A VIRTUDE DA DISCRIÇÃO
A virtude da discrição
A virtude da discrição na vida do cidadão deve ser pautada pela luz da consciência, através dos comportamentos de ver, ouvir e calar-se, simulacro do juízo personificado. Podemos trancar nosso comportamento como uma chave de marfim, pelo seu segredo e pela sua valiosa consistência.
As circunstâncias que o envolve premei-as as perfeições num triangulo perfeito, equilátero das discrições, formando a moral e o espirito do discreto.
Trago a lembrança da figura de São Pedro com sua chave do Céu, que silenciosamente abre ou fecha conforme aquele que bate no umbral do pórtico.
O segredo da chave, embora visível a sua configuração é hermética podendo parecer uma letra, uma palavra ou um desenho. Sua eficácia estará na medida em que desvendarmos o perfeito significado.
Diz o ditado popular que a palavra é prata porquanto o silêncio é ouro, daí a riqueza da meditação silenciosa em face da palavra mundana. Podemos enxergar tudo que vemos ouvir tudo que falam, mas o silêncio abrange o que vemos e ouvimos no mais fundo da nossa Alma.
O exercício da discrição nos leva a separarmos o Espírito da matéria, através de símbolos diuturnamente à nossa vista, que passa despercebido aos indiscretos. Os Livros Sagrados que compõe a Bíblia, a Torá e o Alcorão são típicos cofres que se abrem com a chave da discrição, pelo discernimento e iniciação gnóstica simbolizada pelo grão de semente que morre e sepultado renasce na planta da vida. A luz iniciática é a mesma do início da Criação contada em Gênesis que clarifica a ignorância em conhecimento, em sapiência, em ciência. Evoluindo mentalmente pela razão e pela emoção, através da filosofia como amor pela sabedoria.
Muito embora o hábito não faça o monge, mas seja imprescindível o monge vestir seu hábito, também o discreto de comportamento não necessite discrição indumentária, pois ele o é por formação de caráter, e não por aparência.
José Francisco Ferraz Luz.