Democracia e radicalização
Geralmente quando lemos ou ouvimos a palavra democracia sempre associamos ao conceito de governo do povo, governo eleito pelo; correto, porém, impreciso.
Por que correto? Porque é um sistema político cuja soberania repousa nos ombros do conjunto dos nacionais de um determinado Estado. Mas, por que impreciso? Porque hoje democracia não se restringe à ideia de sistema político, é, portanto, mais amplo, refere-se ao entendimento de pluralidade dos sistemas morais, religiosos, estilos de vida, leituras econômicas etc. Nesse caso, democracia pode ser pensada como um ambiente político-social em que, havendo uma pluralidade de tudo, haverá, necessariamente, um desacordo sobre a realidade. Logo, democracia nasce para resolver conflitos, politicamente, e ser também motivo de novos e outros conflitos, porque as lutas são sempre permanentes. Assim, democracia sempre será ambígua devido a defender, inclusive, a liberdade de se dizer algo contra ela.
Contudo, a radicalização é produto da democracia? Sim. Sempre. A radicalização será um dado da democracia em virtude de ela ser vital à luta pelos postos dos poderes executivos e legislativos para efetivação de planos, programas, projetos político-econômicos, isso é natural. Todavia, o que não deixa de “natural” é pensar que a radicalização seja algo ruim e deletério à unidade nacional. Pelo contrário, por meio da radicalização política nos tornamos conhecedores dos discursos e ações daqueles que estão em acordo ou não com o bem comum, com o bem público, com o interesse na lógica individual-coletivo.
Quando penso em radicalização, logo sou remetido à liberdade de expressão do pensamento e, com isso, imediatamente me coloco em uma situação democrática em que o cenário possibilita as disputas de ideias e propósitos antagônicos. Concluo, pelo menos para mim, que a democracia somente é possível pelas radicalidades, e que a radicalização é vital numa ordem democrática.
Como diz o filósofo, ser radical é ir à raiz.