Guernica: Notas de resistência de um vilarejo Basco

Criada à partir de fragmentos antecessores à devastadora Guerra Civil Espanhola (1936-1939), a obra pintada à óleo por Pablo Picasso (1881-1973) retrata simultaneamente símbolos abstratos e figurativos; uma representação que nos conduz à absorção histórica da arte dentro dos contextos de destruição do campo civil, do impacto social vestido por falecimento e do resultado dos conflitos militares da época.

No dia 26 de Abril de 1937 a região de Guernica é tomada pelo ataque aéreo das companhias alemãs que apoiavam o regime franquista do estado da Espanha, dirigido por Francisco Franco(1892-1975). Dadas as circunstâncias de que os bombardeios surgem isolados na região, o evento é também caracterizado como uma guerra-relâmpago, a tática militar evita que outras forças tenham tempo de organizar defesa.

O contexto da obra ausenta a possibilidade de mistificação adaptada conforme sua exposição. De uma forma não verbal expressa que, o retrato é como um instrumento de guerra ofensivo e defensivo contra o inimigo e que em qualquer lugar do mundo as pessoas deveriam sentir a dor e a angústia dos habitantes do vilarejo. Idéias de Picasso. A feição da mulher com o filho morto nos braços que faz referência a Pietà(1498) de Michelangelo, ou a lâmpada central na obra que registra a "iluminação" do contraste entre os tons preto, branco, cinza. O semblante amedrontado e a impressão sonora dos gritos. Um verdadeiro registro de resistência.

As próximas ações são guiadas pelo regime de traços fascistas e percorrem uma espécie de deleção consecutiva da massa, uma intoxicação do próprio homem enquanto executa seu poder. Neste caso principalmente pelas tropas e forças armadas, a fase ditatorial caminha para uma maior degradação social com o objetivo de derrubar o governo republicano e que à posteriori, remete novamente a falange espanhola tradicionalista corrompendo o oxigênio da humanidade local e se aproximando da 2º Guerra Mundial, dados os seus componentes partidários tidos como grande potência.

A obra vem ao Brasil durante a 2º Bienal em São Paulo em 1953. Atualmente continua sendo analisada e mencionada em diversos âmbitos da educação, da literatura e da história da arte, à idade contemporânea.