A gélida utopia de Jorge Luís Borges
Do escritor Jorge Luis Borges, ombreado entre os grandes da literatura universal, não há o que dizer sem cair em tautologias. Comentar seus poemas e contos é tratar em palavras menores a inefável escrita do autor portenho, mas mesmo assim tarefa irresistível. Em minhas restritas memórias de mundos felizes imaginados, o conto “Utopia de um homem que está cansado”, sempre teve lugar especial, tal o impacto da leitura. Destas peças seminais que se incorporam na nossa visão de mundo e ficamos lendo-as interiormente o resto da vida.
Só recentemente tomei conhecimento das seguintes palavras de Borges, no prólogo do Livro de Areia, de 1975: “o conto” – Utopia de um homem... – “é a meu juízo, uma das peças mais honestas e melancólicas da série”. Este, de fato, é o sentimento que assoma os leitores. Uma gélida, lancinante, melancolia! Pelo menos foi o meu caso. Ao final deste texto o leitor saberá do que se está falando.
No início da narrativa borgiana, Eudoro Acevedo (o próprio Borges?), nascido em 1897 em Buenos Aires, se encontra, como num sonho acordado, caminhando em algum lugar do futuro. Observador, percebeu a inexistência de cercas, em ambos os lados da estrada. Andou mais um pouco e foi surpreendido pela chuva. Avistou ao longe a luz de uma casa baixa, retangular, cercada de árvores e procurou abrigo. Bateu na porta e foi atendido por “um homem tão alto que quase me deu medo”, traços afilados, rosto severo e pálido. Não havia fechadura na porta. Foi convidado a entrar num comprido quarto com paredes de madeira. A língua que o homem alto falava era o latim, e explicou porquê. “A diversidade das línguas favorecia a diversidade dos povos e mesmo as guerras; a terra regressou ao latim.” Seguiu-se uma conversa. O hospedeiro alto tranquilizou o visitante. As visitas do passado ocorriam a cada século e no máximo no dia seguinte ele estaria em casa. E seguiu descrevendo seu mundo. Nas escolas é ensinado a dúvida e a arte do esquecimento pessoal e local. Para eles os fatos não interessam mais, são enganosos e meros pontos de partida para a invenção e o raciocínio. Vivem, é certo, no tempo sucessivo, mas sob a perspectiva da eternidade (sub specie aeternitatis). Revelou ter 400 anos, mas nome não tinha. O chamavam de alguém. O amadurecimento dos indivíduos é aos 100 anos, continuou, nesta idade o sujeito já engendrou um filho (só um, “não convém fomentar o gênero humano”); pode prescindir do amor e da amizade e “está pronto para enfrentar a si mesmo e a solidão”. Todos são donos da própria vida e da própria morte. O suicídio é banal, e acrescentou sem muita convicção ou interesse, a respeito de uma discussão em andamento, das “vantagens de um suicídio gradual ou simultâneo de todos os homens do mundo”.
E o que faz o quadricentenário indivíduo do futuro em sua vida cotidiana? “Construí esta casa, que é igual a todas as outras, fiz estes móveis e estes utensílios, trabalhei o campo que outros, cuja cara não vi, trabalharão melhor que eu”. Além de jogar xadrez e tocar harpa, disse ter pintado alguns quadros. Deu de presente um deles ao visitante, mas alertou “estão pintados com cores que teus olhos antigos não podem ver.
Falou também das instituições. A imprensa foi abolida “pois tendia a multiplicar vertiginosamente textos desnecessários”, as cidades foram igualmente abolidas. Não há pobreza “que seria insuportável”, nem riqueza, “a forma mais incômoda de vulgaridade”. Cada habitante exerce um ofício. Eudoro perguntou sobre a existência de museus e bibliotecas e ouviu um não. “Queremos esquecer o passado. Cada qual deve produzir por sua própria conta as ciências e as artes de que necessita”. Então, concluiu o viajante, “cada qual deve ser seu próprio Bernard Shaw, seu próprio Jesus Cristo e seu próprio Arquimedes”. O outro anuiu com a cabeça. Quanto aos governos, foram caindo gradualmente em desuso. “Os políticos tiveram que procurar trabalhos honestos; alguns foram bons comediantes ou bons curandeiros”. Com respeito à religião explicou tudo com uma frase: “Há quem pense que é um órgão da divindade para ter consciência do universo, mas ninguém sabe ao certo se tal divindade existe”. Restava falar da técnica e deu o exemplo das viagens espaciais, que foram abandonadas: “Nunca pudemos nos evadir de um aqui e um agora”.
Foi então que se ouviram as batidas na porta. Era uma mulher, chamada Nils, e três homens altos e muito parecidos. “Sabia que esta noite não faltarias”, falou o dono da casa para a mulher. Seguiu-se uma conversa banal e logo começaram a carregar para fora todos os móveis e objetos. Eudoro ficou envergonhado com sua fraqueza. Terminada a tarefa, saíram deixando a porta aberta. Caminharam durante 15 minutos pela neve, quando o visitante avistou um tipo de torre coroada com uma cúpula. Um dos homens falou que era o crematório, “dentro está a câmara letal. Dizem que foi inventada por um filantropo cujo nome, creio, era Adolf Hitler”. Eudoro Acevedo descreveu os momentos finais de seu anfitrião: “Sussurrou umas palavras e antes de entrar no recinto se despediu com um gesto”. Na iminência do amigo virar pó, Nils observou, "a neve continuará".
Nos relatos utópicos tradicionais um viajante encontra por acaso algum paraíso perdido que é sempre local, uma ilha, uma cidade, uma comunidade. No conto de Borges não ocorre assim. O anunciador é abduzido pelo paraíso que é a própria terra no futuro. Para nosso alívio, constatamos que não fomos dizimados pelos apocalipses anunciados. Não sofremos os males definitivos de uma terceira guerra mundial; os ataques da humanidade não foram suficientes para exaurir a terra; não fomos substituídos ou governados por terríveis máquinas inteligentes. Enfim, como Borges bem mostrou no conto, nosso futuro é utópico (será?), não distópico. Em algum ponto não especificado da história, algo como o estalo de Vieira esclareceu a humanidade e revertemos a marcha ao abismo. Karl Marx se daria por satisfeito com o fim do Estado, da propriedade privada, do dinheiro, da desiguadade. A política, o consumismo, as tecnologias diversionistas, males outrora “necessários”, também foram descartados, assim como os adornos inúteis para uma vida confortável, mas sem luxo, quase ascética.
Para o filósofo Gilles Lipovetsky o fim das grandes utopias coletivas abriu as portas para as utopias individuais, transhumanistas, por meio da hibridação do biológico com o tecnológico. É o desejo de superar nossas limitações na saúde, inteligência, velhice. Segundo relato de Eudoro, o futuro que o abduziu resolveu tais questões, preservando intacto o gênero humano, mas aperfeiçoando-o com saúde plena, resistência, força física, inteligência e, principalmente, o maximus somniun da humanidade, vencendo a morte. Este é o ponto, o majestoso portal em que o homem coloca o pé na eternidade e subverte a metafísica. Eternidade sem Deus é um dos temas obsessivos de Jorge Luís Borges. O livro "História da eternidade" de 1953 e o conto "O Imortal" são preciosidades literárias. Neste último lê-se o fantástico relato do antiquário Joseph Cartaphilus, de Esmirna, em sua viagem em busca da fonte da juventude e da cidade dos imortais. No final ele encontra o pequeno arroio e a estranha cidade. Mas o que o impressiona é o estado destes seres eternos assemelhados a trogloditas catatônicos jogados no barro. Entre estes, encontra Homero, sim, o autor épico que há muito tomou da fonte e lhe explica a condição de tais viventes, o desinteresse deles por tudo o que não fosse pensamento:
“Tampouco interessava o próprio destino. O corpo era um submisso animal doméstico e bastava-lhe, cada mês, a esmola de umas horas de sono, de um pouco de água e de restos de carne. Que ninguém nos queira rebaixar a ascetas. Não há prazer mais complexo que o pensamento e a ele nos entregávamos. Às vezes, um estímulo extraordinário nos restituía ao mundo físico. Por exemplo, naquela manhã, o velho prazer elementar da chuva. Esses lapsos eram raríssimos; todos os imortais eram capazes de perfeita quietude; lembro-me de um que jamais vi de pé: um pássaro se aninhava em seu peito”.
Aristóteles concordaria. Ao final e ao cabo de uma vida sem fim, vence a contemplação. A eternidade, nestes termos, é também a chave para interpretação da utopia do homem alto que está cansado. Nem velho nem doente, apenas existencialmente cansado. Os problemas coletivos e individuais foram resolvidos, exceto um: o desgaste de viver no mundo em que “cada ato (e cada pensamento) é o eco de outros que no passado o antecederam e que no futuro o repetirão até a vertigem. Não há coisa que não esteja como que perdida entre infatigáveis espelhos”. A utopia que nos aguarda, pois chegaremos até ela, mostra os seus limites. Os paraísos deste mundo, os júbilos e as grandezas, não resistem a sub specie aeternitatis. “Meu reino não é deste mundo”, respondeu Jesus Cristo a Pilatos. “Meu mundo não é deste reino”, poderia ter falado “alguém” ao visitante, e completado: “conquistamos a eternidade que foi o nosso bem e o nosso mal, não pudemos suportar tanta realidade". Comer o fruto proibido da Árvore da Vida tem seu preço. Mas havia ainda resquícios de um debate público naquela terra de solitários, sobre as "vantagens do suicídio gradual ou simultâneo de todos os homens do mundo". Tal debate não despertava atenção a "alguém", sua decisão estava tomada. O Excesso de utopia teria roçado na mais terrível das distopias? Ou seria o contrário, a plenitude da razão e dignidade do gênero, ao optar pela saída, livrando o restante da criação das inquietações e húbris humanas? Aí sim a realização plena da utopia, o projeto Divino restaurado sem Satã e o homem de barro. O Éden sobre toda a terra esbanjando harmonia e beleza.
Freud, acho, iria gostar ou, pelo menos, não ia achar nada estranho. "O objetivo derradeiro da vida", disse ele na última entrevista, "é a sua própria extinção".
No início da narrativa borgiana, Eudoro Acevedo (o próprio Borges?), nascido em 1897 em Buenos Aires, se encontra, como num sonho acordado, caminhando em algum lugar do futuro. Observador, percebeu a inexistência de cercas, em ambos os lados da estrada. Andou mais um pouco e foi surpreendido pela chuva. Avistou ao longe a luz de uma casa baixa, retangular, cercada de árvores e procurou abrigo. Bateu na porta e foi atendido por “um homem tão alto que quase me deu medo”, traços afilados, rosto severo e pálido. Não havia fechadura na porta. Foi convidado a entrar num comprido quarto com paredes de madeira. A língua que o homem alto falava era o latim, e explicou porquê. “A diversidade das línguas favorecia a diversidade dos povos e mesmo as guerras; a terra regressou ao latim.” Seguiu-se uma conversa. O hospedeiro alto tranquilizou o visitante. As visitas do passado ocorriam a cada século e no máximo no dia seguinte ele estaria em casa. E seguiu descrevendo seu mundo. Nas escolas é ensinado a dúvida e a arte do esquecimento pessoal e local. Para eles os fatos não interessam mais, são enganosos e meros pontos de partida para a invenção e o raciocínio. Vivem, é certo, no tempo sucessivo, mas sob a perspectiva da eternidade (sub specie aeternitatis). Revelou ter 400 anos, mas nome não tinha. O chamavam de alguém. O amadurecimento dos indivíduos é aos 100 anos, continuou, nesta idade o sujeito já engendrou um filho (só um, “não convém fomentar o gênero humano”); pode prescindir do amor e da amizade e “está pronto para enfrentar a si mesmo e a solidão”. Todos são donos da própria vida e da própria morte. O suicídio é banal, e acrescentou sem muita convicção ou interesse, a respeito de uma discussão em andamento, das “vantagens de um suicídio gradual ou simultâneo de todos os homens do mundo”.
E o que faz o quadricentenário indivíduo do futuro em sua vida cotidiana? “Construí esta casa, que é igual a todas as outras, fiz estes móveis e estes utensílios, trabalhei o campo que outros, cuja cara não vi, trabalharão melhor que eu”. Além de jogar xadrez e tocar harpa, disse ter pintado alguns quadros. Deu de presente um deles ao visitante, mas alertou “estão pintados com cores que teus olhos antigos não podem ver.
Falou também das instituições. A imprensa foi abolida “pois tendia a multiplicar vertiginosamente textos desnecessários”, as cidades foram igualmente abolidas. Não há pobreza “que seria insuportável”, nem riqueza, “a forma mais incômoda de vulgaridade”. Cada habitante exerce um ofício. Eudoro perguntou sobre a existência de museus e bibliotecas e ouviu um não. “Queremos esquecer o passado. Cada qual deve produzir por sua própria conta as ciências e as artes de que necessita”. Então, concluiu o viajante, “cada qual deve ser seu próprio Bernard Shaw, seu próprio Jesus Cristo e seu próprio Arquimedes”. O outro anuiu com a cabeça. Quanto aos governos, foram caindo gradualmente em desuso. “Os políticos tiveram que procurar trabalhos honestos; alguns foram bons comediantes ou bons curandeiros”. Com respeito à religião explicou tudo com uma frase: “Há quem pense que é um órgão da divindade para ter consciência do universo, mas ninguém sabe ao certo se tal divindade existe”. Restava falar da técnica e deu o exemplo das viagens espaciais, que foram abandonadas: “Nunca pudemos nos evadir de um aqui e um agora”.
Foi então que se ouviram as batidas na porta. Era uma mulher, chamada Nils, e três homens altos e muito parecidos. “Sabia que esta noite não faltarias”, falou o dono da casa para a mulher. Seguiu-se uma conversa banal e logo começaram a carregar para fora todos os móveis e objetos. Eudoro ficou envergonhado com sua fraqueza. Terminada a tarefa, saíram deixando a porta aberta. Caminharam durante 15 minutos pela neve, quando o visitante avistou um tipo de torre coroada com uma cúpula. Um dos homens falou que era o crematório, “dentro está a câmara letal. Dizem que foi inventada por um filantropo cujo nome, creio, era Adolf Hitler”. Eudoro Acevedo descreveu os momentos finais de seu anfitrião: “Sussurrou umas palavras e antes de entrar no recinto se despediu com um gesto”. Na iminência do amigo virar pó, Nils observou, "a neve continuará".
Nos relatos utópicos tradicionais um viajante encontra por acaso algum paraíso perdido que é sempre local, uma ilha, uma cidade, uma comunidade. No conto de Borges não ocorre assim. O anunciador é abduzido pelo paraíso que é a própria terra no futuro. Para nosso alívio, constatamos que não fomos dizimados pelos apocalipses anunciados. Não sofremos os males definitivos de uma terceira guerra mundial; os ataques da humanidade não foram suficientes para exaurir a terra; não fomos substituídos ou governados por terríveis máquinas inteligentes. Enfim, como Borges bem mostrou no conto, nosso futuro é utópico (será?), não distópico. Em algum ponto não especificado da história, algo como o estalo de Vieira esclareceu a humanidade e revertemos a marcha ao abismo. Karl Marx se daria por satisfeito com o fim do Estado, da propriedade privada, do dinheiro, da desiguadade. A política, o consumismo, as tecnologias diversionistas, males outrora “necessários”, também foram descartados, assim como os adornos inúteis para uma vida confortável, mas sem luxo, quase ascética.
Para o filósofo Gilles Lipovetsky o fim das grandes utopias coletivas abriu as portas para as utopias individuais, transhumanistas, por meio da hibridação do biológico com o tecnológico. É o desejo de superar nossas limitações na saúde, inteligência, velhice. Segundo relato de Eudoro, o futuro que o abduziu resolveu tais questões, preservando intacto o gênero humano, mas aperfeiçoando-o com saúde plena, resistência, força física, inteligência e, principalmente, o maximus somniun da humanidade, vencendo a morte. Este é o ponto, o majestoso portal em que o homem coloca o pé na eternidade e subverte a metafísica. Eternidade sem Deus é um dos temas obsessivos de Jorge Luís Borges. O livro "História da eternidade" de 1953 e o conto "O Imortal" são preciosidades literárias. Neste último lê-se o fantástico relato do antiquário Joseph Cartaphilus, de Esmirna, em sua viagem em busca da fonte da juventude e da cidade dos imortais. No final ele encontra o pequeno arroio e a estranha cidade. Mas o que o impressiona é o estado destes seres eternos assemelhados a trogloditas catatônicos jogados no barro. Entre estes, encontra Homero, sim, o autor épico que há muito tomou da fonte e lhe explica a condição de tais viventes, o desinteresse deles por tudo o que não fosse pensamento:
“Tampouco interessava o próprio destino. O corpo era um submisso animal doméstico e bastava-lhe, cada mês, a esmola de umas horas de sono, de um pouco de água e de restos de carne. Que ninguém nos queira rebaixar a ascetas. Não há prazer mais complexo que o pensamento e a ele nos entregávamos. Às vezes, um estímulo extraordinário nos restituía ao mundo físico. Por exemplo, naquela manhã, o velho prazer elementar da chuva. Esses lapsos eram raríssimos; todos os imortais eram capazes de perfeita quietude; lembro-me de um que jamais vi de pé: um pássaro se aninhava em seu peito”.
Aristóteles concordaria. Ao final e ao cabo de uma vida sem fim, vence a contemplação. A eternidade, nestes termos, é também a chave para interpretação da utopia do homem alto que está cansado. Nem velho nem doente, apenas existencialmente cansado. Os problemas coletivos e individuais foram resolvidos, exceto um: o desgaste de viver no mundo em que “cada ato (e cada pensamento) é o eco de outros que no passado o antecederam e que no futuro o repetirão até a vertigem. Não há coisa que não esteja como que perdida entre infatigáveis espelhos”. A utopia que nos aguarda, pois chegaremos até ela, mostra os seus limites. Os paraísos deste mundo, os júbilos e as grandezas, não resistem a sub specie aeternitatis. “Meu reino não é deste mundo”, respondeu Jesus Cristo a Pilatos. “Meu mundo não é deste reino”, poderia ter falado “alguém” ao visitante, e completado: “conquistamos a eternidade que foi o nosso bem e o nosso mal, não pudemos suportar tanta realidade". Comer o fruto proibido da Árvore da Vida tem seu preço. Mas havia ainda resquícios de um debate público naquela terra de solitários, sobre as "vantagens do suicídio gradual ou simultâneo de todos os homens do mundo". Tal debate não despertava atenção a "alguém", sua decisão estava tomada. O Excesso de utopia teria roçado na mais terrível das distopias? Ou seria o contrário, a plenitude da razão e dignidade do gênero, ao optar pela saída, livrando o restante da criação das inquietações e húbris humanas? Aí sim a realização plena da utopia, o projeto Divino restaurado sem Satã e o homem de barro. O Éden sobre toda a terra esbanjando harmonia e beleza.
Freud, acho, iria gostar ou, pelo menos, não ia achar nada estranho. "O objetivo derradeiro da vida", disse ele na última entrevista, "é a sua própria extinção".