Verdade e Validade Lógicas
Tema: primeiros passos na introdução à Lógica
A Lógica na sua gênese introdutória, preocupa-se primariamente com a forma em que está colocado um determinado argumento. Sim! A forma é a objetivação primeva da Lógica, ela é a centralidade no que tange ao processo de inferência que define-se um argumento é válido ou não. Independendo neste aspecto das questões inerentes a veracidade do argumento, a Lógica enseja inferir se a forma do argumento é válida ou não.
É importante definirmos claramente, dois termos que possuem estreita relação com a Lógica e os seus processos inferenciais, sendo partes fundamentais e propriamente constituintes. São eles: argumentos e premissas.
Um argumento significa, o bloco conjuntural de sentenças, na qual delineiam e formam uma estrutura plausível. As premissas são as sentenças que formam o argumento. O argumento constitui-se num construto lógico composto de uma ou mais sentenças, pode-se ler, “premissas”, que objetivam majoritariamente realizar a sustentação da sentença final, “a conclusão”.
Exemplifica-se abaixo um argumento básico e simplista, para fins de compreensão:
Premissa 01: Todo o “A” é da cor azul;
Premissa 02: Todo o “B” assemelha-se a “A” na cor;
Premissa 03: Logo “B” é azul;
As, “premissas 01 e 02”, dão a sustentação lógica válida para a “premissa 03”, que é a conclusiva. Neste argumento tem-se uma estrutura válida e retrata a veracidade do que se propõe. No exemplo seguinte tem-se um argumento válido na sua forma, porém, não retrata a verdade.
Premissa 01: Todo o gaúcho é brasileiro;
Premissa 02: Mário Quintana é brasileiro;
Premissa 03: Logo Mário Quintana é gaúcho;
Apesar de constituir-se em um bom argumento, de contornos plausíveis. Não retrata a verdade, como já foi narrado. Pois na conclusão, não é robusta e corrobora as afirmações sustentadas nas premissas, uma vez que Mário Quintana sendo brasileiro, não necessariamente e obrigatoriamente seria gaúcho; poderia ser catarinense ou baiano por exemplo, e ainda assim ser brasileiro.
Pode-se substituir no exemplo acima, os sujeitos das premissas, por valores impessoais como; x, y e z, sem a perda da estrutura argumentativa, conforme segue:
Premissa 01: Todo o “x” é “y”;
Premissa 02: Todo o “z” é “y”;
Premissa 03: Logo “z” é “x”;
Foi substituído o termo gaúcho por “x”, brasileiro por “y” e Mário Quintana por “z”; preservando a integridade do argumento, no que refere-se à sua estrutura lógica. Os valores x, y e z, assumem uma posição variável, podendo representar qualquer termo que desejarmos. Pois a lógica não preocupa-se com o conteúdo de um argumento em si, mas sim com a estrutura do raciocínio, a fim de auferir validade ou não.
Concernente à preservação da verdade de um argumento lógico. Tem-se as questões intituladas a critério de necessidade, já dissertadas por Aristóteles, nos seus Analíticos. O polímata, diz-nos que, um argumento é válido quando as premissas são verdadeiras e a conclusão também é verdadeira. Os argumentos válidos nunca, impreterivelmente nunca nos transladam de sentenças válidas para conclusão falsa, independendo da sua estrutura.
A Lógica como expressão pura do saber humano, não tem sua objetivação principal e prioritária, em analisar o teor de verdade em um argumento, isto é tarefa da área específica de que trata o tema argumental. A Lógica sim; constitui-se num ramo do saber que estuda a validade de um argumento, os caminhos do raciocínio e o construto estrutural de sentenças argumentativas. Os desdobramentos da lógica nos levam aos novos saberes e abrem horizontes, no que tangem à arte de pensar e a construção de argumentações; bem como a sua utilização é flexível e adaptável a qualquer área do saber humano.