UM DEUS IRADO, UM POVO ABOBALHADO!

Por não prestar atenção aos movimentos do ventríloquo, a plateia acreditava que o boneco tinha vida própria...

*Por Antônio F. Bispo

Quase todos nós na grande maioria dos casos gostamos de ser enganados ou de fazermos da ilusão passageira uma forma de diversão. A exemplo do cinema, de shows de ilusionismos, de livros de ficção ou de qualquer um outro recurso que estejamos cientes de que se trata de uma fantasia ou de um mundo alusivo onde a arte imita a vida, vivenciar tais experiencias é ao mesmo tempo um fenômeno recreativo quanto enriquecedor.

Alguns de nós, devido ao peso cultural, dependendo do lugar onde nascermos ou de onde fomos criados, teremos pouca ou nenhuma escolha de abandonarmos sem risco de morte, as ilusões coletivas que a nós nos fora imposta desde cedo. Então pelo bem da própria vida, muitos irão fingir crer no que é ensinado até o limite suportável ou até quando um número grande de “hereges” renuncie a própria existência, sacrificando a própria vida pela liberdade de milhares de outras pessoas do presente ou do porvir.

Outros porém, enganados pela propaganda enganosa de vida fácil e próspera com cristo, da ilusão de superioridade racial (povo escolhido) ou de que terão um deus particular, como se fosse um servo exclusivo deles para usá-lo como bem entender, os tais juntar-se-ão a outros que por anos à fio realizaram todos os tipos de “simpatia de crente” ou consumiram todos os tipos de bugigangas ungidas produzidas pela igreja para serem abençoados e mesmo assim, suas vidas em nada mudou ou ficou ainda pior.

Alguns entre estes, de livre e espontânea vontade pagam para serem enganados por certos “ungidos” e como se fossem masoquistas (ou submissas), estes vivem à procura de mensagens ou de pessoas que usando um “livro sagrado” como base, as façam sentir-se, miseráveis, indignas, desprezíveis, pecadoras e objetos da raiva de um deus medonho que fica irado com a sua própria criação a ponto de afogá-la em um dilúvio ou de enviar pragas sem limites para castigar e dizimar tanto o justos quanto o pecadores.

“Me bata, me xinga, me espanca, me cospe, me explora, me humilha e depois de tudo diga que me ama em cristo e que estar preocupado com a minha salvação...”

Essa parece ser a mensagem não dita de alguns liderados para com os seus líderes, que após sofrerem abertamente todos os tipos de extorsão financeira ou moral, ainda continuam a bajular e defender os seus carrascos, quais dizendo proclamar o sagrado, profanam todos os tipos de relações, reduzindo criaturas inteligentes a um estado de ameba que operam apenas em 3 funções: modo crer (no que se é pregado) ; modo obedecer (as lideranças sem questionar) e modo repudiar (tudo quantos as lideranças ordenar ou classificar como oposição).

Como se fossem conjugues que já se habituaram a viver em relacionamentos abusivos com medo de enfrentarem um futuro incerto, ou por se acharem fracos e incompetentes o bastante para tocarem a própria vida, os tais abrem mão da própria existência e liberdade para viverem sendo massacrados, explorados, humilhados e manipulados por muitos que se dizem mensageiros da verdade.

Vivendo uma paranoia coletiva, apregoam a todo tempo aos “pecadores” mensagens auto anulatórias sobre a própria fé, sem notarem o mínimo de contradição entre aquilo que vivem, o que pregam ou com o que dizem a respeito do próprio “deus santo”, reduzindo-o em certas ocasiões uma grande entidade maligna quando narram e comemoram os atos de atrocidades cometidas por esse “ser de luz” como se fosse um ato de bondade ou justiça realizado por ele no momento da sua fúria descomunal..

Os que vendem a culpa, a miséria e a desgraça como sendo a mensagem da salvação, anunciando o tempo inteiro a imagem desse deus irado, também se encarregam em apontar ao povo (masoquista) uma solução, uma redenção ou um aprisco futuro adquirido por meio de uma confissão pública de uma crença (sincrética), de uma submissão cega a uma hierarquia religiosa e de contribuições financeiras periódicas ou incessantes para sustentar a obra daquele qual dizem ser capaz de promover o caos ou a ordem ao seu bel prazer com quem ou com quantos ele quiser.

Como se fossem vigaristas andantes e errantes da idade média, muitos desses “ungidos” lucram vendendo a cura para uma doença que eles mesmo causaram, sendo reconhecido por muitos como heróis e benfeitores do povo. Do povo iludido que não percebem que estes mensageiros são os principais causadores dos males que tanto julgam combater.

Como se fossem crianças bobas numa plateia, eles nunca percebem que o ventríloquo é quem fala pelo boneco e não o boneco com o ventríloquo. Mas algumas dessas tolas crianças sempre pensarão que o boneco tem vida própria e que é capaz inclusive de dar ordens ao seu criador.

Alguns desses homens “usam a deus” como se fosse o boneco e eles o ventríloquo, falando em nome dele, e por ele, e a plateia não vendo as cordas nem a boca do ventríloquo mexendo logo dizem: “ohhh! deus estar falando conosco, aleluias! E para cada novo espetáculo, o ventríloquo prepara seus textos, ensaia bastante e para fazer com que o boneco pareça ser mais autônomo, independente e independente possível, fazendo inclusive a plateia crer que é capaz de decidir até o futuro de uma nação ou de um planeta inteiro...

A hipnose é geral, mas a plateia não percebe e diz: FALA MAIS PAPAI, SOMOS TEUS SERVOS! A plateia não sabe quem estar usando e quem estar sendo usado e confunde os papéis, até por que, nas mãos desses homens, qualquer um (ou todos) pode se tornar num passe de mágica o próximo boneco de ventríloquo que será usado nos mais diversos dons, profecias e ministérios para a “obra de deus”. Na antiga china se dizia que quando o discípulo estar pronto o mestre aparece. Em outros locais se dirá que quando a ignorância e a ganancia for considera uma virtude entre o povo, logo um ventríloquo e sua trupe ali surgirá!

Somente por meio de estudos diversos, aprofundados e independentes, bem como por meio do uso da lógica e da razão ou por fortes decepções, alguns indivíduos conseguirão se libertar da plateia iludida e perceber quem em 99% dos casos é o ventríloquo quem fala em nome do boneco, que o boneco não tem vida própria e que é o seu manipulador que põe a fala em sua boca para depois fingir que se submete a essa mesma fala.

Após esse ato, nem o ventríloquo nem o seu boneco falante tem influência alguma sobre as percepções de sujeito que se desprendeu das amarras do sistema. O máximo que o ilusionista poderá fazer é colocar toda a plateia de dormentes contra estes que se libertaram, demonizando-os, ou fazendo parecer malditas todas as suas ações, suas ideias e tudo quanto este vier se relacionar. Fora isso, nada poderá fazer um domador (de burros) contra um gatinho que descobriu ser um leão.

As pragas, as maldições, as mandigas, as pregações direcionadas desse ventríloquo que perdera mais um boneco poderá abalar a sanidade ou a paz de um recém liberto desse show de horrores, com mensagens repetitivas, de tragédias e com prenúncios de agouros.

Alguns desses outros bonecos de ventríloquo se julgam libertos e com vida própria só por que tiveram suas cordas cortadas, mas ao abrirem a boca percebem-se que não estão falando a verdade pois seus narizes crescem e se deixam conduzir por raposas matreiras que vendo a ingenuidade daqueles que se julgam libertos sem fazer uso do coração e do cérebro, abandonarão seus estudos para se juntarem aos grupos dos preguiçosos e fanfarrões, tornando-se burros ao logo ao deixarem de ser bonecos...

CONTINUA....

Texto escrito em 23/1/20

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 23/01/2020
Código do texto: T6849115
Classificação de conteúdo: seguro