Curso de Filosofia da Vida prática - parte 15

Há quem discorde de colocações como estas. A verdade não é acessível a quem fecha os olhos e o coração para a sua predominância. Se o objetivo primordial de alguém não é a busca da verdade, mas simplesmente viver a vida ela, a verdade, passará despercebida ou entremostrar-se-á aqui e acolá, em situações aonde seu reconhecimento seja forçado e essencial a não extinção da vida do ser. Não se consegue viver sem a verdade; ela jamais poderá ser ludibriada. As ilusões fazem parte do existir até o ponto em que a verdade não se torne necessária ao crescimento. O ditado: “se não for pelo amor vai ser pela dor” expressa essa questão. Quando procuramos trilhar caminhos que têm por destino o encontro com a verdade ou parte dela, a vida toma outro sentido. Isto porque, ao observarmos o mundo percebemos, em sua história, o anseio do homem por paz de espírito.

Vemos como é complicado conciliar os anseios presentes na alma dominada pelas imposições do meio físico. As crenças e as ideias de desenvolvimento passam a ser muito pessoais e é isto que acaba confundindo a mente de muitos e os deixam perdidos. Busca-se o equilíbrio e o que se vê são imposições repletas de promessas futuras de elevar o patamar da felicidade pessoal; tanto no campo material como no espiritual da vida.

No entanto percebe-se na vida de seres humanos especiais que eles se identificaram plenamente com a verdade. Isto dá ânimo e faz aumentar a certeza de que é possível mudar de vida. Não há crescimento sem haver mudanças. O objetivo primordial de religiões, seitas, instituições sérias ligadas ao desenvolvimento humano é sugerir mudanças no modo de vida que farão a diferença. Quando se desenvolve a inteligência para um determinado fim, o subconsciente passa a trabalhar direcionado ao objetivo. Compreendendo-se que o objetivo primordial da vida é a melhora do mundo como um todo e que o bem estar de um é o bem estar de todos, só esta intenção já traz para junto do bem feitor uma miríade de seres invisíveis que trabalharão com ele até que o alvo seja alcançado. São essas ações que fazem a diferença no mundo.

O planeta passou por fases que os colocaram muito próximo da destruição total, da sua extinção. Se há um conflito entre o bem e o mal ele está na mente do próprio homem que vê o mal. A difusão da ideia original de quem criou o universo é que tem feito a diferença entre o inferno e o paraíso presentes na mente humana. Não pode haver conflitos de forma alguma entre as forças do bem e as forças do mal dentro de um mundo paradisíaco. Isto não faz sentido. A compreensão desse ponto fundamental é que vai fazer a diferença no futuro da evolução do nosso planeta.

Todos possuem uma mente que induz ao raciocínio e às conclusões. A mente é fato, o raciocínio é-lhe inerente; ele é produto do processo pensante. Porém, as conclusões são pessoais e induzem a acertos e erros. Quando eu penso diferentemente do meu semelhante estou abrindo um canal de discussões que remeterão forçosamente a um resultado. Pode surgir daí consequências múltiplas, desde as mais insignificantes até ações cruentas como o conflito e a guerra. Lidar com esses resultados faz toda a diferença para a aquisição ou não da harmonia. Quando se consegue enxergar um ao outro como irmão aliado para a melhora do mundo ao invés de um oponente, a paz começa a se instalar. Parece que a ambição não refreada, a sede por ganhos materiais, a insaciabilidade por coisas efêmeras é que é a prioridade na vida. E a maioria dos confrontos e das tragédias humanas tem ou tiveram origem na disputa por essas posses.

O homem persegue a satisfação do seu eu menor em detrimento da evolução do espírito porque acredita no mal, vê o mal e quer se proteger contra ele. Se admitimos um criador da vida e ao mesmo tempo admitimos que neste mundo pode existir algo que não seja bom para o crescimento e a felicidade do ser humano então é preciso rever as próprias crenças e repensar a vida.

Deus não pode ser questionado porque Ele é tudo que representa o auge da sabedoria. Se o homem buscar com sinceridade essa sabedoria ele passará a entender Deus. Achar que desejar o bem para si é sacrificar o bem do outro já é dar o primeiro passo para a entrada do mal; nesse caso ele passa a existir. Por isso uns sofrem mais, outros menos e há aqueles que praticamente não passam pelo sofrimento ou não o reconhecem como tal. A busca constante pelo prazer, aquele que satisfaz o anseio dos sentidos físicos, vai sempre deixar algum vazio porque o homem superior que habita no fundo do subconsciente segue insatisfeito e sedento pela evolução verdadeira. Os anos da vida de uma pessoa não determinam necessariamente a sua felicidade. Há inúmeros exemplos que mostram isto. Praticaram o mal durante quase toda a existência e alcançaram, ainda assim, incrível longevidade. Isto está em consonância com a verdade, de que o homem não é corpo físico, pregada por inúmeras religiões. O espírito é eterno; cem anos na vida de uma pessoa podem representar uma oportunidade a mais de resgatar o que precisa ser resgatado ou o desfrute de um lastro de tempo maior a fim de proporcionar, aos outros, sabedoria e luz para as suas vidas. Tudo vai depender do estado em que se encontra o mundo.

Pensar na vida em termos de oitenta ou cem anos já é colocar um limite à existência. Pensando em termos limitados a própria vida passa a ter um limite e isto vai refletir nas ações, nos planos e, consequentemente, no próprio destino. A mente ampla, aquela que procura enxergar mais além do simplesmente palpável, do mensurável e do ilusoriamente existente tem muito mais probabilidade de alcançar a sabedoria e de proporcionar ao seu detentor um conhecimento extra extremamente útil para o dia a dia. Tudo precisa ter um fim, um propósito definido. Há a possibilidade de se chegar a esse conhecimento através do estudo e das pesquisas. Porém, viver constitui estar dentro de uma rotina a qual não precisa manter-se necessariamente ligada ao mundo físico as vinte e quatro horas do dia.

Meditar é manter contato, através da intuição, utilizando o subconsciente, com as ondas sutis do mundo invisível. Vivemos rodeados de sensações advindas do constante mergulho na vida prática. Ela é essencial ao crescimento material e à estabilidade. Contudo, se não tomarmos cuidado seremos influenciados pelo consciente coletivo das sugestões e isto é um entrave para o desenvolvimento do homem como um ser dual, formado não somente de corpo material, mas também de espírito.

Se o homem é espírito antes de ser corpo material todas as coisas deveriam advir ao espírito em primeiro lugar. Então concluímos que estamos vivendo a vida erradamente. Não seria essa a causa de todos os conflitos que há no mundo? Quase todas as ciências veem o homem como um ser somático, que nasce, se desenvolve, adoece e morre. É lógico que, olhando pelo prisma dos cinco sentidos é isso mesmo que acontece. O que tenta mostrar a ciência espiritual é que o homem é diferenciado de todos os outros seres do planeta, não por possuir simplesmente o raciocínio e sim até aonde esse raciocínio pode levá-lo.

Considerando isto, é imprudente valorizar em demasia os aspectos exteriores do homem porque eles são efêmeros em comparação com a eternidade da vida espiritual. A cultura espiritual do Japão, por exemplo, considera o fenômeno morte como ‘vir para nascer’, ou seja, eles analisam olhando do mundo espiritual para cá. Se pensarmos ou falarmos em morte como desaparecimento, como geralmente se fala na cultura ocidental, isto vai induzir a uma análise superficial do ser humano, o que é lamentável para a sua própria evolução.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 22/12/2019
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