Haverá poesia depois do covid 19?
Depois de viver a barbárie institucionalizada não se pode ser mesmo, depois da pandemia não seremos os mesmos.
Haverá poesia depois do covid 19?
Para que o sujeito pudesse se auto afirmar enquanto tal, historicamente, precisou distanciar-se progressivamente dos objetos, coisa-mercadoria, apropriando-se destes para fins de dominação e superação.
A palavra é coisa?
Poesia é objeto?
Literatura é mercadoria?
Contudo, aquela apropriação demonstrou-se contraditória. O sujeito que pretendia se esquivar da reificação (fetichização da mercadoria em processo na sociedade pós industrial) se vê transformado: o sujeito coisificado deixa de ser pessoa e como tal um ser composto de corpo, alma e espírito.
Nesse contexto, a criação (poesia, literatura) e autor (sujeito) foram transformados em coisa-objeto-mercadoria fetiche – e o desafio se mostra agora o mesmo de quando Adorno postulou a renovação da sociologia pós holocausto: a arte deve encontrar caminhos para tornar-se legítima e significativa no horizonte obscuro que se nos apresenta - a espiritualidade sequestrada pela máquina de fabricar objetos precisa ser repensada para que o lirismo floresça
Haverá poesia!
Paradigmas cristalizados são rompidos, estamos vivendo grandes mudanças e não seremos os mesmo amanhã – nem a Literatura.
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Baltazar Gonçalves