Lúcifer e a Dualidade

Para a atual condição neste plano, eu acredito estarmos mais próximo de Deus quando temos dúvidas do que quando temos todas as certezas e achamos que sabemos tudo de tudo. Parafraseando Sócrates, a única certeza absoluta que tenho, é que nada sei diante dessa imensidão fantástica. É fundamentado nessas premissas que estou publicando esse artigo que é uma visão do que chamamos de mal, bem diferente de tudo o que a maioria das religiões acredita. Adianto que não há aqui, em hipótese alguma, nenhuma tentativa ou intenção de se defender Lúcifer ou sancionar seus supostos atos. Simplesmente é uma perspectiva sobre o que está por trás do que mitologicamente Lúcifer faz no Universo que, uma vez compreendido, pode nos mostrar uma possibilidade de transcender o bem e o mal a procura de uma unidade absoluta com o nosso ser supremo. Será impossível acabar com a dualidade enquanto permanecermos apenas na consciência do bem e do mal. Precisamos transcendê-la e adquirir uma nova e superior consciência. No entanto como conseguir isso em um mundo material regido por essa dualidade, onde julgamos tudo a nossa volta?

Para isso teríamos que deixar de julgar.

Ao julgarmos os acontecimentos da vida, nós os fortalecemos tanto como bons, quanto como maus e isso vai determinar o curso da nossa vida. Para transcender essa postura precisaríamos transmutar essa polaridade. Para isso, essa mudança precisa vir de alguma forma do nosso não julgamento deste mundo, pois é no julgamento que decidimos que algo é bom ou ruim. Essa é a fundamentação do bem e do mal, e de toda a dualidade. Mas como fazer isso? Teríamos que evoluir a um estágio que fosse possível considerar todos os mundos do universo e seus acontecimentos como um todo, completo e perfeito, sabendo que o plano cósmico está sendo encaminhado exatamente conforme o direcionamento planejado pelo Criador.

O termo “a rebelião de Lúcifer” carrega um estigma que tem perseguido a humanidade ha milênios. Muitos de nós, especialmente os cristãos, acreditam que Lúcifer sempre foi o causador de todo o mal e trevas que envolvem o mundo. Acreditamos que Lúcifer fez uma rebelião, imaginando que ele de algum modo estaria contra o plano cósmico universal. No entanto, a consciência de unidade deveria considerar o trabalho de Lúcifer sob um prisma ligeiramente diferente. O seu trabalho não deveria ser visto como uma rebelião e sim como uma maneira para implementar determinados parâmetros da vida. A intenção maior do Criador no início do experimento de Lúcifer pode ter sido a de que os humanos vivenciassem o livre arbítrio. Mas o que é o livre arbítrio, senão ter todas as possibilidades, tanto boas quanto más? Do ponto de vista bíblico nos foi dado permissão para tudo, e que aprenderíamos a discriminação para o bem.

No entanto, como poderia haver o livre-arbítrio a não ser que a consciência criasse o formato para esse modo de ser? Não estou dizendo que Lúcifer criou o livre-arbítrio, e sim que pode ter sido por meio dele, de suas ações e decisões que ele foi posto em prática. Ou seja, a Consciência maior criou Lúcifer para que pudéssemos experimentar o livre-arbítrio. Antes de Lúcifer, provavelmente, essa consciência para nós não existia. Toda a existência acontecia de uma única forma de acordo com o DNA cósmico do Criador. Não havia alternativas ou desvios, e o livre arbítrio era apenas um potencial que um dia poderia ser experimentado, e isso pode ter nos sido dado por Ele através de Lúcifer.

Para iniciar esse processo, Deus escolheu uma consciência acima da consciência humana: os anjos. Mais especificamente Lúcifer e Miguel.

Entre dois irmãos, a batalha entre o bem e o mal começou. Uma batalha de morte, muito embora nenhum dos dois pudesse morrer. Essa batalha tinha que acontecer, pois era vontade Dele. Em nome de todo o universo, Miguel comanda e apoia o lado da luz e do bem, e Lúcifer o lado das trevas e do mal. A partir daí, sob os desígnios do Criador uma nova consciência passa a ser vivenciada.

Parece obvio que nada foi criado sem uma intenção. Não se tratou de um erro; na verdade não poderia haver erros nos desígnios de um ser Onipotente, Onisciente e Onipresente.

Conforme a bíblia, dentre todos os anjos, Lúcifer era o mais perfeito que Deus criara. O significado do nome que Deus lhe deu é “o brilhante e resplandecente”, e, em sendo assim, como podemos imaginar que o Criador pudesse ter cometido um erro?

De acordo com a natureza humana, geralmente consideramos nossos heróis, aqueles que imaginamos que estão ou estiveram acima de nós. Aqueles que abriram caminhos e criaram conceitos, ou revolucionaram o mundo com suas ideias e criações, são os que queremos ser ou superar e acabam moldando grande parte do nosso comportamento. Fundamentado no conceito de; “O que está em cima é como o que está embaixo”, o mesmo pode ter acontecido com Lúcifer. Ele queria ser como seus heróis, no entanto não havia ninguém superior a ele no seu reino. Ele era o maior arcanjo que Deus criara. Não houve nada maior que ele a não ser o próprio Deus. Assim Lúcifer fez uma coisa muito natural que, naturalmente, estava previsto. Ele quis ser tão grande quanto seu criador. Na verdade, ele quis ser Deus. Não há nada de errado em entrar em comunhão com Deus, na verdade acredito que é o que Ele espera de todos nós, mas não era exatamente isso que Lúcifer queria. Ele quis ser o próprio Deus. Na verdade, ele quis ser maior que Deus, ou seja; superar o seu herói.

Lúcifer foi o mais perfeito e inteligente anjo criado por Deus. Ele sabia como o Universo foi criado. No entanto, para conseguir seu intento, ser maior que Deus, ele sabia que precisava se separar do Criador. Enquanto permanecesse parte Dele, não poderia suplantá-lo. Então, (e evidentemente Deus já o sabia, estava nos seus planos quando o criou) Lúcifer deu inicio a um grande experimento com o intuito de conseguir uma maneira diferente, de como Deus fizera a Criação original, e assim tentar suplantar seu Criador.

Lúcifer, então, cortou os laços de amor com Deus separando-se do campo Divino e criando um campo, não mais fundamentado neste amor, dando inicio à grande batalha entre a luz e as trevas, o bem e o mal, enfim: a dualidade, que, ao que parece, necessitamos transcendê-la para um dia, voltarmos ao uno, unirmo-nos ao Criador.

(Francisco de Assis Góis)

Bibliografia: O Antigo Segredo da Flor da Vida – Drunvalo Melckizedek

ChicoDeGois
Enviado por ChicoDeGois em 18/01/2020
Reeditado em 19/01/2020
Código do texto: T6844692
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.