Cultura e Sociedade no Brasil
Deve-se haver uma defesa da liberdade cultural em sentido amplo e radical.
A liberdade de criação, contudo, abrange a possibilidade de acerto ou de fracasso por causa da dupla criação -criação e crítica-, abordando complexos problemas. Enquanto um produtor da cultura elabora conteúdos e métodos de criação, um crítico cultural pode avaliá-los de sua maneira, havendo uma pluralidade de tendências. O Brasil ainda é um país muito preconceituoso e esse preconceito atrapalha uma democracia pluralista referente à cultura.
Emergida no capitalismo, a formação social brasileira tem um efeito cultural no qual não pertence única e exclusivamente ao Brasil, daí há uma cultura universal enraizada em toda e qualquer nação, oriunda de algo menor, que seriam ideologias locais e nacionais. No caso do Brasil: penetração da cultura europeia. Os valores europeus serviram de modelo para a nação brasileira, por isso, imitar seria integrar, manifestando a tendência universal, já que a brasileira foi considerada deficiente.
A passagem da subordinação formal (modo de produção não capitalista) para a subordinação real (modo de produção capitalista com subordinação ao capital industrial ou financeiro internacional), resultante do colonialismo, cria novas condições para a história da cultura brasileira, afastando a ideia do liberalismo no qual defende as camadas dominantes, e que manifesta-se como inadequado, pois a desigualdade e o trabalho baseado na coerção extra-econômica foram instalados no brasil como algo natural e não com a livre contratação no mercado de trabalho.
Há um desequilíbrio na luta cultural, pois os intelectuais que não se juntavam com o sistema dominante sofriam repressão política, fazendo as camadas populares terem dificuldade. Um exemplo disso está no pensamento da direita autoritária, onde existe um discurso em que impede as massas populares, consideradas subalternas, de expressar uma verdadeira democracia em decisões nacionais, onde há uma diversidade interna e hegemônica.
Na cultura brasileira, nota-se o distanciamento dos intelectuais e da cultura-popular (populismo), tal longevidade é vista negativamente. Os intelectuais não se sentem ligados ao povo e não se interessam por sua realidade, podem até tentar, mas não sabem fazê-lo. Diante disso, ocorre o cosmopolitismo, não respondendo às questões da realidade brasileira, mas somente às questões de seu círculo de interesse desses intelectuais.
O Brasil de hoje é um dos países mais miscigenados do mundo graças a sua formação diversa. Precisamos de uma renovação democráticas que envolva todas as esferas do ser social brasileiro, quebrando o distanciamento dos grupos que compõem nossa cultura, respeitando o pluralismo e se afastando do elitismo. Lembrando que o problema da democratização da cultura envolve todo um quadro social, econômico e político.