LIVRE-SE DAS ARMAS, ARME-SE DE LIVROS

Existe um objeto da criação humana que poderia representar o amálgama de seu desenvolvimento? Do chiclete à bomba atômica, qual tecnologia pode ser o símbolo do nosso progresso?

Defendo que o livro, a parte e apesar de todo deslumbramento das pessoas com as tecnologias digitais, é a flâmula da mudança de patamar do gênero humano, sem menosprezo dos modernos aviões que levam o homem de uma a outra ponta do globo terrestre em horas, nem da promissora genética que vaticina a transformação do corpo humano em uma máquina biológica perfeita, tampouco dos satélites que avançam ininterruptamente sobre as fronteiras do universo. Não virá dessas tecnologias nossa evolução, e provo: que progresso se verifica no homem em interagir com todo planeta em tempo real por códigos binários? Idiotas inomináveis não o fazem também? E digo que o fazem até com mais desembaraço que as mentes mais privilegiadas de nossa espécie.

Outrossim, viajar à velocidade do som ao redor do planeta provoca que elevação da natureza humana? Não viajam assim os gangsteres e traficantes de drogas e pessoas?

Não raro, as viagens espaciais não são dominadas por ditadores, genocidas e burocratas que as promovem indiferentes ao flagelo dos semelhantes que permitiram tal feito?

Elencadas, as maiores descobertas do homem, da roda à pólvora, da imprensa ao jeans, mudaram, muitas vezes, o mundo exterior, reorganizaram as sociedades, alcançaram os mais longínquos rincões da terra, mas pouco ou nada mudaram da essência animal de nossa existência, aliás, a muitas delas cabe o dolo de mais nos animalizar a alma, de nos fazer mais bárbaros do que a natureza nos criou.

Apenas o livro foi capaz de nos civilizar ao ponto de abandonarmos a suspeição do convívio com nossos iguais. Onde o livro está presente e reina, as bestas-feras da alma humana vão se acalmando, a vontade do sangue derramado se dilui por causa da empatia difundida pela leitura.

Mas clamarão as turbas: há livros que provocam revoltas e há leitores revoltados contra a ordem social! Decerto que há, respondo, porque o livro, entre outras virtudes, evidencia toda hipocrisia humana, denuncia os podres poderes vigentes, esclarece a corrupção das sociedades.

Desde a Bíblia, até a proclamação dos direitos universais humanos, o livro nos tira da obscuridade da existência sem razão e nos faz querer evoluir.

Que faria um homem com a aparência degradada, ao pôr-se a frente de um espelho que lhe mostrasse esta aparência? Não a tentaria arrumar? Seria indecente não perceber que um revolucionário consciente se debate pelo bem comum, que está mesmo pronto a padecer para que sua espécie evolua.

Ao contrário, o ignorante que propõe combate contra alguns de sua espécie não o faz, senão por vantagem própria, de sua família, apoiadores e nada mais. Por causa ou consequência disso desconhecem os livros, os temem ou mesmo os odeiam. Que líder bárbaro ou ditador não queimou livros ou proclamou o seu próprio "Index Librorum Prohibitorum"?

Se há livros e livros, como a própria inteligência nos previne, há leitores e leitores, como a experiência nos demonstra todos os dias. Mas há leitores não humanizáveis?

Desconfio que os livros que se dizem ideologicamente imparciais (informativos, científicos, instrutivos etc.) não são capazes de penetrar na psiquê do leitor, logo são ineficazes para possibilitar a sua evolução Civilizatória. Literários, filosóficos e religiosos são os livros que mais comumente perambulam pelo cerne da essência humana, sendo, portanto mais apropriados para sua transformação.

Sublinho: a nossa cura e a nossa evolução se darão pelos livros. Qualquer outro caminho (limpeza étnica, aculturação, domínio compulsório, apartheid, clareamento da raça, reengenharia de DNA, construção de muros, casamentos arranjados, etc.), nada disso nos fez nem nos fará melhores, por isso leia para evoluir, leia para se curar, leia para fazer jus ao título de ser humano.

Ao civilizar a si mesmo você faz a sua maior contribuição para a civilização do mundo.

Marque V(verdadeiro) ou F(falso) para cada afirmação sobre o texto:

a)( ) Para o autor o livro é uma invenção humana economicamente superior às demais invenções;

b)( ) Para o autor o livro é uma invenção humana socialmente superior às demais invenções;

c)( ) Para o autor o livro é uma invenção humana culturalmente superior às demais invenções;

d)( ) para o autor uma das característica mais virtuosa dos livros é tirar a humanidade da barbárie;

e)( ) para o autor uma das característica mais virtuosa dos livros é tirar a humanidade da ignorância;

f)( ) para o autor uma das característica mais virtuosa dos livros é tirar a humanidade da pobreza;

g)( ) para o autor as demais invenções humanas tem como grande falha não produzir riquezas para a humanidade;

h)( ) para o autor as demais invenções humanas tem como grande falha não produzir prazeres para a humanidade;

i)( ) para o autor as demais invenções humanas tem como grande falha não produzir humanidade nos homens;

j)( ) para o autor todo ditador e toda ditadura odeia livros.

Saulo Palemor
Enviado por Saulo Palemor em 11/06/2020
Reeditado em 13/02/2021
Código do texto: T6974264
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