial da ideologia e dos ideólogos. Há em todos os tempos aduladores, disfarçados sobre a pele vistosa de ideólogos, que nada mais fazem do que legitimar o Estado, utilizando-se de meios e patrocínio do próprio Estado. Estes ideólogos têm a sublime missão de explicar por exemplo; que um crime cometido por um indivíduo é culpável e passível de pena, mas que quando cometido por uma massa de pessoas ele torna-se milagrosamente justo. Sem uma ideologia devidamente assentada e difundida, não há Estado. E os políticos sabem perfeitamente disto!
A ideologia evidentemente varia através dos tempos, acompanha a marcha ritmada da sociedade, ela não é estática e nem permanece obsoleta obviamente. E objetiva unicamente convencer o povo de que a existência do Estado é necessária e impreterível.
É impossível qualquer Estado sobreviver se a opinião pública não adere à sua ideologia sob forma de apoio. Visto a queda do portentoso Império Romano, onde uma de suas causas genitoras foi o descrédito dos seus cidadãos deste Estado enquanto estrutura político-administrativa.
Para manter sempre a ideologia do Estado em alta e em grande estima para com a opinião pública, é necessário recrutar ideólogos. Durante muito tempo foram os padres (principalmente no Ocidente), mas atualmente, há uma variedade maior e podemos dizer de contornos mais científicos; os economistas, cientistas e outros universitários. Estes na maioria das vezes são sim custeados pelo próprio Estado. O Estado também busca controlar as mídias de comunicações, seja por meio de intervenção direta ou liberando concessões de funcionamento.
(Fonte: Os Verdadeiros Pensadores de Nosso Tempo – Org. Guy Sorman)