Sem tema

Os pássaros adormecem

seus gorjeios entre as penas.

E suas penas escondem-se

entre os ramos da laranjeira.

Enquanto a laranjeira

espera a chuva,

eu sonho um pomar inteiro

de cores e sabores

de certezas e começos.

Não há no jardim

um só orvalho sem

sua folha.

Não há em mim

nenhuma vontade

de adormecer

o poema.

E na pena de bico fino

o nanquim escorre

mostrando desenhos

assimétricos

ao meu olhar inquieto.

Enquanto isso,

os pássaros adormecem

nos meus versos sem rima,

seus gorjeios e suas penas.