DEUS E A VIGARICE S.A
DEUS E A VIGARICE S.A
Por meio dos seus “ungidos” ele anuncia o caos para depois cobrar “impostos” para restabelecer a ordem.
Quando as “milícias de cristo” se multiplicam, a única certeza que temos é o da exploração do homem pelo homem!
Por Antônio F. Bispo
Todas as vezes que os “sinais dos tempos” se aproximam, os “ungidos do senhor” dobram ou triplicam o faturamento de suas igrejas bem como por meio da “procura espontânea” ou coação psicológica, eles conseguem aumentar significativamente o número dos fieis nesses períodos que repetitivamente se cumprem “as profecias”.
De tempos em tempos, de ciclos em ciclos, “sinais da volta de cristo” acontecem, dobrando o lucro dos que mercantilizam a fé. Como ele apareceu em nenhum desses eventos programados pelos “profetas”, os ungidos contam qualquer lorota para o povo, para desse modo aguardar novos sinais e assim faturar eternamente com uma mesma mentira. Nisso já se vão dois mil anos, sempre adiando a volta de jesus ou reinterpretando tais sinais. Sempre lucrando com essa propaganda enganosa.
Se deus fosse real, seria conclusivo crer que há uma parceria macabra entre ele e seus ungidos e profetas que vivem diariamente a transmitir aos povos, os sintomas do apocalipse, fazendo isso de modo proposital, afim de por meio dessa parceria insana, lucrar com o medo e ignorância do povo.
Fomes, pestes, guerras, terremotos, furacões, enchentes, grandes incêndios ou desavenças familiares existem desde que o mundo é mundo e mesmo antes que o cristianismo, judaísmo ou qualquer outra crença religiosa viesse a existir tais fenômenos já existiam.
Muitos antes que Cristo ou qualquer outro profeta viesse constatar ou predizer tais fatos, eles já eram corriqueiros e vários segmentos científicos ou registros históricos comprovam isso.
As sociedades nãos são estáticas. Elas estão em constante mudança em todos os sentidos. Por outro lado, o planeta também estar em constante mutação e a percepção do caos ou da ordem só depende de que ponto geográfico você estar ou de que modo tu fosses treinado para interpretar tais leituras, pois tais fatos sempre aconteceram e ainda acontecem independente de qualquer credo religioso ou messias agoureiro.
Vulcões em atividades sempre existiram e ainda existem. Chuvas torrenciais, deslizamentos, maremotos ou pandemias também. Nesse vasto globo há fenômenos de todos os tipos acontecendo nesse exato momento em lugares diferentes. Alguns não sabem disso ou não estão lá para constatar, mas nem por isso eles deixam de acontecer.
Nesse exato momento, nesse mesmo planeta há temperaturas que passam dos 70 graus negativos ou que beiram os 60 graus positivos na escala celsius. Em alguns locais desse planeta nesse exato momento uma calmaria paradisíaca, enquanto que em outros locais, ventos devastadores podem estar causando danos diversos em regiões habitadas ou não. Nesse mesmo momento, há gente morrendo e gente nascendo, gente amando-se e gente odiando-se, gente em busca da paz e outros tantos em busca da guerra. Tem sido assim muito antes de qualquer “deus” aparecer exigindo adoração ou de qualquer líder religioso vigarista surgir para cobrar pedágios, prometendo diminuir a ira dos deuses sobre nós.
Se um profeta, seja ele qual for, definir que fenômenos naturais ou humanos que trazem calamidades coletivas sejam os sinais da volta desse ou daquele messias, esse profeta é no mínimo um charlatão ou julga que as pessoas de sua época ou de época vindouras sejam todas burras o suficiente para não perceberem que esses “sinais” são tão repetitivos quanto o sol que todos os dias cruza os céus de um lado ao outro.
Há milhares de anos e desde sempre desordens naturais ou humanas acontecem o tempo todo. O que falta (ou faltava) era gente para reportar tais eventos. Alguns fenômenos não são reportados pois não favorecem em nada as grandes corporações religiosas, comerciais, políticas ou militares dominantes, e outras não são reportadas por que não foram vistas, ou foram averiguadas por pessoas sem conhecimento técnico o suficiente para darem a devida importância ao fato, sendo registrados apenas séculos ou milênios depois do ocorrido por peritos de diferentes áreas do conhecimento humano.
Se deus fosse real, ele seria “o maior picareta de todos os tempos”. Sua igreja seria uma grande organização criminosa. Seus ungidos seriam os gangsters e seu “povo escolhido” seriam meros objetos de exploração por essa rede mentiras, cuja função principal e dar um sentido metafísico para tudo o que é físico, e cobrar pedágio para amenizar a fúria irracional de um deus que diz ser a fonte de todo amor e misericórdia.
Se deus fosse real, ou se fosse pelo menos 10% de tudo aquilo que dizem ser, poderíamos presumir que no mínimo ele seria o patrocinador eterno de vigaristas de todos os tipos, de todas as épocas e de todos os cantos do mundo onde o seu nome, sua marca e sua história é divulgada.
Em todas as corporações humanas, criadas por pessoas “falhas e pecadoras”, por mais precária que esta seja, espera-se que haja um padrão ético, moral ou técnico a ser seguido entre os funcionários da empresa para com os consumidores dos produtos os serviços. O ministério público, a secretaria de vigilância, sanitária, de segurança pública ou qualquer outra de uma sociedade civil organizada costuma impor regras ou punir qualquer empresa que desrespeite o consumidor ou o exponha riscos a sua saúde bem como integridade física ou moral de toda uma sociedade.
Já com a igreja é diferente: cada líder religioso faz o que bem quer, cobra quanto quer, usa e abusa de um suposto poder e autoridade divina, e em nome do senhor, “fazem coisas que até o diabo duvida”.
Uma das maiores prova disso é que as casas do comércio da fé se proliferam como se fossem pragas, na maioria dos casos sem prestar nenhum tipo de serviço útil a sociedade, apenas taxando com pesados tributos todos os “usuários dos serviços divinos”, enquanto proferem mentiras e ameaças psicológicas sobre os mesmos, em nome desse deus irado.
Como se não bastasse a não equivalência de alguns estados entre os impostos cobrados e os serviços prestados ou prestados em péssima qualidade, ainda vem alguns líderes igualmente imprestáveis, cobrar 10% do salário do povo (e mais que isso), para manter longe do povo a ira desse deus que deveria servir justamente para ajudar o povo e não martiriza-los ainda mais.
Só existe um deus irado, onde há um povo abobalhado!
Onde há um povo consciente, deus pouco atua ameaçando alguém, e quando o faz, não amedronta nem um cão sarnento de rua de rua, quanto mais uma população inteira. Onde não há um povo abobalhado, “ungidos” morrem de fome se não trabalharem de forma digna, e coagir um povo a lhes dar dinheiro baseado em fábulas seria motivo de prisão na certa e não de louvor público. As ameaças de deus e de seus ungidos só tem serventia onde a religião e a política andam de mãos dadas corrompendo todos os outros sistemas, ou onde a ignorância prevalece sobre a ciência.
De certa forma, se fosse deus real, e se fosse a igreja sua legal representante aqui na terra, poderíamos dizer que o “modus operandi” divino se assemelha bem a um grande sistema de milícias como as que se alastram nas periferias das grandes cidades, trazendo dessabores diversos aos moradores locais.
As milícias costumam cobrar por serviços que nunca prestaram a população e que os tais normalmente são fornecidos por empresas sérias e legais perante a lei. As milícias não criaram ou mantém em funcionamento tais estruturas, porém mesmo assim se acham no direito de cobrar de cada cidadão uma sobre taxa além das que já são cobradas pelas empresas licenciadas pelo estado.
Sobretaxas sobre os serviços de água, luz, telefone, gás, internet e segurança são os tipos de cobranças que eles mais costumam fazer. Quem se recusa a pagar por tais serviços, poderá punido de diversas formas, inclusive com a morte. Eles são capazes de promover o caos para depois venderem por um alto preço o restabelecimento da ordem. São verdadeiros parasitas que precisam de hospedeiros vivos e funcionalmente ativos para sugarem suas energias, não matando-os de uma vez para que os tais também não morram por inanição, mas mantendo-os preso a si, criam uma falsa sensação de liberdade e proteção.
Agora prestem atenção como se comportam a grande maioria das igrejas e dos “ungidos do senhor”: eles dizem que a dádiva da vida é um dom de deus e que tudo o que você realiza ou consegue de bom é por que deus quis e por isso você deve retribuir a ele indo a uma igreja, louvando o seu nome e acima de tudo contribuindo financeiramente com a “sua obra”.
Se você assim não o fizer, eles, os ungidos, os representantes de deus na terra, irão fazer pronunciamentos da ira de deus sobre ti por não “devolveres a deus” a parte que lhe cabe. Se não der o que eles pedem, eles te denunciam a deus e tu e tua família poderá ser acometido por todos os tipos de enfermidades, tragédias, desgraças naturais da pior espécie e quando tu morrer o inferno será garantida para ti, como paga pela tua “rebeldia” e “ingratidão”.
Nesses termos, você só conseguirá aplacar a ira de deus, adorando-o, dando dinheiro “a ele” e obedecendo cegamente seus ungidos. Se por exemplo, você diz crer nele e faz “tudo o que ele mandou fazer” longe de uma igreja, de forma independente, isso não terá validade alguma para os que os “dono da boca”, antes sim, tu serás considerado um herege e sofrerá as penas de acordo com o local e época que nasceu. A sua benção em vida ou salvação futura só será validada se tu fizeres parte da “milícia do senhor” (alguns se denominam assim abertamente) e ser subserviente aos representantes.
Vejam outro exemplo: se um aluno crente “estudar pra caramba” e passar num vestibular, ele ou seus pais deverá apresentar votos de gratidão a deus ou à sua igreja em forma de culto ou dinheiro para que a benção desse deus se multiplique e a ira dele não recaia sobre ele e seus familiares pelo crime da ingratidão. Você nunca vai ver deus ajudando a passar em um vestibular, um analfabeto ou preguiçoso que por falta de interesse ou de oportunidade não frequente uma escola ou nunca foi bem nos estudos. Você só vai ver “deus” ajudando pessoas esforçadas e determinadas ou que tenham pais igualmente dedicados.
Quando um crente passa por uma cirurgia delicada, ele deve “pagar” na igreja pelos serviços que recebera de deus. Seja com um culto de agradecimento, seja com uma boa quantia em dinheiro, seja aceitando uma função para trabalhar na igreja como voluntário, ou seja, como uma “mula de padre ou pastor para o que der e vier”. O médico que estudou mais de 20 anos seguidos para chegar onde chegou nem será reconhecido ou no máximo será citado levemente como “instrumento para o agir de deus” quando o testemunho for contado! O líder religioso que nada fez, receberá 10% do faturamento daquela pessoa ou família naquele mês e ainda poderá receber por fora uma oferta generosa, dependo do voto que fora feito por que, segundo ele (o ungido), foi ele quem orou e pediu a deus misericórdia sobre o tal enfermo.
Se você é comerciante por exemplo, você sabe o quanto é difícil manter uma empresa legal em pleno funcionamento: folha de pagamento de funcionários, impostos, licenças, família metendo o dedo no negócio, funcionário que faz de tudo para ter ferrar de algum modo, sócio que não corresponde com a obrigação...dái, se você é crente, você é obrigado a dar 10% “de mão beijada” a um sujeito ( em alguns caso um vagabundo e desocupado) só por que ele é o chefe da igreja qual você faz parte senão, ele e deus executarão sobre ti toda a fúria do mundo por infidelidade assim como fez como Ananias e Safira. É mole ou quer mais?
Em seus negócios, se tu vieres a falência na empresa a culpa é sua! Se tiver sucesso p mérito é de deus e do ungido que cuidou de ti!
Ahhhh...vão pra casa do caralho com esse tipo de exploração disfarçada de boas intenções!
Segundo os que defendem tais absurdos e explorações, deus pesa a mão sobre qualquer tipo de ingratidão. Os comerciantes da fé fazem questão de te lembrar disso todos os dias, até por que a fonte de renda deles depende de sua burrice, ganancia ou ignorância. Há várias passagens bíblicas usadas para apoiar esse tipo de crença. Baseado nesse “livro da justiça” eles cobram nome de deus por um serviço que não foi prestador por eles e ainda ameaçam que se recusar a contribuir.
Estando na “casa de deus”, qualquer pessoa que seja ética, respeitosa, talentosa, dinâmica, de boa administração e que por isso conseguiu estabilidade financeira, boa saúde ou paz, esta pessoa não deve nada a ninguém, nem a pastor, nem a padre nem a deus algum. Ela é o que é por que decidiu ser assim, ou por que tem domínio próprio sobre seus impulsos primitivos ou por que tem força de vontade o bastante para chegar onde chegou.
Porém, nesses casos o “ungido do senhor” as convencem que ela só são o que são, e só tem o que tem por que estão ali, naquele recinto, “na casa de deus”, sob os cuidados dele, o ungido, e por isso, “deus” por meio dele, deve receber uma remuneração por esse feito. De preferência uma gratidão eterna que dure enquanto aquela pessoa estiver viva, e mesmo que não tenha mais força para vir a igreja contribuir, ela ou seus familiares devem continuar pagando as taxas pela “proteção” divina. Se o tal crente não o fizer, uma chuva de impropérios e maldições cairá sobre estes, e este conhecerá ainda em vida o “gostinho do inferno”.
Qualquer pessoa que pertencendo a um agrupamento religioso e tendo uma vida prospera se recusar a contribuir alegremente para a “obra de deus”, será duramente hostilizado, pois deus e suas milícias, irão agir de modo brutal para que a rebeldia não se espalhe a fonte de lucro não seja extinta.
Se isso não for um sistema de milícias, eu não sei mais o que poderia ser...
Se realmente é a “santa igreja” ou a “palavra de deus” quem transforma o homem, todas as pessoas que já entrou ou permaneceu em uma igreja, deveriam ser todas elas criaturas honestas, bem comportadas, de bom caráter e boa reputação se é que a igreja, deus ou sua palavra são capazes de transformar quem quer que seja.
No entanto não é isso que podemos constatar. Há pessoas que eram ruins e entraram nesses lugares e hoje estão piores ainda pois, antes eram apenas desonestas, sem caráter ou idiotas. Hoje continuam sendo tudo isso e como se fossem idiotas diplomados, se acham melhores que todas as demais criaturas do planeta que ainda “não tem a jesus” pois saem por aí dizendo que tem a certeza da salvação, anunciando uma grandeza, moralidade, riqueza e sabedoria que não possuem, esfregando sua fé e seu modo de vida hipócrita na cara dos outros, como se fosse uma roupa intima fedida que ninguém precisa nem sequer ver, muito menos cheirar.
Só a religião é capaz de transformar um tolo comum em um tolo com certificação e autorização legal para condenar e perseguir a todos que ainda conseguem manter um pouco de equilíbrio e sanidade.
Essa é a parte 2 do texto: UM DEUS IRADO, UM POVO ABOBALHADO, publicado em 21/1/20.
Texto escrito em 9,2,20- CONTINUA...
*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.