A MAIOR DEMONSTRAÇÃO DE ATEÍSMO

A maior demonstração de ateísmo não é uma pessoa sair proclamando por todos os lados a inexistência de Deus e sim aquele que, em nome de sua divindade, exerce atos de coação, violência e poder sobre aquele que não segue a sua suposta religiosidade, atos esses que podem se manifestar juntamente com outras formas de atrocidades, como exploração sistemática da fé, prisões, mentiras, terror psicológico, deturpações e alienação espiritual do seu semelhante.

A pior maneira de propagação de um nada absoluto não é, portanto, a declaração pública da ausência de uma crença no transcendente e na divindade do Deus judaico-Cristão, até porque essa demonstração pode vir carregada de profundos questionamentos, revoltas, conflitos e inquietações quanto a existência de valores eternos em face de tanta perversidade humana. Ela é, antes de tudo, os maus exemplos que escurecem os horizontes da esperança humana e a afirmação brutal de algo que nega a liberdade de um ser humano de ser ou não-ser, de participar ou de não participar de um determinado destino e aventura de ordem espiritual.

O indício de uma falta de fé e de uma descrença no divino ocorre, infelizmente, quando um grupo de pessoas promovem uma terrível perseguição a pessoas, povos, etnias ou nações pelo fato destes não aceitarem a estupidez de um poderio arbitrário e pelo fato de não professarem uma mesma crença obscurantista contra as liberdades individuais, uma crença sem dúvida estranha e para lá de suspeita, cujas cruzadas postas em ação é o fomento da violência contra seres inocentes através de dogmas cheios de ambições egoístas.

Podemos evocar essas manifestações de rejeição, especialmente a todo aquele que busca se diferenciar da monstruosidade perpetrada pelo coletivo, durante as épocas das inquisições promovidas pela igreja católica e também no decorrer do século XX e XXI com o surgimento do comunismo, do nazismo e do facismo, bem como dos terrorismos islâmico, sionista e até mesmo cristão.

Toda pretensão a um status de absoluto, o qual não tem nada haver com absoluto, como por exemplo, os milhares de ismos espalhados pelo mundo, geralmente levam as pessoas a manifestarem ações repletas de unilateralidade e arbitráriedade, as quais, por sua vez, podem trazer para o mundo ondas sucessivas de intolerância e destruição em razão de uma auto-sacralização doentia que suprime qualquer energia destoante e inadaptada.

É provável que tais gestos de hostilidade tem mais haver com uma inveja camuflada ou mesmo um ressentimento profundo contra aqueles que pensam diferente, do que propriamente uma preocupação com a espiritualidade alheia. Essa forma de ateísmo, fundado numa terrível incerteza que não admite questionamentos, sempre foi responsável por tentar extinguir dos corações a luz de uma fé vive e atuante que, em vez de oprimir os homens, é assaz poderosa para libertá-los das amarras da superstição, da mentira e dos sofrimentos mais terríveis da alma.

Pois quantos não morreram quando deram seus últimos suspiros de liberdade em meio a uma brutal tirania contra qualquer espiritualidade e pensamento libre! Quantos não foram massacrados por defenderem a sua integridade contra quaisquer armas ideológicas, políticas ou religiosas, armas essas cujas premissas foram sempre criadas para a manutenção do um dogma acima de qualquer crítica, flexibilidade,criatividade, espontaneidade ou insatisfação! Quantas minorias não foram perseguidas quando uma nação inteira acreditou que elas eram as maiores responsáveis por todo o mal que o seu povo enfrentava! É dessa forma que surgiram, em meio aos derramamentos de sangue, as guilhotinas, as torturas e aos holocaustos, as piores barbáries que macularam profundamente a história da humanidade.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 17/06/2020
Reeditado em 18/06/2020
Código do texto: T6980470
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