QUEM PODEMOS CHAMAR DE PRÓXIMOS?

Pessoas que não temos laços de sangue às vezes são tanto mais familiares e próximas de nós através da demonstração de consideração, acolhimento e afeto, do que aqueles que consideramos como pertencentes a nossa própria família.

É por essa razão que um único amigo que é íntegro para nos demonstrar a verdade do seu ser, que persevera para se dedicar na manutenção de um vínculo fraterno e que nos estima sobremaneira, é infinitamente mais precioso do que essas milhares de amizades que descambam para uma consideração de fachada, do que tantas convivências impregnadas pelas pragas do convencionalismo e do espírito do politicamente correto, do que os nossos vínculos parentais mais superficiais e do que as demais relações com outras vidas humanas que nem sequer temos o trabalho de conhecê-las na sua profundidade, pureza e verdade.

De fato, é muito fácil chamarmos certas pessoas de irmãos e outras de pai como se merecessem tal nomeação ou como se fossem os melhores e os mais íntimos de nossas vidas. E também é fácil chamarmos superficialmente ("falar da boa pra fora") milhares de indivíduos como se fossem nossos familiares.

Do mesmo modo acontece com as nossas relações chamadas, às vezes erroneamente, de amizade. Pois se torna muito superficial ostentarmos uma quantidade incomensurável de amigos como se fossem as pessoas mais importantes de nossas vidas.

O difícil mesmo é podermos admitir com toda sinceridade de nosso coração e agudeza de nosso espírito quem são realmente aqueles que estão do nosso lado; e quem verdadeiramente presta atenção nas lágrimas que derramamos, nas dificuldades que enfrentamos, no saber que trazemos em nossas narrativas pessoais e nas alegrias que dsfrutamos com o suor de nossos rostos.

O maior desafio continua sendo e sempre será, portanto, encontrar em nosso camimho alguém que nos valorize e nos ame somente pelo que somos, alguem que de nós nunca espera nada em troca, em vez daqueles que só se aproximam do seu semelhante pelo que ele representa social e economicamente ou pelo que ele pode oferecer de benefícios, sejam eles financeiros ou materiais.