As Hipóteses e Seus Ciclos Complementares

Este ensaio é parte do livro "Minha Obra de Invisíveis Alicerces" ainda não publicado. Dedico a todos meus amigos de caminhada, em especial Kenan, Maiakóvski, Luiz, Rafael, Arthur, Lucas, Rubem e Dalbert.

Hipóteses

Dando prosseguimento ao caráter psicopedagógico das teses, teorias e fundamentos científicos, quero expressar meu desprezo ás normatizações de cunho cientifico atuais. Limitam o caráter incursor que deu origem a tantas obras filosóficas fascinantes, ainda que mal divulgadas, e que naufragaram junto com a diversos conhecimentos deste mundo, principalmente em tempos de guerras.

O que vemos na superfície do conhecimento é como a “ponta do iceberg” do que já foi exposto. Para a maioria, permanecerão veladas algumas informações por questões de segurança. Temos que nos completar, ao invés de simplesmente competir o tempo todo, e até que seja possível aprender isso, enfrentaremos uma torrencial avalanche de saber catalogado. Hoje torço por você para que supere a inércia e passe a anotar e catalogar suas experiências, reflexões e convicções até que consiga formar alguma consciência no futuro e modificar a História da Humanidade de forma positiva e pró-ativa.

As hipóteses surgiram em tempos onde a humanidade imprimia nos dizeres, ainda que diletantes e sofistas, suas formas de comportamentos e compromissos com as leis e costumes. Não eram estritamente verdades ou mentiras, pois essa não era sua preocupação. Não comprimiam a capacidade reflexiva de cada um á normas técnicas, pois o interesse intrínseco era de se comunicar ou propagar o ponto de vista.

O objeto da hipótese é afirmar um ponto subjetivo sobre algo que fora capturado pela sensibilidade humana comum, por isso não há de se distinguir realidade de fatos, pois nada é imutável e as ciências humanas e sociais vivem investigando possibilidades de se adulterar no presente, compreensões dos fatos que ocorreram e foram catalogados, aplicando-lhes um desdém arrogante.

Não há extrassensorialidades em hipóteses, ou se há é mais fácil identificar o caráter subjetivo de tal. Extrassensorialidade é uma capacidade inata, ou seja você precisaria nascer com ela para tê-la, mas poderia aprimorar seus sentidos para algo próximo a esta capacidade. Cada um nasce com um pouco, e em campos distintos. Levamos quase a vida inteira para descobrir nossa capacidade mais apurada. E mesmo quando descobrimos, estamos imersos em conceitos, tabus, mitos de sorte que elaborar algum argumento se torna um desafio constante. Um caminho difícil para quem deseja viver harmoniosamente em sociedade, sem ofender em demasia as pessoas que convivem conosco. Mesmo assim, o mais adequado para nossa espécie é arriscar e argumentar. Criar hipóteses ainda que estejam erradas, mas não se acovardar. Criar ou reelaborar um pensamento ou argumento sempre que possível. Debater quando possível.

Analisando a estrutura dos argumentos, podemos incursar que para cada argumento hipotético, há uma antítese correspondente. O que sustentará a afirmação hipotética é: sua capacidade de vencer a maioria das antíteses (naquele momento pelo menos), com seus argumentos vinculados ou ramificações; e sua capacidade de questionar, em dado momento que uma situação, fenômeno ou fato está acontecendo, ocorreu ou ocorrerá (muito provavelmente).

As hipóteses não carecem de passividade ou aceitação. Qualquer ser desta espécie pode comprovar ou testar hipóteses com base em dados coletados ou mesmo em avaliações subjetivas da veracidade. Isso ocorre quase que automaticamente, principalmente se um determinado indivíduo consegue se defender com argumentativa sólida perante fatos inoportunos, por exemplo.

A antítese (ou contra-argumento) se manifesta claramente como resposta a racionalidade, ainda que utilizada de forma desnecessária ou carregada de vaidade (do tipo, “apenas para não concordar”). Ter em comum com uma hipótese é fenômeno individual e variável. A volatilidade da concordância está na capacidade de discorrer ou discordar de um raciocínio concebido, apenas para aproveitar as nuances dentro das situações e obter uma sensação de vitória (muitas vezes ilusória, ou induzida). É fatalmente identificado como infantilidade, querer ter razão em toda a situação, por exemplo, já que os fatos podem ser interpretados de formas distintas com o passar do tempo, variando também entre indivíduos.

Uma analise minuciosa, ou até mesmo um diagrama de causa e efeito, pode evidenciar que conclusões precipitadas e preconceituosas tendem a vacilar pelo seu caráter prematuro e unilateral. A verdade dos fatos é na maioria dos casos induzida por probabilidades.

É interessante dissertar sobre alguns ortodoxos pontos de vista do anacronismo religioso. Para introduzir essa série de conjecturas, explico as habilidades básicas a serem desenvolvidas pelos humanos, exaltando-se sua utilidade científica: copiar, repetir, testar, refletir, inovar.

Copiar

Todo ser tem habilidades de copiar. Copiamos quase tudo. Se a observação é inerente aos sentidos básicos (ver, ouvir, tocar, cheirar, andar, falar), copiar é a reprodução cognitiva instintiva do ser humano.

Com base no ato de copiar, desenhamos, cantamos, escrevemos, imitamos, encenamos, dançamos, corremos, lutamos, etc. Quase todos os nossos talentos sensoriais foram transferidos através do ato de copiar. As nossas teses e teorias cientificas esbarram na racionalidade, mas nunca se desvencilham das cópias principalmente quando citamos algo que já foi citado em outro tempo por outras pessoas.

Copiar é a mais absoluta expressão cognitiva humana. Fazemos isso adicionando subjetividades. Fazemos isso recorrendo ao “nosso jeito”. Quando contamos algo que ouvimos, novamente copiamos. Usamos o que foi compreendido e decodificado como nossa versão, mesmo consciente de que é uma cópia. Isso nos faz refutar pontos de vista, ainda que não sejam predominantemente verdadeiros ou aceitos pela maioria das pessoas.

Talvez os filósofos antigos basearam-se em teorias pré-formuladas sobre pessoas e coisas de tempos em tempos. E foi mesmo com o avanço da comunicação, sobretudo da escrita, que foram aprimorando as habilidades de copiar técnicas e até mesmo expressões da arte.

Copiar nos permitiu identificar momentos onde usar códigos e símbolos para expressar a mesma situação era a solução mais adequada para transferir. Copiar nos ensinou a ver nas ações das pessoas seus ofícios ou profissões. Copiar nos incentivou a inovar, melhorar o que foi projetado, aperfeiçoar a forma como se faz. Sem copiar as técnicas de sobrevivência, o homo habillis não teria sobrevivido. Copiar é a forma como adquirimos o legado intelectual de outras pessoas. Copiando, aprendemos.

Repetir

Se copiar é uma forma racional humana e instintiva, outra que reproduz os comportamentos de mesma categoria é repetir. Sem a repetição, não conseguiríamos avanços em técnicas de criação. A repetição é a reprodução assistida e evolutiva. Acredita-se que sem repetir sons captados, não se é capaz de reproduzi-los.

Isso explica que aprendemos a ouvir na infância, e após captar os sons e significados, passamos a repeti-los até que sejam compreendidos. A fala, base da comunicação, vem da repetição. Repetir seria a melhor maneira de se ter certeza de que a mensagem fora captada e decodificada da maneira adequada. É o feedback natural entre indivíduos.

Sem repetir, os resultados seriam cada vez mais simplificados, pois o uso da repetição nos ajuda a aprimorar as habilidades envolvidas na criação ou modificação e desenvolver maior criatividade.

Nossa racionalidade é sempre questionada quando pegamos algo para fazer ou problemas a resolver e não sabemos como se comportar ou agir.

Essa sensação de insegurança é reflexo de nossa própria consciência ante ao novo. As novas emoções a serem vividas, ou novas experiências a serem trabalhadas, requerem um nível de habitualidade ou habilidade racional necessária para subsidiar o avanço tecnológico.

A repetição nos permite ver o nível das habilidades, sejam manuais, sinestésicas, sonoras ou musicais, comportamentais, motoras e etc. O ato de repetir, nos permitiu manter os códigos e regras atuais, ou legislações.

Observando um texto bíblico, por exemplo, e sem questionar sua veracidade, podemos inferir que sem repetir a história para seus descendentes, a civilização mesopotâmica antiga não teria obtido sucesso com a reorganização e manutenção de sua cultura. Eles não teriam conseguido guardar seus maiores feitos, práticas e costumes, fundados na Lei de Talião, e isso culminaria á dificuldade de liderar e até mesmo de manter o estado de ordem. A repetição salvou as civilizações em cada uma de suas crises.

Testar

O maior salto cognitivo está em comprovar a tese formada usando o teste. O empirismo filosófico proposto por Immanuel Kant em sua obra filosófica, mostra-nos que sem o testes ou as devidas comprovações práticas, grande parte das hipóteses e ensaios tornam-se perda de tempo.

A maior das validades da aplicação dos conhecimentos, dentro da ética, está na capacidade de poder testar. Somente na fase de testes conseguimos lidar com os erros e acertos identificados e cálculos e previsões de danos e resistência.

Os testes podem delimitar a necessidade de conservação ou alteração da propriedade intelectual, além de aprofundar o conhecimento sobre o que foi desenvolvido. Com os testes, podemos reforçar o que foi desenvolvido e remontar banco de dados úteis sobre o que foi desenvolvido, sobre sua utilidade e coletar informações sobre o comportamento das pessoas que reagiram ao teste.

Apenas na fase de testes se identificam os potenciais prejuízos a serem assumidos em readaptações, reformulações, ou retorno a novas projeções.

O teste é algo que comprova a qualidade do processo ou serviço utilizado. Só com o teste podemos comprovar que o esforço necessário foi aplicado devidamente.

Testes nos fazem aprender melhor principalmente quando retomamos a compreensão do funcionamento das idéias e das coisas. Se conseguíssemos testar nossas idéias, diariamente, poderíamos reduzir uma boa parcela de fracassos, ou corrigir os agentes que potencializam o fracasso.

Refletir

Os avanços com os testes são plenamente reaproveitáveis, e não há como negar. Entretanto, refletir os conceitos e verificar a validade racional da situação e observar-se em cada comportamento ou resposta é mais que uma interessante lição de sobriedade.

Agir impulsivamente, ainda que bem sucedido e não refletir o que foi feito, é ignorar um potencial racional que a incrível consciência humana tem. A reflexão nos permite realizar a maior viagem no tempo quando permite reconstruir os fatos e ações, além de alterar um pouco da noção objetiva do que se é possível ver ou lembrar. Mesmo com as tendências voláteis do pensamento humano ante a observação e interpretação de fatos, a presunção pode obstruir grande parte da reflexão, assim como a emoção, o trauma, fobias, preconceitos e outras formas anticonceptivas ou bloqueadoras.

A reflexão amplifica e reforça a necessidade do autoconhecimento ou do conhecimento aprofundado das razões e das conseqüências, completa ou parcialmente.

Com a reflexão, haverá uma melhor noção do que poderia ter sido feito. Assim podemos dizer que a reflexão convida o individuo a alterar a sua forma de visualizar o contexto, ou programar novas ações que possam motivar a existência.

Inovar

O maior salto cognitivo está em comprovar a tese formada usando o teste. Se com os testes podemos reconhecer os problemas envolvidos e substancialmente necessários para aperfeiçoar o que está em questão, ou seja quaisquer propriedades intelectuais concretas ou abstratas.

A partir dos testes realizados e comprovada a eficiência, pode-se pesquisar sobre saídas e modificações numa avaliação sistêmica da situação.

Entende-se que num sistema os inputs e outputs são constantes e pode ou não haver uma retroalimentação de informações nesses momentos. Prever essas retroalimentações ou compreender o que cada um destes dados significam para o sistema pode alterar o metabolismo do próprio sistema como um todo e causar uma melhor compreensão dos feedbacks a serem estudados.

O fato pode ser comprovado ao analisar-se que nos testes foram verificados alguns vícios. Tendo sido enumerados tais vícios, basta aplicar diagramas de Ishikawa (espinha de peixe) para apontar as possíveis razoes que levaram a ocorrência do problema.

Com base nestas coletas de informações, o pesquisador ou analista pode inferir que os testes provocam reações bifurcadas: ou atestam as razoes da eficiência, ou identificam ineficiências sistêmicas que comprovam a necessidade de aperfeiçoamento das idéias.

O aperfeiçoamento é definido como inovação. A inovação pode ser provocada dessa e de outra forma mais distinta. Com a aplicação dos dados e disponibilidade de vários testes, são verificados alguns erros no sistema. Se os erros são coletados em forma de relatórios, os desenvolvedores poderão obter informações que vão subsidiar novas modificações no produto.

Segundo a avaliação sistêmica da Administração, os sistemas podem interagir com outros sistemas externos, usando dados e transmitindo informações através de inputs, outputs e feedbacks (como se pode ver na História e Origem da Internet, por exemplo). Se partirmos dessa premissa, pode-se inferir que a humanidade recorre a inovação em novos inputs ou após feedbacks que geram efeitos sensitivos cada vez mais dissonantes. Para manter o funcionamento de um sistema, novas adequações e inputs serão projetados e o sistema será reformado com base nestes, gerando consecutivamente, os outputs correlatos.

A inovação pode tornar a transformação metamórfica destes sistemas algo desafiador quando se propõe a aperfeiçoar o sistema em si.

A inovação pode subsidiar o gerenciamento de um novo padrão a ser seguido. Pode motivar pessoas a hipóteses e propósitos novos; difundir e iniciar um novo processo de competitividade, quando dispõe de novos desafios a outros expectadores. Pode identificar momentos de mudanças e reflexões sobre os comportamentos presentes.

A filosofia que norteia a inovação, a meu ver, está geneticamente interligada com nossa estrutura nuclear do DNA, de forma espiralada e ligando o que já fomos, num passado bem próximo, ao que desejamos ou almejamos vir a ser, num possível futuro (se é que haverá um).

O destino da inovação é aperfeiçoar ou reformar. O teste de uma implementação é conseqüência da própria inovação em si. Já desenhando um cenário melhor e tendo foco em objetivos específicos, traçar a trajetória e modelar com engenhosidade qual passo a ser tomado é um comportamento naturalmente ligado a nossa forma de viver. Fazemos isso o tempo todo. Sempre testando o que foi transformado por nós mesmos para aumentar o tempo de duração daquela inovação e fazê-la perdurar o maior tempo possível.

Sem a comunicação fluente, qualquer inovação, por mais simples que seja, está fadada a se tornar obsoleta (até que ocorra um novo evento que exija participação e atenção de mais pessoas). A obsolescência de uma informação está no nível da complexidade e carência que esta representa para o mundo. Nem toda informação é útil ou proativamente capaz de se auto-sustentará por muito tempo. A evolução pressupõe que haverá mais inovação sempre.

Após formar a consciência sobre as hipóteses, quero convidá-lo a montar uma hipótese: sobre a construção do Universo como um todo e sua expansão decorrer das Eras, bem como cada uma das modificações que este mundo sofreu (natural ou pela interferência da humanidade), e as pessoas e evoluções que ocorrem no presente e cujas projeções ainda demonstram efeitos colaterais significativos (sobretudo os associados ao nosso consumismo pretório).

O mundo continua “palco” de todas as cenas históricas recontadas pelos esforços do nosso conhecimento observando a História, e estórias (mitos) que você já deve ter ouvido e conhece. Tudo o que já ocorreu, e que ainda pode estar ocorrendo, aqui transforma ou transmuta-se conforme a interferência de cada ser, seja microbiológico ou mesmo os maiores mamíferos. Nada do que existe no presente é supremamente novo, já que os resultados tecnológicos são produto de ingredientes químicos de origem natural (orgânica ou inorgânica) em alterações físicas e biológicas ministradas pela intenção e objetivo humano. Neste e em muitos outros pontos, o francês e pai da química moderna, Antoine Lavousier, estava correto principalmente quando dizia que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. De fato, nada é criado, já que a hipótese e curiosidade humana aguçam conforme nossos objetivos e ambições de descobrir e desenvolver, aperfeiçoando e transformando matéria em objeto e objeto em poder. Tudo já estava aqui, com todas as possibilidades de transformação á disposição de cada ser vivo.

Glaussim
Enviado por Glaussim em 30/01/2020
Reeditado em 15/06/2020
Código do texto: T6854008
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