A Primeira Lição de von Mises “O tão assustador Capitalismo”
Tema: Capitalismo, Sociedade, Economia.
O Capitalismo, o grande devorador de mundos; o deus indiano mitológico Shiva, que com a sua dança poderosa reduz o Cosmo a pó e o faz renascer; ele mesmo o Capitalismo, motivo pela qual a sociedade moderna padece em abissal diferença social, de um lado os ricos e lá em baixo na base ingrata piramidal, os pobres. Será ele o grande vilão?
Lançamos o olhar iluminado para está questão.
Costuma-se de forma ligeiramente equivocada na sociedade atual, atribuirmos o epíteto de “rei”, a empresários de sucesso, e que os seus negócios atingem uma gama considerável de clientes, e assim os denominados de uma sentença composta por dois substantivos; precedido sempre de “rei”; para tanto temos: o rei do automóvel; o rei da tecnologia, etc. Equivocadamente, não os distinguimos dos reis, condes, duques, barões de tempos antigos (idade media e início da idade moderna). Porém há uma diferença clara e nítida, que não é somente o período intervalar de tempo; mas a acepção prática objetiva da significância do reinado. É que os reis demais lordes antigos, reinavam sobre um território conquistado, inclusive com derramamento de sangue (não o seu óbvio), exerciam uma liderança na maioria das vezes impositiva e de contornos cruéis, eles tinham súditos e estes eram subservientes, amedrontados e sem “voz”. O epitetado “rei...” capitalista, não obstante a sua confortável condição econômica; não tem súditos, mas clientes, na qual ele serva incondicionalmente; ele não governa um território que foi conquistado, mas sim uma fatia de mercado, extremamente volátil e flutuante, onde indubitavelmente não há uma fronteira definida; e sim um território de ninguém, e o que melhor atender o cliente (com melhor serviço, custo, qualidade do produto) logrará vantagens e sobrepujará o concorrente, ganhando a coroa de “rei”.
A cerca de dois séculos atrás com o advento do capitalismo, o status social do indivíduo tendia a permanecer inalterado, do início ao fim da vida, à ascensão de classe era impossível. O status social era herdado, podemos dizer que era uma analogia sombria com características herdadas geneticamente (hereditariedade), só que com um viés puramente social. Isto é, se fosses pobre, seria sempre pobre e isso estender-se-ia aos seus filhos (as), netos (as); caso fosse rico, herdaria o status e a riqueza e passaria para os seus afortunados descendentes. As indústrias de manufatura, concentravam-se nas cidades, e existiam para servir a classe “afortunada”, ou seja a nobreza. A massa trabalhadora habitava o campo.
O assustador excedente da população no campo, e aqui falamos necessariamente do continente europeu; fez com que a mesma migrasse para a cidade. Constituindo-se numa verdadeira ameaça social nos Países Baixos e Inglaterra em meados do século XVIII.
As grandes navegações e o como seu resultado o descobrimento de territórios onde abundavam matérias-primas, fez com que aquecesse à tacanha indústria voltada para a nobreza europeia. As suas consequências vieram a calhar, formação de uma classe citadina burguesa (donos das empresas) e uma classe também citadina proletária (trabalhadora); e a massificação de produtos que antes apenas eram acessíveis à uma classe abastada e nobre. Há um verdadeiro jogo lógico de classes no Capitalismo, que se concretiza de forma prática; onde o patrão enquanto detentor dos bens de produção ocupa a posição de servir o cliente; mas quando adquire bens manufaturados alça-se na posição de cliente; um jogo de peões e reis, em que hora você é peão e no instante seguinte rei.
(Fonte: As Seis Lições – Ludwig von Mises)