SEM REMÉDIO NEM VARINHA DE CONDÃO
SEM REMÉDIO NEM VARINHA DE CONDÃO
Temos que aprender a conviver com a incerteza
E desconfiar de nossas pequenas certezas
O novo normal
É tudo
Menos normal
Um mundo hostil dessa praga onde você pode odiar
Mas não abraçar
Nem pensar em caminhar
Vão te multar
Onde você pode ver estranhos
Mas não amigos
Onde eles pedem liberdade
A aqueles que sempre a negaram e na verdade
Onde o barulho cobre as palavras.
Onde você exige uma coisa e faz o contrário duas vezes.
O novo normal é azedo, distante, suspeito.
Um lugar estranho, onde não me sinto confortável,
Como se tivesse acabado de pousar em outro planeta e isso me faz ansiar por confinamento.
Onde tudo o que dissemos já está esquecido.
Onde apenas aplaudimos aqueles que pensam como nós
Eles chamam isso de justiça
Quando querem dizer vingança
Onde máscaras não são suficientes para esconder nossa vergonha.
Tornamos a discussão
A desconfiança e o engano são normais
E usamos o distanciamento social sem pandemia
E falamos que somos todos irmãos
Que ironia
Enterramos o machado na paz
E comemoramos a guerra
Não é assim que se faz
Paz, paz
Perdemos muito mais do que ganhamos
Já não sei onde vamos
Sem vacina
Nem varinha de condão
Vamos todos acabar na mão
(Orides Siqueira)