Por que aprender História?
Quando se fala da importância de aprender história geralmente caímos no clichê de que “conhecer a história ajuda-nos a reconhecer e evitar os erros do passado, além de nos dar uma guia para o futuro”. Essa afirmação, em partes, não está errada, no entanto se mostra um tanto quanto simplista isso pois, em relação a esse argumento dos erros podemos notar que, em vez de aprender com o passado, os seres humanos deliberadamente o ignoram. Essa possibilidade levou o filósofo e também historiador Wilhelm Friedrich Hegel a recear que a única verdadeira lição da história é que as pessoas não aprenderam nada com a história.
E isso nos leva atentar para a questão de que, se o conhecimento histórico não é garantia de que os erros do passado não se repetirão e se a história é um meio(na melhor das hipóteses) imperfeito de prever o futuro, então o que nos resta? Nos resta o presente. Isso pois, como aponta o historiador e psicólogo E. G. Boring: “No entanto, o conhecimento da história, apesar de jamais poder ser completo e, desgraçadamente, não servir para a previsão do futuro, tem uma tremenda capacidade de dar significado à compreensão do presente”.
Conhecer a história é importante porque nos dá uma perspectiva sobre o presente muito mais ampla e contundente, e nos impede de cometer equívocos acerca do passado, isso porque, veja, as vezes acreditamos que a época em que vivemos é, como disse o romancista Charles Dickens, a “pior de todas”. Queixamo-nos dos problemas aparentemente insuperáveis e dos riscos constantes que que parecem acompanhar a vida do século XXI e por vezes, desejamos voltar aos “velhos tempos”.
Reforço nesse ponto que conhecer a história é um bom corretivo para esse equívoco, talvez seja o historiador Daniel Boorstin quem melhor desmentiu essa falácia em seu artigo de 1971 intitulado “The Prison of the Present”:
“Gritamos contra a poluição ambiental — como se ela tivesse começado com a era do automóvel. Comparamos o nosso ar não com o cheiro de excremento de cavalo, a praga das moscas ou o fedor de lixo e fezes humanas que enchia as cidades do passado, mas com o perfume de madressilva de alguma inexistente Cidade Bela. Ainda que a água de muitas cidades de hoje não seja potável, [...] esquecemos que ao longo da maior parte da história água das cidades(e do campo) não podia ser bebida. Reprovamo-nos pelos males das doenças e da desnutrição e esquecemos que, até pouco tempo atrás, a enterite, o sarampo e a coqueluche, a difteria e a febre tifoide eram doenças infantis letais [...] [e] a pólio, um monstro do verão”.