DESAFIOS E INSUBORDINAÇÕES
Meditando e procurando entender o que se passa com a chegada devastadora do novo Coronavírus, esse mal, essa peste ou doença que ocorre com a força e volume de uma Tisunâme, não encontro explicações palpáveis senão de uma ira de Deus, o nosso Senhor entristecido com a devassidão da sua criatura humana. Mas algumas passagens e alguns acontecimentos se sobressaíram no corolário de diversos momentos tendo sempre como presença as ações de rebeldia do povo ou humanidade.
Quando Moisés retirava o povo judeu de uma escravidão que sofria no Egito, numa missão havida por obra e ação do Senhor, o nosso Deus que havia ouvido os clamores daquela gente, muitos acontecimentos houveram e muitos obstáculos foram vencidos numa efêmera contenda de um povo que às vezes se alegrava, às vezes reclamava e às vezes se rebelava.
As águas do Mar Vermelho foram separadas e abriu-se um caminho por onde a leva de gente pôde passar incólume e, cujas mesmas águas se fecharam sobre os soldados egípcios que os perseguia. É bíblico e histórico esse acontecimento que permeia os livros do Velho testamento. A água de beber que jorrou das pedras em pleno deserto quando todos puderam beber e matar as suas sedes. O Maná que caiu em forma de sereno e era o pão que a todos alimentou e matou a sua fome, bem como a carne das pombas que apareceram em revoadas e delas, assadas no calor das areias do deserto, puderam suprir suas energias de que tanto precisavam para prosseguir na longa caminhada.
Moisés os conduzia e os orientava, mas em um momento que ele, um enviado de Deus, se afastou e foi até o Monte Horeb ouvir o Senhor, orar, meditar e receber instruções e em um desses célebres momentos recebeu a Tábua dos Dez Mandamentos que até hoje em pleno século XXI, ainda norteia todos os nossos embasamentos jurídicos. O povo, apesar dos benefícios que recebia e deles se beneficiava, se rebelava, se desviava e se revoltava contra tudo e contra Moisés, o grande líder daquele êxodo.
O povo renegava os propósitos, xingava ao Deus de Moisés, seus ensinamentos e suas ações e até para mostrar a sua indignação construíram um bezerro de ouro obtido com as suas joias e passaram a adora-lo como o seu deus, mostrando o seu empoderamento, a sua desobediência e insubordinação. Quanta fúria! Quanta rebeldia! Quanta vaidade! Mesmo sofrendo com aquela caminhada cheia de dificuldades, mas com um objetivo tão almejado. Não se continham, mostrava poder e se fazia de autossuficientes. Mas Deus, que a tudo via, perdoava e permitia o prosseguimento da caminhada que durou quarenta anos e terminou com a chegada em Israel depois da morte de Moisés que foi sucedido por Josué (Livro do Êxodos em seus 40 capítulos).
Mais à frente temos no Evangelho de Marcos (Mc:4,35), onde ele nos conta que depois de Jesus pregar para o povo, uma grande multidão, Ele subiu na barca com os seus apóstolos e iniciou a travessia para o outro lado do Mar da Galileia. Era fim de tarde e Jesus cansado, adormeceu ali num dos lugares. Nesse meio tempo apareceu uma grande ventania, um verdadeiro vendaval que fazia a barca ameaçar virar tão grandes eram os seus balanços, assustando a todos os apóstolos que nela estavam e não sabiam o que e nem como fazer
Apavorados e com medo acordaram a Jesus dizendo: “Mestre! Não te preocupas conosco? ”. Jesus se levantou, mandou o vento parar e acalmou a força das ondas do mar. Voltou então, Jesus e perguntou: “Onde está a sua fé? ”, deixando todos os apóstolos assustados com a força do poder de Jesus, o Mestre, bem como, envergonhados com as suas fragilidades e sua falta de fé.
Uma história da crendice popular, em forma de lenda, nos conta que o povo resolveu construir uma torre, em forma de escada, que os possibilitasse chegar aos céus. E puseram as mãos à obra de sua construção. Era grandiosa e muitos eram os operários para a sua execução. E ela se erguia a passos largos e subia com rapidez e até já vislumbravam o momento em que chagariam aos céus.
Deus, que a tudo via e acompanhava, resolveu intervir e mostrar a sua presença e a sua força e o seu poder. Para isto alterou a fala e a linguagem dos trabalhadores que ali faziam os seus serviços. Dividiu a fala em diversos idiomas e linguagens. Uns começaram a falar em inglês, outros em francês, outros em português, etc.… e daí ninguém entendia mais nada. Pedreiros pediam tijolos, os ajudantes mandavam areia; pediam areia, mandavam cimento; pediam uma coisa e mandavam outra. A confusão fez a obra ser paralisada por não ter como prosseguir, pois, a desordem imperou e a ilusão de chegar aos céus pelos os seus próprios meios foi desfeita e o povo teve que recuar e abandonar a ideia de poder. Deus é poderoso e tudo vê. Não devemos e nem podemos desafia-Lo. Mas devemos sim, obedece-Lo e O temer.
Observando o que dizemos quando rezamos o Pai Nosso, a mais elementar das orações e que nos fora ensinada pelo próprio Jesus Cristo quando os apóstolos Lhe perguntaram como deveriam orar, entre tantos pedidos e compromissos que fazemos e nos propomos fazer, está:"...seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu…". Sabemos que Ele é o Senhor, o nosso pai e a Ele devemos obedecer e nos submeter. Concordamos e fazemos esse compromisso, pedindo o pão de cada dia e "...que nos livre de todos os males..." concluindo com um forte e sonoro amém, como que dizendo: cumpriremos, todos.
Na Ave Maria que rezamos, pedimos que ela rogue por nós, reconhecendo o seu prestigio e o seu valor junto ao pai e seu filho Jesus Cristo e que ela interceda por todos nós assim como ela intercedeu pelos noivos em Canaã, quando o vinho da festa havia acabado e Jesus, o seu filho amado, transformou seis talhas de pedra e que cabiam 100 litros de água cada uma, em um delicioso e especial vinho. E a festa pôde então prosseguir animadamente.
São tantas as ocorrências e evidências que nos mostram a força e o poder de Deus que nem é possível enumerar ou falar sobre todos e, no entanto, não servem de exemplos, teimamos em não obedecer, fazemos de desentendidos e até confrontamos a Deus ou desafiamos.
Nossas vaidades são incontáveis em suas diversas formas. O nosso empoderamento é crescente e equivale à torre que tentaram construir para nos levar aos céus. A linguagem, os idiomas e as falas, não dão lugar ao Senhor e a Ele devemos obediência, respeito e temor. Sou. Quero. Faço. Posso. Sem nunca dizer "se Deus quiser" e se falamos, falamos por mero costume, sem nenhuma observação a essa imprescindível condição.
Poder é o dinheiro, o traje, o carro, o status, o cargo que ocupa ou a classe social à qual faz parte, etc.... e o celular e a internet que vieram para ficar e nos servir são tudo, que tudo faz, resolve e nos conforta, no que é uma verdade. Com estas duas ferramentas que Deus nos permitiu fazer e ter. Podemos comprar, fazer, comer, conquistar, sonhar, conversar, etc e chegarmos onde precisamos ou queremos, bastando clicar numa corriqueira “app”.
Mas e de Deus? Será que nós lembramos, tememos ou respeitamos como o nosso Senhor? Ele existe e a tudo vê! Para chamar a atenção, Ele, num sono proposital tal como na barca que fazia a travessia do Mar da Galileia ou embaralhando nossas falas como na construção da torre que buscava subir aos céus, confrontar os nossos poderes materiais e usuais e nos mostrar o seu poder, a sua existência e tudo que Ele pode e, não mandou, mas deixou que o demônio fizesse acontecer essa Pandemia ocasionada pelo Coronavírus que tanto nos assusta, mata e a tudo destrói, nos impingindo medos, pavor, temor e um brutal desnorteamento dos nossos rumos, dos nossos negócios, nossos interesses, nosso poder ao mesmo tempo em que nos mostra que somos frágeis e fracos.
É como que dizendo, quando acordar deste sono intencionado: cadê o seu poder? Onde está a sua força? Cadê a sua fé? Vamos nos envergonhar e deixar suas perguntas sem nenhuma resposta, pois não a temos diante do que fazemos. Mas somos filhos Dele.
Deus é justo, poderoso e duro, apesar de ser bondoso, misericordioso e fiel, enquanto nós, os seus filhos (João:3.1) somos rebeldes, cabeças duras, desobedientes, pecadores e nada podemos. Na aurora dos momentos bons: festamos, bebemos, comemos, dançamos, somos fortes e poderosos e nem nos lembramos de Deus. No entanto, no entardecer, quando o sol perde o brilho e se põe e as coisas ficam difíceis, somos medrosos, sofredores e/ou vítimas e aí corremos em busca de Deus. É nestas horas que nos lembramos que Ele existe e a Ele recorremos com aflição e pedindo, oramos e nos ajoelhamos. É um grande conflito as nossas atitudes comportamentais. Somos oportunistas e esnobamos na fartura e nos humilhamos na escassez ou faltas.
Essa pandemia veio para tudo devastar, numa destruição em cadeia. Encurralou a população, fechou as indústrias e o comércio, paralisou os negócios, derrubou os valores e está destruindo as economias, etc. Parece que não vai sobrar pedra sobre pedra e já devemos começar a pensar, se houver, nos recomeços.
Mas Deus é pai e vai nos perdoar, dar-nos mais uma chance. Temos que acorda-Lo deste sono que nos deixa sozinhos numa barca que está fazendo água e nos deixa em aflição. Meu Deus, nos ajude!!!